Cristiano Banti. Galileu Sob Julgamento. |
2. Tratar-se-ia de mera produção, como quem escreve em conjunto um livro ou compõe uma melodia, donde a adesão por terceiros decorre da preferência, afinidade, simpatia etc. Então a lógica em originar um conceito comum que pacifique a religião e a ciência (como se essas estivessem em guerra, quando assim estão apenas os homens, cada qual com sua própria ideologia), somente demonstra que nenhum dos assuntos consegue ser exposto segundo suas próprias finalidades, como se para usar um alicate no intuito de torcer um componente mecânico de um motor de carro jamais fosse possível utilizar um outro em auxílio, motivo pelo qual nunca seria necessária a convenção duma nova ferramenta para essa finalidade se aquelas já existem – e o problema é justamente a subversão do uso por não se ter aprendido usar corretamente, quando mesmo um parafuso se torna um problema complexo na percepção deturpada de alguém que não consegue notar o valor evidente dos instrumentos que podem e devem ser empregados em simultâneo, cada qual com sua função.
3. Assim sendo, há de se notar um curioso comportamento, tanto em religiosos, quanto em cientistas, quando por Deus são postas concepções abstraídas de qualquer vinculação de fé. Ao religioso que assim pensa, observa que tal abstração lhe permite se esquivar de divindades de outras religiões ou problemas teológicos que não são realmente fáceis de compreender sem conhecimento aprimorado e experiência religiosa, embora, desse jeito, não possa ser cristão, pois, mesmo quase sem ser percebido, nega a Jesus Cristo. Ao cientista, abstraindo-se Nosso Senhor, o Caminho, a Verdade e a Vida, Logos do Logos, o que é que ele precisa fazer mais? Nada lhe sobra, nem para que possa negar, embora curiosamente haja quem se traje na ciência e defenda o cristianismo contra apostasias em flagrante, como são essas. Só no quesito simbólico da questão, observe a complexidade nesses dois artigos:
- O Deus dos Muçulmanos (Enquirídio).
- Quem é Jesus Cristo para os Judeus? (Papa João Paulo II).
5. Esse é o mundo quando o homem não abriga Nosso Senhor. Poderiam perguntar: mas por que não outro Deus que não seja Jesus Cristo? Conseguiu conferir os artigos O Deus dos Muçulmanos e Quem é Jesus Cristo para os Judeus? Poder-se-ia tratar do Tao de Lao Tsé ou da divindade cultuada pelo filósofo Espinosa. Talvez os cânticos sânscritos, ditos por mais antigos, fossem melhores ou as ideias de seitas gnósticas, mas não são verdades, sequer absolutas, embora sempre relativas, donde cada qual acaba impondo sua própria medida ao mundo – e o homem é falho para tanto, sobretudo ludibriado pelas forças das trevas, que não param de sussurrar aos ambiciosos dizendo: “conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses” (inscrição constante no pronaus do Templo de Apolo em Delfos, Grécia, difundida por Sócrates quatro séculos a.C.).
6. Quanto mais o lema no Templo de Apolo se difunde, menos se conhecem os homens, perdendo-se na infinitude do universo e pouco se lixando aos deuses se vieram da Grécia, Egito ou Suméria, dado ao fato de serem apenas materialistas ao ponto de se confundirem com suas próprias invenções para se tornarem tal como são: máquinas replicantes.
Católico que realiza sua ciência dentro da fé consequentemente termina por afirmar suas ferramentas ao se tornar um instrumento d’Ele, com Ele, para Ele.7. Se os homens, ao menos vários, tornaram-se máquinas replicantes, verdade que mesmo o religioso que replica só complica! Jesus Cristo, quando ordenou que sua mensagem fosse espalhada, acaso deixou de cobrar o exemplo do Evangelho? Ou seja: disse que era para falar uma coisa e fazer outra? Ou chamava tais por hipócritas? Quando Nosso Senhor se apresentava aos incrédulos, sejam judeus ou pagãos, assim fazia pelo arrombamento ou esperava calmamente que uma brecha da porta lhe fosse aberta? Um cristão que pensa que pode botar o Filho de Deus no coração do próximo à pulso pelas forças físicas ou intelectuais se embebeda nas fontes de Delfos (“conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”), esquecendo-se da videira verdadeira, quem disse: “Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15, 5). Católico que realiza sua ciência dentro da fé consequentemente termina por afirmar suas ferramentas ao se tornar um instrumento d’Ele, com Ele, para Ele.
8. Disto que foi posto, observa-se: primeiro, que não significa adoção de religião coisa alguma a fabricação de um catolicismo que esteja melhor adaptado aos ditames da ciência; segundo, que não existe fé imposta, mesmo que esteja o sujeito sob grande ameaça, donde sua adesão será meramente aparente e a satisfação do outro condicionada.
Se na ciência o homem pôde ir até a lua, por fé em Cristo ele irá ao paraíso.9. Nada para além das conclusões colocadas vão reverter o problema sem que passem pelo curso certo para tanto: que não existe religião inventada e a ciência, quando inventa, apenas transforma aquilo que foi criado por Deus. Agora se deseja o sujeito ser ateu para ser aceito no âmbito acadêmico ou qualquer outra coisa, basta lembrar que mesmo Jesus Cristo foi traído, ou seja, pensamentos divergentes, atraídos ou influenciados para alternativas materialistas, egocêntricas, sempre existirão, inclusive para negação da verdade. Se na ciência o homem pôde ir até a lua, por fé em Cristo ele irá ao paraíso. Mesmo o melhor dos cientistas só dá fruto se tiver d’Ele permissão, assim como a mais bela homilia só acontece por Sua intercessão. Para referenciar esta postagem: ROCHA, Pedro. Religião e Ciência no Debate Secularizado. Enquirídio. Maceió, 21 abr. 2023. Disponível em https://www.enquiridio.org/2023/04/religiao-e-ciencia-no-debate-secularizado.html.
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