21.1.22

Quem é Jesus Cristo para os Judeus?

A resposta podia ser colocada bem rápida nesta introdução, mas a ideia é fazer o católico lê-la de maneira a compreender brevemente o contexto no qual Jesus Cristo se insere aos judeus desde os tempos babilônicos, donde a visão de Deus se confundia a todo momento ao ponto de nem mais saberem seu nome.
Moisés no Monte Sinai
Jean-Léon Gérôme. Moisés no Monte Sinai.
1. Em linhas gerais, os judeus, assim como os árabes (agora, quase na totalidade muçulmanos), descendem dos semitas, povos que habitaram várias regiões do atual oriente médio e fizeram deslocamentos comerciais até locais mais ao ocidente e oriente, donde suas culturas foram assimiladas, no todo ou em parte – isto para resumir a vastíssima história.

2. Para ter uma ideia, semitas são identificados na civilização suméria, embora não fizessem parte daquele povo, assim como depois não eram considerados egípcios. As explorações arqueológicas continuam, motivo pelo qual dizer qual das duas civilizações foi a primeira a surgir não seria plausível, embora seja constatada em ambas as histórias de deuses.

3. Entre histórias e mitologias, existiam deuses naquelas regiões muito próximas, sendo, assim, revelados em textos que estão grifados em tabletes com escrita cuneiforme e artefatos de pedras e paredes com hieróglifos, todos apontando uma origem, uma gênese, apesar de serem divergentes e muitas vezes particulares, próprias de certos clãs ou famílias. No decorrer do tempo, através das guerras e migrações, essas informações foram misturadas, incluindo os deuses, assim considerados os próprios líderes de povos no auge das suas egocentricidades.

4. Evidentemente que isso tudo não resume a extensa história ou mitologia daqueles povos, embora ofereça uma síntese do motivo pelo qual, em certo tempo, passou a existir uma necessidade do monoteísmo, talvez nítida a partir de Abraão, mas não necessariamente assim anteriormente, enquanto aos semitas uma divindade única parecia imprecisa. Apenas para ilustrar, Mâneto escreveu uma história no século III a.C. contando que povos vindos do oriente já se estabeleciam no Egito desde 1991 a.C. Segundo o historiador egípcio, aquela raça estranha em 1640 a.C. passou a dominar a região do Delta do Nilo, donde uma das divindades adorada era Baal, nome semítico atribuído a Enlil, um dos deuses sumérios, embora os babilônicos tivessem declarado Marduk a divindade protetora daquela civilização em 2000 a.C. Acontece que nas referências mitológicas, Marduk superou seu tio Enlil e até mesmo seu pai Enki quando nenhum quis enfrentar Tiamate num confronto mitológico narrado no Enuma Elish. Ou seja, “existiam deuses”, antes e depois de Abraão.

5. Assim seguiram os semitas até consolidarem a Torá, porém, apenas depois do exílio, datado por volta de 500 a.C. Significa que até tal época os deuses ainda se faziam presentes? Talvez sim, mas não necessariamente para todo semita, uma vez que não procederam todos da mesma fonte religiosa, sendo prova disto o panteísmo árabe pré-islâmico.

6. Atualmente, Deus para os judeus é YHWH ou Iavé no português coloquial. Apesar da escrita do tetragrama sagrado, trata-se de um nome quase impronunciável, sendo, talvez, resquícios sobre a proibição de falar o nome de Deus em vão. Porém, perceba a dificuldade dos semitas ao longo do tempo sobre o estabelecimento da divindade única. Como dito, mesmo os árabes, também povos semíticos, adoravam até antes da revolução religiosa de Maomé as divindades antigas, conforme postado em O Deus dos Muçulmanos. Deus se tornou um problema ao ponto do próprio nome gerar intrigas, sendo preferível não nomear Ele por receio de equívoco. Lógico: isso é a versão baseada na problemática histórica até agora conhecida.

7. Já transcorreram na história problemas suficientes de lá para cá para acreditarem os judeus em um Deus único. Talvez em outros 2 mil anos possam entender a vinda do Nosso Senhor, conforme as profecias que escreveram. Porém, infelizmente esse tempo já passou e assim continuam os judeus, semitas descendentes da tribo de Judá, de Jacó, duvidando de Jesus Cristo como filho de Deus. Como farão isso novamente? Tiveram problemas de mais ao adotarem divindades sumérias, embora sem necessariamente compreender o panteão daquela civilização, pois, assim como no Egito, lá na mesopotâmia também parecem não terem aderido à sociedade, uma vez que sempre mantiveram uma maneira própria de se relacionarem entre si em detrimento de outra etnia, mesmo que anfitriã, ao ponto de destruírem a economia local através da aplicação de técnicas monetárias próprias.
Utilizam até mesmo filosofias paradoxais para negarem a existência do Messias, afirmando certo judeu ortodoxo que não existe um Messias, mas que existindo, não poderia ser; sendo, também não diria ser.
8. Existem muitos pontos contrários à postura dos judeus no mundo moderno que encontram resquícios no passado, mas não vão ter qualquer comparação quando colocados diante da negação de Jesus Cristo como Deus encarnado, morto e ressuscitado. Nenhum rabino aceita esta verdade, embora nenhum católico negue as profecias judaicas ou mesmo a Torá. Utilizam até mesmo filosofias paradoxais para negarem a existência do Messias, afirmando certo judeu ortodoxo que não existe um Messias, mas que existindo, não poderia ser; sendo, também não diria ser. Resumindo: para um judeu desse nível, jamais a profecia se cumprirá! Então, qual é mesmo a diferença daqueles semitas que confundiam Enlil com Marduk com aqueles que nem parecem saber ao certo o nome de Deus ao ponto de torná-lo impronunciável? Parece que aquela confusão continua.

9. Então, respondendo à questão que intitulou esta postagem, Jesus Cristo, Nosso Senhor, pouco ou nada significa ao judeu. Alguns o respeitam como um primo justo. Mesmo os muçulmanos através de Maomé agora sabem da existência de um menino nascido da Virgem Maria, embora não consigam acreditar na ressurreição daquele que foi, assim como dizem, colocado de modo milagroso no mundo por vontade de Allah, mas não levado por Ele, uma vez que admitir a superação da morte pelo Verbo Encarnado necessariamente esgotaria o islã enquanto crença. Vindo da cultura semítica, conforme colocado, mesmo os primeiros no islamismo foram os últimos no paganismo politeísta perdurada até o ano de 600 d.C. Hoje, apartadamente do cristianismo, mesmo do protestantismo, existem judeus messiânicos, embora suas práticas não estejam alinhadas a Santa Igreja fundada por Nosso Senhor. Apesar dos pesares, informações como estas somente servem para incentivar o católico a compreensão do contexto religioso, uma vez que doutrinariamente, sobretudo pela ética e moral católica, nossa gente jamais possa diminuir qualquer pessoa por divergência religiosa. Também não precisa omitir a inconformidade por opiniões judaicas que tratam o catolicismo como infundada ou usurpadora. Na mentalidade rabínica, pensar numa fé fora do judaísmo é necessariamente implantar uma teologia da substituição, donde o Velho Testamento estaria suplantado pelo Novo Testamento, embora isso seja inverdade. Porém, como dito, ninguém está para conflitar com tais divergências. Estas explorações históricas precisam ser encaradas como fortificações para fé ao constatar a magnitude da presença de Nosso Senhor e o legado instituído na Terra pela fundação da Santa Igreja.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Quem é Jesus Cristo para os Judeus? Enquirídio. Maceió, 21 jan. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/01/quem-e-jesus-cristo-para-os-judeus.html.

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