17.10.22

A Mente Revolucionária

Revolução por si só não significa nada para além daquilo que tem por condição, ou seja, depende sempre de um adjetivo que consiga traduzir seu objetivo teórico ou prático. Nesse sentido, pensar na mente do revolucionário é sempre um enorme desafio, como se perceberá na tentativa adiante de explicar o problema.
Ricardo I em Marcha para Jerusalém
Autor Desconhecido. Lenin se Dirigindo à Multidão em 1917.
1. Como se dá um pensamento revolucionário? Primeiramente pela total dominação dos sentimentos por uma vontade irracional de mudança, mas não por vontade pessoal ou visando apenas si mesmo, mas das coisas alheias que não são compatíveis com aquilo que o ser imagina nos limites do próprio conhecimento.

2. Os revolucionários buscam nos sentimentos, arrodeando sempre a racionalidade, maneiras de subverterem a realidade na expectativa de um conforto psíquico que não represente uma agressão pela ausência das virtudes, que não conseguem assimilar e praticar, gerando um paradigma ficcional efêmero que colapsa na mudança do estado emocional do sujeito.

3. Justo por tal noção é que a revolução é a própria medida do revolucionário enquanto sujeito motivado por emoções desprovidas de racionalidade. Afinal de contas, quando eles buscam recrutar pessoal ao aumento da militância, assediam primeiro os alunos do ensino médio e calouros das faculdades, muitas vezes longes dos seus pais.

4. Adolescentes são crianças grandes: pouco sabem sobre o mundo e ainda levam consigo os ímpetos da infância, sendo o pai e a mãe (avô, avó, tio, tia etc.) pilares que dão suporte até alcançarem a maturidade e serem adultos plenos. Portanto, destruir a família é objetivo natural dos revolucionários – quanto mais novos os alvos, mais fácil é o êxito.

5. Assim é que a revolução antecipa a maioridade no intuito de aliciar as crianças e jovens dentro da norma, gerando espíritos de rebeldia à ruptura familiar ao jogarem os filhos contra os pais. Como em certos países essa tática falha, segmentam o povo em classes: aqueles que são propícios aos interesses revolucionários são chamados de operários.

6. Os conservadores, pessoas que sustentam a sociedade com trabalhos essenciais, muitas vezes passados por gerações, além de grande parte fazer profissão de fé, constituem na revolução aquilo que chamam por classe média, aversa a operária, que por sua vez aglutina aqueles que acolhem os discursos inflamados por aparentarem representar suas emoções.
Desta forma a classe operária precisa emergir, pois, como subverter o predomínio existente em um país de dimensões continentais é impossível, aliena-se, então, aquela que for claramente suscetível, cujo povo possua maiores necessidades, especialmente se forem básicas.
7. Permita-se estender a leitura neste longo, porém, importante parágrafo. Marilena Chaui, cofundadora e mentora intelectual do Partido dos Trabalhadores – PT, odeia a classe média, como disse ao lado de Lula no evento “10 Anos de Governos Pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma” em 2013, conforme destacado mais adiante. Inexistem argumentos que possam sustentar tais aspectos emocionais, exceto o desejo de acabar com todas as bases do conservadorismo que representam objeções à revolução. Como pensar é difícil, avalie intuir, rebaixam-se ao nível de coisa na vã sorte de fazerem qualquer sentido. Terminam atacando como feras aqueles que não abandonariam as certezas da sociedade organizada sob uma moral e ética republicana por uma aventura de propósitos mesquinhos que apostam em estruturas caóticas e tirânicas. Daí ela, aquela pessoa odiosa, adjetiva a classe média das coisas que lhes são atributos íntimos: “atraso de vida”, “estupidez”, “reacionária”, “conservadora”, “ignorante”, “petulante”, arrogante”, terrorista”, “abominação política”, “fascista”, “abominação ética”, “violenta”, “abominação cognitiva” – verdadeira verborragia desprovida de qualquer luz racional, sendo apenas produto de obscuridades emocionais que somente se vinculam ao âmago daquela sujeita, donde numa busca nela mesma, apenas isso encontra para oferecer. Desta forma a classe operária precisa emergir, pois como subverter o predomínio existente em um país de dimensões continentais é impossível, aliena-se, então, aquela que for claramente suscetível, cujo povo possua maiores necessidades, especialmente se forem básicas. Assim é que o Nordeste do Brasil se tornou o canteiro dos projetos revolucionários. Região que sempre foi tão bem destacada, agora, encontra-se alienada, aprisionada, acorrentada por grilhões que substituem a capacidade de raciocinar pelo sentimento de dependência. Sendo assim, diante da maioria que não possui tempo de sequer pensar pelos vários problemas que não são solucionados por conveniências ideológicas, incluindo falta de água e baixo índice de alfabetização e profissionalização, restaria ao nordestino acompanhar os discursos de ódio da já mencionada alma degradada, pois é tudo que podem saber se ficam culturalmente emancipados do resto da Nação e mundo. Acaba a massa sendo cruelmente manobrada quando nutrida com emoções de desordem, gerando a militância perfeita à instauração da instabilidade social, provocada pelos insurgentes da classe operária contra a classe média, que não precisa ter uma definição, pois, como alvo, será o que é segundo a vontade do revolucionário ou daquilo que lhe for das emoções do momento.
8. Os revolucionários não precisariam da totalidade de um país ao atingimento dos objetivos; bastaria a maioria para conseguir adentrar os poderes de um Estado que tem por modelo de governo uma democracia – como dito: “vontade da maioria”. Cerca de 3/4 da população no Brasil está apta para o voto. Em números verídicos do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, dentre os 156.454.011 eleitores, 32.712.951 se abstiveram de exercer o sufrágio, 3.418.874 e 1.964.779 votaram nulo e branco, respectivamente. Somente 118.229.719 pessoas compõe o eleitorado. Dividindo este total, chega-se no montante de 59.114.859. No segundo turno o presidente se definirá por tal quantidade somada a mais um voto. Implantar uma revolução por via democrática depende de um pouco mais de 1/4 de brasileiros. Pouco menos de 3/4 da população vai ser subjugada por uma absurda minoria em um sistema meramente numérico.

9. Entregues às emoções, estarão em alienação à subversão da revolução. Como falar de razão se os objetivos previstos dependem da exacerbação dos sentimentos? Assim sendo, liberdade incondicional se torna um plano ideal, mesmo que irreal, pois como droga, revolucionar causa dependência – e o revolucionário será brevemente consumido pela própria revolução.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. A Mente Revolucionária. Enquirídio. Maceió, 17 out. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/10/a-mente-revolucionaria.html.

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