5.4.23

Bebe Tu Mesmo do Teu Veneno

Filosofia, para quem é cristão, portanto, católico, nunca pode ser uma finalidade, mas uma ferramenta ao pensamento, sobretudo aos contextos cotidianos, mesmo que deslocados no passado ou futuro. Contudo, não tão raro se pode notar o quão anticristã os substratos filosóficos se tornam em certas mentes.
Frei Juan Andrés Ricci de Guevara. São Benedito Destrói o Ídolo de Apolo.
1. Como dito, filosofar é o meio pelo qual o pensamento, produto do intelecto, precisa ser exercido, mas que sua finalidade não poderia se inclinar ou instigar ao afastamento da fé, donde, deixando de funcionar como instrumento, perde seu valor ao cristão, sendo melhor a ignorância para Deus do que as verdades filosóficas inclinadas ao demônio.

2. Se as verdades filosóficas são contrárias à vontade de Deus, então não são cristãs, donde surge a questão: então, para quem se orientam? Muitas vezes estão orientadas ao próprio homem – e não é problema, desde que ali Nosso Senhor encontre habitação. Porém, quando Ele não transparece no falar e agir de quem quer que seja, quem, afinal, manifesta-se?

3. Poderia ser bastante difícil entender uma pessoa que age como um santo ser apenas um objeto a serviço das trevas, consciente ou inconscientemente, mas não quando se percebe que Jesus Cristo deixa de transparecer pelas suas falas e ações – e olhe que aqui é somente colocado a intenção voltada a Nosso Senhor, mesmo sem que esteja em estado de graça.

4. Diga-se de passagem, alguém poderia perder seu estado de graça mesmo achando que sua filosofia O glorifica, mas que, observando mais atentamente, trata-se de pecado se por fim se coloca na frente das Sagradas Escrituras. Nenhuma produção filosófica é capaz de glorificar Nosso Senhor se se torna ela mesma o próprio exemplo em substituição de Deus.
Verdade seja dita: esconder-se por de trás de pensamentos filosóficos para negar Jesus Cristo é demoníaco.
5. Como instrumento, filosofia deve orientar para Deus, mas não parece ser simples ao homem em si centrado. Note-se os protestantes, revolucionários, cismáticos por excelência: embora o primeiro mandamento seja para amá-Lo, deturpam ao pregarem o temor como sinal de respeito – lógico, pois eles aboliram o sacramento para reconciliação e perderam, assim como os hebreus de outrora, aquela amizade divina. Quem tem amor por Ele deseja ser amigo d’Ele e n’Ele confiar, respeitando e cumprindo seus preceitos, evitando o pecado. Acaso o Verbo Encarnado trouxe legiões de combatentes para abolir toda iniquidade da face da terra ou se colocou como cordeiro para livrar o pecado do mundo? Quando tratou das bem-aventuranças, afinal trouxe os medrosos ou aqueles que põe tal condição no próximo? Verdade seja dita: esconder-se por de trás de pensamentos filosóficos para negar Jesus Cristo é demoníaco.

6. Pregar o medo é o pior, porém, mais claro sintoma de quem troca sua fé nas vãs concepções filosóficas desprovidas das virtudes teologais, sobretudo a esperança, neste ponto, donde as demais ao homem já se tornaram superadas por outras com maiores sofisticações. Amedrontar significa afastar o ser da luz, conduzi-lo para as trevas.

7. Observe uma criança amedrontada. Como fica seu rosto? Será que não lhe pesa deixá-la desse jeito? Agora olhe seu irmão, muitas vezes mais pacato, pouco ou nada filosófico, apenas crente que Deus irá prover. Será que Deus quer que ele viva no medo? Jamais. Nosso Senhor, Seu Filho, exemplo único, trouxe esperança.

8. Mesmo uma filosofia de filme é melhor que muitas que estão sendo vendidas nas esquinas da internet – sabe-se lá onde ficam! No Episódio I de Star Wars, Mestre Yoda certa vez disse: “o medo leva à raiva; a raiva leva ao ódio; o ódio leva ao sofrimento”. Apesar dos santos como São Tomás de Aquino e toda Suma Teológica existirem ao aprendizado de como se deve filosofar, parece não ser preciso ir muito longe para notar que uma mente que paira no medo tende à morte, primeiramente espiritual, evidentemente, pois quem sofre, encontra-se igualmente a Adão e Eva, desolados, entregues ao padecimento, afastados da amizade divina pelo pecado que cometeram, originando isso em toda terra – resumidamente dizendo (ou tentando assim dizer). Acontece que ao ser amedrontado, antes que venha o sofrimento, é a raiva que surge, donde não existe razão para uma fala ou ação que tem por base o medo ou ódio como resultado do agravamento – e a prudência, dentre as virtudes cardeais, ainda na visão do Doutor Angélico, estabelece-se em primazia, não por temor, mas por amor a Deus. Contra essas que não trazem uma virtude sequer ou que se disfarçam delas de forma autocontida, como um fim em si mesma, ore com São Bento:
9. Então, havendo uma filosofia que lhe direcione a temer a Deus, ao invés de amá-Lo; que lhe imponha um temor, ao invés do amor, assim como quis Jesus Cristo; que lhe incite à raiva e ódio por seu curso óbvio como fruto do medo... Saiba que ela, além de não ser amiga da sabedoria, também é inimiga de Nosso Senhor. Se alguma dessas te consumir, observe as inscrições da medalha de São Bento, especialmente aquele final quando revela e impõe: “é mal o que tu me ofereces; bebe tu mesmo do teu veneno”.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Bebe Tu Mesmo do Teu Veneno. Enquirídio. Maceió, 04 abr. 2023. Disponível em https://www.enquiridio.org/2023/04/bebe-tu-mesmo-do-teu-veneno.html.

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