Imagem por I.A. Ilustração Satírica de René Descartes. |
2. No programa Studiositas, Padre Paulo Ricardo expõe uma preocupação importante, qual seja, tornar a dúvida em ferramenta para destruir a própria realidade. Vilém Flusser (1920-1991), pensador mais contemporâneo da modernidade, trouxe alguma luz acerca dessa questão em “O Mundo Codificado”, que tem uma aplicação no artigo a seguir: Premissas Divertidas; Decorrências Nefastas (Enquirídio).
3. Como dito em Investigação Cartesiana I, se instrumentalizam a dúvida para negarem a realidade ou duvidarem se bebês são ou não seres vivos (que é tão somente negar a vida), logo não mais existirão, uma vez que abandonaram a faculdade de pensar ao assumirem uma condição bestial — que é a que Descartes condena!
4. Acontece que a dúvida de Descarte, na ciência, torna-se ao verdadeiro pesquisador uma maneira de constatar se algo procede ou se tende a falhar. Se um cientista diz que duvidou da existência da formiga, mesmo ela estando ali, picando sua bunda, então ele não passa de um tolo — o que não é difícil de verificar nas universidades atualmente.
5. Mas o que é ciência? Certamente há quem a faça de maneira correta, embora seja inegável a quantidade absurda de psicopatas que utilizam de probabilidades e estatísticas altamente falseáveis para afirmarem que não existe verdade e tudo é relativo, criando hipóteses impostas àqueles que, sem aderirem, não recebem o diploma.
6. Mas isto foi explicado nas Instruções ao Pensador V, através do poder dos pactos, que é uma convenção, que por sua vez não precisa abordar a verdade, portanto, imoral e inteiramente mentirosa, igualmente quem promove uma certeza na ciência sem dar prova desta, o que não é próprio para buscar Deus, apesar de alguns ali encontrarem Ele.
7. Se Olavo de Carvalho (1947-2022) diz que “a verdade só existe na intuição da realidade concreta e viva por um ser humano concreto e vivo, no memento em que essa intuição acontece”, certamente sua inclinação filosófica é a respeito daqueles que negam a verdade e a realidade por hipóteses que não existem nem teriam condições de existir.
Para conhecer Deus, acaso não se tem no uso da razão um modo de conhecê-Lo? Ou sola fide basta para tanto?8. Ademais, cuidado com a palavra “intuição”, que tem por significado “conhecimento da verdade sem auxílio do raciocínio”, assim como “pressentimento” e “entendimento independente de um conhecimento empírico”. Para conhecer Deus, acaso não se tem no uso da razão um modo de conhecê-Lo? Ou sola fide basta para tanto?
9. Neste ponto, razão é o meio pelo qual alguém é “capaz de compreender a ordem das coisas estabelecidas pelo Criador.” (CIC 1704). Se Descartes é julgado por sua biografia é porque ele não deu prova de fé católica na tentativa de evidenciar a existência de Deus, o que é fato, pois só Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida — e o assunto continua... Para referenciar esta postagem: ROCHA, Pedro. Investigação Cartesiana IV. Enquirídio. Maceió, 31 jul. 2024. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/07/investigacao-cartesiana-iv.html.
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