26.2.23

Editoras Católicas: Cuidado com Ideologias!

Denunciar o mercado editorial católico não parece um trabalho simples, pois demanda bastante rigor, além de orações intensas – atendidas, diga-se de passagem. Assim é que o objetivo desse artigo é alertar sobre livros anticristãos mascarados por editoras numa espécie de intenção comercial maquiavélica.
Michael Pacher. O Diabo Presenteando Santo Agostinho com o Livro dos Vícios.
1. Dom João Evangelista Martins Terra, SJ, nomeado pelo então Papa João Paulo II em 1984 como representante da América Latina na Pontifícia Comissão Bíblica no intuito de assessorar seu prefeito Cardeal Joseph Ratzinger, participou da elaboração do documento “A Interpretação da Bíblia na Igreja”, que não foi unânime em pontos chaves, cujos flagrantes recaem aos participantes que coadunaram com ideologias modernistas, também denunciadas aqui no blog pelo texto Infiltração Feminista na Santa Sé (link), embora apresente com imensa precisão os principais métodos interpretativos às questões bíblicas. Dedicou maior parte da vida como estudante, professor e arqueólogo, simultaneamente em certo tempo, quando intermitentemente esteve onze anos em Roma, quatro em Alemanha, um em Áustria, um em EUA, quatro em Terra Santa, escavando e decifrando tabletes de argila as inscrições cuneiformes de milênios a.C. Este é o Bispo que deu coragem à denúncia que vai ser apresentada na presente sequência.
2. Em 2018 foi publicado por uma editora chamada “Os Semeadores” um livrinho realmente pequeno intitulado de “A Invenção de Deus”, que nem chamaria sequer a atenção, exceto por seu autor: Dom João Evangelista Martins Terra, SJ. Como assim? Qual seria o motivo de um título como esse? Acontece que foi exatamente a forma lógica do Bispo atrair quem deve, primeiro, conhecê-lo; segundo, quem sabe sobre seus volumosos trabalhos voltados à antiguidade, especificamente “O Deus dos Indo-Europeus” e “O Deus dos Semitas”, amplamente referenciados e detalhadamente bem explicados, ambos publicados pelas Edições Loyola, fundada pelos jesuítas, embora sazonalmente em catálogo – rapidamente são adquiridos, motivo pelo qual acabam logo. Isto tudo foi dito aqui para enaltecer a relevância de um assunto gravíssimo que precisa interessar a nossa gente.

3. Dadas certas credenciais do denunciante, cabe aqui ao Enquirídio só expor os fatos. Trata-se de um livro disseminado em determinados seminários, que foi – e é – causador de imensa confusão, pois como obra adotada em academia, mesmo que acessória, apresenta uma perspectiva subversiva daquilo que entende seu autor por história bíblica, sobretudo do Pentateuco, especialmente quando defende a adoção exclusiva do método crítico, pormenorizado pela Pontifícia Comissão Bíblica no trabalho resultante, qual seja, “Interpretação da Bíblia na Igreja”, da qual os resultados não seriam outros senão catástrofes anunciadas ao projetar ao leitor que Deus não significaria nada além de invenção.

4. Discutir o mérito da questão poderá ser uma ótima oportunidade, porém, noutro artigo, embora seja possível elencar as observações de Dom João Evangelista Martins Terra, SJ, sobre a autor e obra revelados na sequência, cabendo agora dizer apenas que tal livro, que foi disseminado nos seminários, aborda a religião nos limites da razão, seguindo as concepções do filósofo Immanuel Kant, donde desde a introdução “pretende resolver” o problema (Deus, evidentemente que por uma crença ateísta), embora com resultados que nem poderiam ser hipóteses, alegando o que é melhor deixar transcrito: “[...] Seus resultados permanecerão certamente hipotéticos, visto que dispomos apenas de um feixe de indícios que se encontram, primeiro, nos próprios textos bíblicos – o que evidentemente constitui uma armadilha, porque os autores bíblicos não são neutros, mas querem impor aos leitores sua visão da história e do Deus de Israel”. Assim consta em “A Origem de Javé: o Deus de Israel e seu nome”, escrito por Thomas Römer (talvez ditado pelo demônio – não faz diferença).

5. Apesar da vontade de adentrar no mérito da questão, inclusive para questionar se acaso o autor é neutro – o que não é. Thomas Römer na introdução do próprio trabalho já deixa claro o empenho anticristão, motivo pelo qual, dentre os problema, torna-se menos grave, como assim seria um Leonardo Boff da vida, cujo teor literário é conhecido, pois o foco consiste em entender aquilo que Dom João Evangelista Martins Terra, SJ (caso não saiba, esta sigla após o nome significa Societas Iesus ou Companhia de Jesus, indicando ser tal sacerdote um jesuíta), colocou em “A Invenção de Deus” para denunciar tanto a obra, quanto a edição.

6. Então, qual seria o grave problema? Isto não cabe ao Enquirídio dizer, mas, como dito, expor como está posto por Dom João Evangelista Martins Terra, SJ, quando justifica seu pequeno, porém, grandioso trabalho ao denunciar em “A Invenção de Deus” a subversão editorial intitulada “A Origem de Javé: o Deus de Israel e seu nome”. Assim é que o Bispo desde a apresentação coloca: “A tradução brasileira, publicada por uma editora católica, traz esse nome. Mas o original escrito em francês tem o título ‘L’Invention de Dieu’. A tradução inglesa também intitulada: ‘The Invention of God’. Parece que esse título original escandalizou o tradutor, que rebatizou o livro dando-lhe o título: ‘A Origem de Javé’.”.

7. Poder-se-ia percorrer uma extensa discussão a respeito da tradução, porém, mesmo Dom João Evangelista Martins Terra, SJ, poupou seus leitores em um eminente parágrafo, constante na página 101 de “A Invenção de Deus”, conforme se vê: “Parece que Römer tem pelo menos 3 livros traduzidos no Brasil e publicados por editoras católicas de franciscanos, jesuítas e paulinos. Parece-me que nenhuma editora protestante quis publicar este livro: ‘A Origem de Javé’. Quem publicou foi uma editora católica. Os protestantes não têm um ‘Magistério Eclesiástico’. Mas será que seus sensores são mais vigilantes e clarividentes que nossa ‘Comissão de Doutrina’? Isto é uma pergunta que faço. E perguntar não ofende”. Então, qual seria a única editora, católica ainda por cima, responsável por publicar essa obra anticristã no Brasil? Paulus. Mas seu problema não consiste na publicação, como será visto.
Observe quão grave foi posto pelo jesuíta: sequer os protestantes tiveram coragem de comercializar o sacrilégio de Thomas Römer – mesmo que venham, como se sabe, praticando uma espécie de freestyle de cristianismo desde os tempos de Lutero e Calvino.
8. Como Bispo da Igreja Católica, Dom João Evangelista Martins Terra, SJ, quem recebeu ajuda de amigos para publicar essa denúncia, incluindo o auxílio da Companhia de Jesus ao tempo despendido neste empreendimento, merece toda atenção das editoras (como feita pelos “Os Semeadores”, embora menos expressiva se comparada às já conhecidas: franciscana, Vozes; jesuíta, Loyola; paulinas, Paulus), pois, como dito, seus principais trabalhos, quando reeditados, esgotam-se como água no deserto, dando-lhes boa margem do mercado que praticam. Publicar um trabalho anticristão dentro da linha editorial com orientação católica, do ponto de vista da Santa Igreja, incluindo seus membros (sacerdotes e leigos), realmente não significa problema, motivo pelo qual somente consistiria na forma de situar o leitor a respeito dos temas versados, direta ou indiretamente (como é o caso) sobre a Igreja Católica que são debatidos. Problemático (até que corrijam tal titulação) continua sendo a venda de um nítido engodo! Observe quão grave foi posto pelo jesuíta: sequer os protestantes tiveram coragem de comercializar o sacrilégio de Thomas Römer – mesmo que venham, como se sabe, praticando uma espécie de freestyle de cristianismo desde os tempos de Lutero e Calvino.

9. Para nossa gente, basta aquilo que Dom João Evangelista Martins Terra, SJ, escreveu em “A Invenção de Deus”, consoante a página 101, “O exegeta católico, se quiser ser realmente católico, tem que acatar o Magistério da Igreja”, recordando na sequência pontos importantes da Constituição Dogmática Dei Verbum, Catecismo da Igreja Católica, Novo Testamento, naquilo que consta na página 114 da denúncia ao resumir: “Vemos como todo o Novo Testamento, que é inspirado pelo Espírito Santo e contém a Revelação definitiva e última do Deus de Abraão, do Deus de Moisés e do Pai de Cristo, desautoriza radicalmente toda ‘invenção’ e falcatrua de Thomas Römer”. Por fim, sendo o motivo deste artigo: “À Igreja Católica e ao seu Magistério incumbe esta opção: se a Bíblia é a verdadeira revelação, revelação divina, acatai-a e defendei-a. Mas, se as invenções do livro: ‘L’Invention de Dieu’ (A Origem de Javé) são verdadeiras, aceitai-as. O que não é possível é claudicar [se equivocar] entre duas contradições. Pois entre contradições antagônicas não há meio termo”.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Editoras Católicas: Cuidado com Ideologias! Enquirídio. Maceió, 26 fev. 2023. Disponível em https://www.enquiridio.org/2023/02/editoras-catolicas-cuidado-com-ideologias.html.

Postar um comentário

Botão do WhatsApp compatível apenas em dispositivos móveis

Digite sua pesquisa abaixo