Como Programar um Cowboy

Na biografia de um perfil do Instagram estava escrito: “o homem é programável” — o que não é mentira, mas tão somente em contextos, onde seja possível programar, como de fato se vê em escolas, faculdades ou qualquer outro ambiente passível de acomodar políticas e ideologias de dominação de massas.

Benjamin Wu. Trabalhando em um Curral de Gado.

1. As massas não existem em termos naturais, mas tão somente como produto da manobra político-ideológica, donde as pessoas passam a compactuar e a construir relações de interesse mútuo a partir de causas comuns, o que é diferente da constituição primitiva de tribos ou mesmo da própria sociedade no tempo e espaço, reservadas suas proporções.

2. Exemplificando, aquilo que deram o nome de “woke”, em verdade é o produto de manobra político-ideológica que procura agregar em uma só massa as pessoas que são suscetíveis às influências de um único poder, sendo difícil compreender em princípio tal engenharia na sociedade se observadas as diversas nuances contextuais, pessoais e/ou coletivas.

3. Para diminuir essas diversas nuances contextuais é que a formação cultural é explorada como método global, donde o avanço é maior ou menor a depender do ritmo de propagação. Os meios para tanto permanecem os mesmos desde sempre, porém, tratando-se da difusão em sociedades, inexistem dúvidas a respeito do potencial da internet.

4. Internet, por si só, não significa nada. Contudo, como meio, abriga os ambientes necessários à formação cultural. Neles é que a frase “o homem é programável” representa o potencial da formação cultural, valendo lembrar, por exemplo, que atualmente o X (antigo Twitter) perde seu valor de mercado por não ser mais uma mídia social político-ideológica como era antes.

5. Esse dado revela algo pior para quem acredita em um mundo liberal, pois se hoje o X é livre do domínio político-ideológico, mas não tem igual valor como antes (quando era Twitter), significa que demais acionistas (Elon Musk era majoritário antes de se tornar proprietário) perderam o interesse nesta mídia social, assim como muitos usuários — mas por quê?

Pois quem quer comprar e/ou vender, mesmo uma ideia, tende a optar pelas vias mais movimentadas, coincidentemente as de formação cultural.

6. Dentre tantos fatores, pode-se destacar que uma mídia social com certa inclinação político-ideológica atrai mais acionistas e usuários, sendo o justo ponto de incoerência da suposta liberdade de escolha no liberalismo, pois quem quer comprar e/ou vender, mesmo uma ideia, tende a optar pelas vias mais movimentadas, coincidentemente as de formação cultural.

7. Os contextos são essenciais à programação do homem, como em um curral de gado, motivo pelo qual quanto mais animal for um ser, melhor. Assim é que a política-ideológica observa as mídias sociais: currais para nivelar todo humano ao patamar irracional, anulando o intelecto ao promover vias comportamentais reativas, baseadas no binômio estímulo-resposta.

8. Daí, faz sentido o homem ser programável em um contexto de programação, posto que nas mídias sociais, onde isto é real, tanto sirva à manobra política-ideológica para formação cultural, quanto à atração/geração de mercado, pois se toda interação humana foi reduzida a estímulo-resposta, tudo agora não passa de um abrir e fechar de cancelas para iludir o gado.

Então, se da frase “o homem é programável” houver alguma dúvida, esta é sobre quem é o “dono”.

9. É que o gado acha que uma cancela aberta é a saída do curral, quando na verdade o conduz ao desejo do dono, seja para realizar uma pesagem, vacinação ou para subir no transporte rumo ao matadouro — e a prática pecuária neste sentido não é das melhores! Então, se da frase “o homem é programável” houver alguma dúvida, esta é sobre quem é o “dono”.

    Para referenciar esta postagem:

ROCHA, Pedro. Como Programar um Cowboy. Enquirídio. Maceió, 08 dez. 2024. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/12/como-programar-um-cowboy.html.