7.6.24

O que é o “Verbo de Deus” para o Islã?

Intriga o cristão quando um santo como Afonso de Ligório, Doutor da Igreja, atribui uma medida pesada ao islamismo, atribuindo-lhe algumas questões como obras do próprio Demônio. Por que ele, afinal, fez tal relação? Ao estudar o islã, a resposta simplesmente se torna de fácil percepção.
Imagem por I.A. Corão Aberto.
1. Ao estudar o islã, mais precisamente o pensamento muçulmano no decorrer da história, percebe-se desde logo como a falta de Jesus Cristo é fator crucial para suas diversas inconsistências, sendo este ponto o início das várias indagações que são necessárias ao desenvolvimento do tema e a plena compreensão do problema islâmico.

2. Se Nosso Senhor, no tempo de Maomé, já fazia parte do intercâmbio informacional no médio oriente, observa-se que foi por decisão pessoal que o Filho de Deus foi colocado como mero profeta no Alcorão para preservar o conteúdo deste livro contra alguns conhecimentos, enquanto aproveitava outros menos nocivos ao islamismo.

3. Assim é que a essência herética que (re)moveu de Jesus Cristo sua divindade, lembrando o arianismo, ebionismo, nestorianismo e cia. ltda., relacionou-se na formação corânica, porém, menos para negar a Virgem Maria, que foi “acolhida” por uma questão meramente estratégica no trato do expansionismo.

4. É que a devoção mariana já era do conhecimento de Maomé e muito bem sabia ele que mexer com a mãe, qualquer que fosse ela, era coisa muito complicada! Contudo, assim como vários heresiarcas, negou que sua maternidade era de uma pessoa que também era divina, facilitando negar que Jesus Cristo pudesse ser Ele mesmo o Verbo de Deus.

5. Esta é a chave corânica de “refutação” cristológica: negar o Verbo de Deus. Desta forma, poder-se-ia regressar ao estado de divindade que ainda não havia feito qualquer revelação mais precisa ou íntima, abrindo espaço à inauguração disto no Corão através de Maomé, evidentemente — e a partir daqui a coisa piora.

6. Como o islã é averso ao exame filosófico do Corão (ou Alcorão — dá no mesmo), dado pela prevalência do asharismo como corrente de pensamento no decorrer da própria história do islamismo, por lei foi vetado que sejam discutidas suas colocações — e o motivo da percepção de São Afonso de Ligório (196-1787) na sequência:
Permite a lei de Maomé ter várias mulheres, até o número de quatro, e ordena que se tome pelo menos uma, e concede o repúdio por duas vezes. Proíbe discutir sobre o Alcorão e as Escrituras Sagradas; e esse foi um achado muito eficaz do Demônio para fazer e continuar fazendo um perpétuo massacre de muitas pobres almas, para que as coitadas vivessem sempre na ignorância e, assim, permanecessem para sempre cegas e perdidas.
7. Percepção disposta na “História das Heresias e suas Refutações” ao denunciar, mas sem dar grandes explicações, vez que cumpre alertar os cristãos acerca das concepções antirracionais dos muçulmanos que culminam em um Deus somente de vontade e livre de razão, portanto, inacessível ao homem.

8. Muhamad’Abduh (1849-1905), segundo Robert R. Reilly em “A Mentalidade Muçulmana: Raízes da Crise Islâmica”, afirma: “a razão não tem a competência para penetrar a essência das coisas” e “o pensamento sobre a essência do criador [...] é interditado à razão humana”. Neste ponto, permita-se às extensões que vão ser realizadas daqui em diante. Observe que tal pensamento se aproxima do perenialismo, porém, antes, da máxima taoísta que diz: “o Tao que pode ser expresso não é o Tao eterno”. Paradoxo que sintetiza o Alcorão, que nas palavras de Isma’il Al-Faruqi (1921-1986) “o islã não equipara o Corão com a natureza ou com a essência de Deus. Ele é ‘Verbo de Deus, Mandamento de Deus, Vontade de Deus’. Porém, Deus não Se revela a ninguém. Os cristãos falam da revelação de Deus Mesmo — de Deus por Deus —, mas essa é a grande diferença entre o cristianismo e o islã. Deus é transcendente, e, uma vez que se fale em hierofania e imanência, a transcendência de Deus é comprometida. Não se pode ter transcendência completa e imanência ao mesmo tempo”. Santo Afonso de Ligório certamente bem compreendia tudo isso quando aborda Maomé como “fundador dessa seita assassina, que infestou a maior parte do mundo cristão” em “História das Heresias e suas Refutações”, poupando os católicos de um desgaste maior do que os que estavam para ocorrer no fim de seu tempo, que foi a famigerada Revolução Francesa de (1789-1799) — benefício que atualmente não dispõe a cristandade já castigada por tantas revoluções.

9. Entendeu por que Jesus Cristo não pode ser para o islã o Verbo de Deus? Para eles, isto é o Corão! Nunca foram tão próximos dos primos judeus — entrar-se-á no mérito disto noutro artigo, quem sabe. Basta, agora, entender a afirmação de Santo Afonso de Ligório e mostrar o quão a expansão islâmica com seu antirracionalismo pode ser fatal.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. O que é o “Verbo de Deus” para o Islã? Enquirídio. Maceió, 07 jun. 2024. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/06/o-que-e-o-verbo-de-deus-para-o-isla.html.

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