18.10.23

Hamas e a Mídia

Enquanto este Enquirídio publicava o Pacto do Hamas de 1988, estabelecida em 36 artigos, contendo a ideologia terrorista do movimento, naquele mesmo dia também divulgava a CNN uma “Constituição do Hamas”, composta de 42 artigos, embora não indique sua origem, mas alegando ser daquele idêntico ano.
David Roberts. O Cerco e a Destruição de Jerusalém pelos Romanos Sob o Comando de Tito.
1. Permita-se compreender o rastreamento da informação em curtíssimos parágrafos. Três sites, quais sejam, Gazeta do Povo, Revista Galileu e Poder 360, diante de uma pesquisa preliminar em português, apontam a “Carta do Hamas de 1988” com aqueles mesmos 36 artigos, independente do teor da jornalístico apresentado por tais veículos de notícias.

2. Documento que foi traduzido do original em árabe ao português, segundo a Revista Galileu, pela Organização Sionista do Brasil, cujo link pertence à matéria do Poder 360, embora aponte uma outra fonte em inglês, que foi aquela adotada pelo Enquirídio em Pacto do Hamas de 1988, qual seja, Projeto Avalon da Escola de Direito da Universidade de Yale.
3. Em 4 julho 2006, as Nações Unidas utilizaram como referência o documento do Projeto Avalon, embora uma apresentação do The Meir Amit Intelligence and Terrorism Information Center – ITIC, datada daquele mesmo ano, mas no dia 21 de março, mostra uma carta do Hamas de 1988, escaneada de edição original de 2004 em árabe.
4. Desta forma, apesar de haver muitas outras fontes, parece que não existem dúvidas a respeito da existência e veracidade da Carta do Hamas de 1988, estabelecida em 36 artigos. Acontece que a CNN Brasil em 14 de outubro de 2023 trouxe uma outra versão, composta de 42 artigos, mas sem citar sua origem – encontrada pelo Enquirídio também na página do ITIC.
5. Na verdade, todos os textos do Hamas se encontrariam em própria página de internet se estivesse no ar, embora seja acessível através da ferramenta Way Back Machine, onde está recuperado em arquivo o “Documento de Princípios e Políticas Gerais” de maio de 2017, utilizado sem sua datação colocada de maneira correta pela CNN Brasil.
6. Em 2 de maio de 2017, mídias como BBC News, também sem apontar o conteúdo integral do original, noticiavam o documento publicado na própria página do Hamas no dia anterior, motivo pelo qual, seis anos depois, questiona-se as intenções do jornalista da CNN Brasil ao tentar passar como sendo de 1988 um conteúdo elaborado tão recentemente.
7. Talvez tenha sido mero equívoco de um estagiário da CNN Brasil, pois o teor do documento de 2017 do Hamas não anulou suas próprias questões, conforme dispostas em 1988. Já no primeiro artigo do “Documento de Princípios e Políticas Gerais”, consta como objetivo “libertar a Palestina e enfrentar o projeto sionista” – diferindo em nada da carta de décadas atrás.

8. No artigo 15 daquele mesmo documento: “O projeto sionista também representa um perigo para a segurança e a paz internacional e para a humanidade e seus interesses e estabilidade” – somando estas palavras às anteriores, notadamente o Hamas enfrentará o “projeto sionista” para além daqueles territórios palestinos.
Assim como o Hamas não pode negar seu berço na Irmandade Muçulmana, parece que Israel não deveria ocultar sua origem sionista.
9. Por fim, atribuem as origens do sionismo aos “Protocolos dos Sábios de Sião”, surgidos em 1898 na Basiléia, cidade ao norte da Suíça. Theodor Herlz (1860-1904), como se sabe, fundou o sionismo naquela mesma comuna em 1897. Assim como o Hamas não pode negar seu berço na Irmandade Muçulmana, parece que Israel não deveria ocultar sua origem sionista.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Hamas e a Mídia. Enquirídio. Maceió, 18 out. 2023. Disponível em https://www.enquiridio.org/2023/10/hamas-e-midia.html.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigado, Douglas! Felicidade ter seu comentário aqui no blog! Paz e bem.

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