5.6.22

O Mestre Aponta o Céu

O tolo observa o dedo e o sábio enxerga a lua – provérbio chinês muito pertinente, especialmente à explicação de problemas decorrentes de perspectivas adotadas sobre certos conhecimentos que não são cristãos, mas que também não são anticristãos, embora possam incomodar ou causar dúvidas.
Jacques-Louis David. A Morte de Sócrates.
1. Naquilo que incomoda, certamente se relaciona com questões pessoais acerca de perspectivas divergentes de equânime recíproca. Já as dúvidas decorrentes, sendo sobre o catolicismo, realmente: precisam ser decantadas e separadas, porém, através dos instrumentos próprios da fé. Assim é que o Enquirídio evidenciou nas postagens logo adiante indicadas os principais nomes do perenialismo esotérico vinculados ao expoente mais recente conhecido no Brasil e mundo, embora figurado nas publicações lincadas abaixo como sujeito oculto, propositadamente, pois como demandaria um conteúdo exclusivo para abortar tal questão, melhor foi evitar misturar os assuntos.
2. Apenas para lembrar, citou-se os nomes, porém na ordem inversa, al-Alawi, Schuon e Guénon, sendo o próximo da linhagem, podendo-se assim dizer, Carvalho – o próprio Olavo. Ressalta-se que não existe qualquer intenção no Enquirídio de diminuir ou aumentar a reputação desta pessoa, mas tão somente evidenciar um fenômeno decorrente daquilo que ensinou e que é difundido de maneira duvidosa, sobretudo no catolicismo. Dispensa-se de início remontar sua biografia ou prefaciar os assuntos lidados por ele, justamente pelo mais recomendado ser procurar conclusões diretamente na fonte (livros, textos, vídeos etc.) ou juntamente aqueles que com ele conviveram e aprenderam. Sendo possível, assine o Curso On-line de Filosofia – COF, pois quem geralmente o aborda, apenas o conhece naquilo que qualquer um poderia se equivocar perante a passagem dos séculos, donde um mísero tuíte, agora, significaria a síntese dos pensamentos de alguém, mas aos que, sabe-se, sequer conseguem interpretar um simples texto – avalie décadas de aglutinação intelectual, amplamente conhecida e publicada em jornais, livros, filmes etc. Verdade que aos católicos o intelecto serve à razão, pois pela fé de maneira apartada, estar-se-ia falando apenas de sentimentalismo, donde os aspectos filosóficos são essenciais – não à toa nos seminários é curso indispensável, aplicado antes mesmo da teologia, pois, como se pode abordar as coisas de Deus se inexistem ferramentas que possam auxiliar o raciocínio? Se filosofar é importante, todos que podem contribuir para isso merecem o devido reconhecimento, mesmo que não academicamente, embora isso seja totalmente equívoco, uma vez que foi inserido no debate acadêmico através de monografias e dissertações, pois, para além das universidades, todo o amor pela sabedoria não depende do academicismo, contaminado por ideologias, mas dos que conseguem empreendê-lo, sendo oportuna a leitura de Trocando Alhos por Bugalhos.
Lógico que pesquisava, até com bastante determinação, qualquer possibilidade de reavivamento da mística cristã, muito depreciada por absoluta incompreensão, embora os(as) santos(as) místicos(as) estejam em constante evidência nos últimos tempos, sobretudo através de clubes literários ou cursos on-line.
3. Embora aborde o perenialismo esotérico, não o faz com exclusividade prática, uma vez que também remonta seu histórico e apresenta seus principais nomes, conforme própria perspectiva, debatendo sobretudo o assunto por si só sem misturar alhos por bugalhos. Notadamente, sempre que põe questões da Igreja Católica, também aponta ao catecismo, excluindo o gnosticismo, esoterismo e ocultismo que são tratados em apartado. Lógico que pesquisava, até com bastante determinação, qualquer possibilidade de reavivamento da mística cristã, muito depreciada por absoluta incompreensão, embora os(as) santos(as) místicos(as) estejam em constante evidência nos últimos tempos, sobretudo através de clubes literários ou cursos on-line. Assim é que o empreendimento da fé em Olavo de Carvalho se consumava, buscando aquilo que deixou de existir intrinsecamente pela mera adoção do extrínseco, donde com frequência utilizava de termos que não são próprios do cristianismo, porém, apenas para explicar o esotérico (interior) e exotérico (exterior) da religião – como se isso fosse, conforme críticos desonestos, coisas alheias aos mistérios de Nosso Senhor. Não foi Ele mesmo quem ensinou a reclusão durante a oração? Ou os ensinamentos no Evangelho (Mt 5, 5-8) estão errados? Afinal, todos os corpos são templos de Deus, motivo pelo qual evitar o pecado é preservar Sua morada íntegra, longe dos pecados, desvios, ratadas – coisas do âmago, donde apenas o onisciente, onipresente, onipotente as conhece, sendo tal relação misteriosa, revelada intimamente no encontro que cada qual faz com Jesus Cristo.

4. Acontece que tal mística não poderia jamais ter nas concepções de outras crenças o amparo que justificasse, mesmo para si só, qualquer relação com Nosso Senhor sem que também estejam em comunhão com a Santa Igreja, pois, disso, inevitavelmente as dúvidas surgirão – já surgiram! Quando se percebe em religiões alheias ao cristianismo elementos que poderiam ajudar na compreensão da fé, filosoficamente o diálogo até poderia existir, porém, como dito, tratando-se do credo, apenas incompatibilidades serão constatadas. Mesmo que uma Árvore da Vida, como está na Cabala, pudesse mostrar aos cristãos as relações da Santíssima Trindade nas potências de Kether, Chokhmah e Binah, intentando exclusivamente causar melhor compreensão dos mistérios divinos, justamente essa maneira de compreender não prossegue na catolicidade dos ensinamentos, sobretudo porque Nosso Senhor não ensinou nas sombras, muito menos revelou um esquema prático de acesso ao transcendental, exceto aquilo que foi revelado por Ele através da Tradição Católica, lembrando, neste ponto, que até mesmo a Bíblia Sagrada, aberta ai em casa no Salmo 91, provavelmente, adveio dessa presença vívida na Igreja Católica chamada Espírito Santo – jamais uma filosofia perene, diga-se de passagem.
Noutros termos, apesar de diferentes religiões vislumbrarem Deus igualitariamente, concluindo que Sua natureza é indescritível, justamente pelos seres humanos serem limitados, incapazes de conterem a onisciência, onipresença e onipotência, meditar sobre a Santíssima Trindade correlacionando Brama, Vishnu e Shiva; Anu, Enlil ou Ea; Ísis, Osíris e Hórus é olvidar o Evangelho e retroceder ao passado que antecedeu até mesmo o Velho Testamento.
5. Refrisando: na filosofia perene... “Ah, mas Padre Paulo Ricardo, certa vez, segurando nas mãos o livro do Antônio Donato Paulo Rosa sobre a Educação Segundo a Filosofia Perene, disse isso e aquilo outro”. Pouco ou nada se sabe do autor desse livro, salvo o próprio Olavo de Carvalho e aqueles que conviveram com ele, incluindo o mencionado sacerdote que nem precisa ser comentado, embora reste recomendado a leitura da postagem Evangelização: da Fantasia ao Diabo. Retomando, quando o perenialismo esotérico é abordado, mesmo que através de inúmeras balizas que hipoteticamente não subverteriam o catolicismo, ainda que por uma pessoa santa, confundir-se-á, agora ou depois, exatamente com ideologias que sequestraram pensamentos de outrora, mas que não possuem mais aquelas qualidades simbólicas. Noutros termos, apesar de diferentes religiões vislumbrarem Deus igualitariamente, concluindo que Sua natureza é indescritível, justamente pelos seres humanos serem limitados, incapazes de conterem a onisciência, onipresença e onipotência, meditar sobre a Santíssima Trindade correlacionando Brama, Vishnu e Shiva; Anu, Enlil ou Ea; Ísis, Osíris e Hórus é olvidar o Evangelho e retroceder ao passado que antecedeu até mesmo o Velho Testamento. Qual seria a intenção de retornar ao início do mundo se Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida? Provar que sempre existiu um conhecimento desde o primeiro momento da criação? Isto é fato! Contudo, parece que tal comprovação poderia ser objeto de relevância ao ponto de permitir a intromissão do profano no sagrado só por um capricho do intelecto. Também não se vai afirmar que por ser uma persecução equivocada que ali esteja operando forças demoníacas, apesar dos extratos poderem ser diabólicos, divergentes do simbólicos que são próprios da constituição da fé. Como posto naquelas postagens indicadas anteriormente, respectivamente sobre a corredenção mariana, afastando as ponderações na catequese do Papa Francisco (evidentemente também pelos pontífices anteriores), mesmo São Luís Maria Grignion de Montfort, canonizado pelo papa Pio XII (responsável por dogmatizar a Assunção da Virgem), seria considerado um herege se entendido que ser verdadeiro servo de Maria é condição substitutiva daquele que quer ser discípulo genuíno de Nosso Senhor, segundo o ponto 111 do Tratado da Verdadeira Devoção da Santíssima Virgem, embora Ele não demande intermédios por Ser único e insubstituível mediador – questão já discutida nas publicações deste Enquirídio (valendo lembrar do sentimentalismo, que não ajuda muito e prejudica a compreensão das coisas como estão realmente colocadas). Entretanto, note que esse tema, apesar de resolvido (agora, sobretudo, depois do Santo Padre ter colocado um ponto final em devaneios sentimentalistas sem fundamento religioso), condiz com tônica que muitos cristãos nem querem ouvir falar, seja por medo ou aversão infundada nos mistérios próprios das experiências místicas católicas.

6. Só para ficar claro: São Luís Maria Grignion de Montfort jamais propôs a corredenção de Maria, sendo tal ideia uma derivação equivocada daqueles que tiveram contato com seu livro ou através de leitores intermediários que repassaram uma interpretação completamente distorcida da realidade, sobrevindo, infelizmente, através da Tradição Católica, disparates que mesmo o Papa Francisco, jesuíta de indubitável devoção mariana, precisou dirimir (sendo certo que lendo as postagens indicadas o leitor poderá entender plenamente toda a questão e o motivo pelo qual admitir filosofias que comparam religiões é perigoso e imprudente do ponto de vista católico). Dessas e outras o perenialismo esotérico, abordado como filosofia perene, merece ser evitado em prática, ou seja, poder-se-ia lê-lo? Claro! Entretanto, valeria antes disso questionar a finalidade dessa leitura, sendo recomendado afastar-se dela se intentando satisfazer vãs curiosidades. Apenas as investigações que são empreendidas com convicção na fé em Jesus Cristo, mesmo assim através da razão que poderia ser balizada pelas lições dos santos e doutores da Igreja Católica, donde o Evangelho é sempre apontado, poderiam ser satisfatoriamente realizadas. Então, quando o Olavo de Carvalho se debruça em assuntos daquilo que o faz enquanto membro do laicato, estaria menos passivo aos equívocos se deixasse de relacionar tudo aquilo que sabe sobre outras religiões? Se um dogma budista interferir naquilo que alguém tem por identidade, mesmo assim supostamente estabelecida no catolicismo, significaria que não conseguiu se estabelecer naquilo que afirmou ou confundiu pedra com areia e ergueu seu próprio castelo ao invés de edificar sobre aquilo que estava firmado desde quando Nosso Senhor firmou em São Pedro. Percebe? Mas uma resposta contundente sobre essa coisa louca que foi estabelecida, muito por uma oposição estúpida acerca dessa pessoa e a capacidade que tem por provocar o conhecimento numa nação que estava entregue ao fracasso e à imposição cultural forjada em valores anticristãos, poderá ser percebida no depoimento de Padre Paulo Ricardo no link abaixo, bastando utilizar a ferramenta de busca do navegador ao procurar por seu nome ou pela data de 14 de novembro de 2019, especialmente quando acrescenta: “agora, enquanto ‘grande filósofo’ não quer dizer que ele deva dar aula de catecismo, porque não é essa a especialização dele. A especialização dele não é teologia, ele não vai vir dar aula de catecismo pra mim”. Resolvido?
7. Agora releia o provérbio chinês: o mestre aponta o céu; o tolo observa o dedo e o sábio enxerga a lua. Primeiro que poderia ser rotulado de comunista somente por referenciar a cultura da China, aderente ao comunismo só depois da revolução cultural de Mao Tsé Tung, mostrando apenas que tal expressão está mais certa do que se imagina. Agora se permita alterar aquela construção no seguinte: Olavo de Carvalho aponta a filosofia; o tolo observa seu cigarro e palavrões e o sábio enxerga uma oportunidade de conhecimento para além daquele que apontou. Quem escreve este Enquirídio não fuma nem bebe (álcool), eventualmente fala palavras que mamãe não ensinou, mas não nutre ódio por aqueles que são dependentes desses hábitos. Lamenta, como também lamentam deste outras coisas – assim é a vida. Imagine contratar um professor de inglês, que não tem experiência em outros idiomas, exceto o nativo (português), querer com ele aprender alemão – não vai dar certo! Igualmente assim funcionou para Padre Paulo Ricardo e tantos outros, pois nele quiseram sua maneira de filosofar, mas não necessariamente o pacote completo, incluindo suas possíveis reminiscências islâmicas ou maçônicas, como assim dizem, sobre esta última, mesmo sua filha Heloísa, filiada ao Partido dos Trabalhadores – PT, alguém que provou tragicamente que seu pai tinha razão sobre a contribuição do pensamento socialista na desconfiguração da família em proveito da estatização e supressão da Tradição Católica, ora p*. Dizer que ele não esculhambou a escalada do socialismo no Brasil é desonesto, assim como dizer que foi melhor catequista de todos os tempos – longe disso! Colocá-lo num pedestal é justamente o oposto daquilo que poderia desejar tendo em vista um plano de reestruturação moral donde participam os liberais e conservadores, aqueles com inclinações mais econômicas e estes voltados a aspectos educacionais, divergindo apenas nas questões religiosas, pois quem está dentro do liberalismo “automaticamente” realiza contraposição ao conservadorismo. Ninguém que afirme ser conservador-liberal tem prestígio, especialmente quando se alega maçom, porém, católico, ingenuamente esquecendo por tolice ou omitindo por esperteza a incompatibilidade existente entre uma coisa e outra.

8. Talvez o problema seja esse: tanto liberais quanto conservadores se valeram do pensamento de Olavo de Carvalho ao ponto que ele próprio, através dos pupilos, sempre seja incompreendido, exceto quando falava ou escrevia certas asneiras em mídias sociais sem precedentes – dispensando qualquer mediador para conferir sua autoria, embora, como dito, tire-o pelo Curso On-line de Filosofia – COF, mas não por aquilo que ele poderia errar igualmente qualquer outro pelas imposições do tempo. Verdade seja dita: maçons e católicos não podem ter mesmo mestre, sendo arriscado confundirem alhos por bugalhos. Sobre política, filosofia e estratégia como derivação destas é recomendabilíssimo, porém, tratando-se de religião, prefira Padre Paulo Ricardo, aluno dele, pois como disse: “ele não vai vir dar aula de catecismo pra mim”. Pronto!
Sábio é aquele que percebe através das imperfeições das criações uma possibilidade de vislumbrar a perfeição do Criador.
9. Olhe para onde o dedo aponta! Conselho que certamente poderá balizar quem quiser conhecer as obras de Olavo de Carvalho, mas sem sofrer influência do perenialismo esotérico que carrega por ter experiências com Guénon, Schuon, al-Alawi etc. Filosofia é ferramenta; não uma finalidade em si mesma, assim como política ou mesmo a estratégia provinda de ambas, donde só prestam se servirem para beneficiar ou conter um malefício. Contudo, entenda que aquilo que não for proveitoso ao cristianismo precisa ser evitado, mesmo que por uma sabedoria profunda ou conhecimento espetacular, donde Karl Marx continua prosperando na Teologia da Libertação justamente por relativizarem a religião, assim como fazem os “maçons-católicos” da moral “judaico-cristã”, mas que admitem o islã e o budismo, embora isso não seja incentivo à segregação ou aversão à fraternidade aos moldes das recentes cartas encíclicas de Papa Francisco, mas tão somente cautela. Sábio é aquele que percebe através das imperfeições das criações uma possibilidade de vislumbrar a perfeição do Criador.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. O Mestre Aponta o Céu. Enquirídio. Maceió, 05 jun. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/06/o-mestre-aponta-o-ceu.html.

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