17.4.22

Evangelização: da Fantasia ao Diabo

Um padre – diga-se de passagem devidamente ordenado – causou uma verdadeira revolução na internet, projetando nos cristãos de língua portuguesa certos conhecimentos fantásticos e outros relativos ao diabo que têm atraído a atenção da hierarquia da Igreja Católica e enorme parcela do laicato. Quem?
Gandalf Vs. Balrog
Flavio Hoffe. Gandalf Vs. Balrog.
1. Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior – pronto: está dito! Agora aos fatos: acusam-no de evangelizar através de contos de fadas e amedrontar criancinhas com historietas sobre seres infernais que não existem no universo. Evidentemente que apontam os cursos sobre J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis da plataforma Christo Nihil Præponere - CNP.

2. Embora a admiração pelo padre seja constante, concordar com que diz abertamente, muitas vezes sobre contextos específicos que nem juízo de valor é possível levantar de supetão, certamente é complicado, sobretudo por algumas questões que precisam ser apreciadas: a) discordância plena sobre certos pontos, embora não relacionados a aspectos canônicos da Igreja Católica, mas sim socioculturais; b) precipitação parcial a respeito de posições que demandam (re)conhecer o grande panorama do pensamento argumentado; c) erro puro – geralmente quando se contesta Padre Paulo Ricardo acontece esse “fenômeno” natural ao homem, apesar de amplamente remediativo. Ainda assim é preciso perceber as circunstâncias das colocações! Exemplificando, noutra postagem, qual seja, Harry Potter e a Companhia de Jesus, abordando uma publicação realizada no portal do Padre Paulo Ricardo sobre os livros dos bruxinhos, realizou-se um verdadeiro acautelamento dos possíveis excessos da equipe. Somente para ilustrar, quando a astrologia foi mencionada, exclamou-se no Enquirídio: agora vão descer o sarrafo no professor Olavo de Carvalho! Não. Tratava-se somente da experiência da autora original do artigo traduzido pelo site, qual seja, Toni Collins, virando uma situação demasiadamente forçosa para explicar que aquela série literária poderia levar católicos a procurarem práticas de bruxaria ou conhecimentos no ocultismo, justo por ela ter percebido semelhanças, embora tivesse experienciado lamentavelmente coisa piores durante a vida do que num punhado de palavras organizadas em um enredo fantástico que vislumbram aparentemente a realidade dos poucos que realmente se envolvem com rituais mágicos ou recitações de feitiços – seria o mesmo que temer pelas teses fajutas, copiadas por Dan Brown de outros escritores já colapsadas, sobre o Santo Graal e Maria Madalena (e a descendência de Jesus Cristo na linhagem carolíngia) – maluquice! Recentemente o pessoal do CNP (Christo Nihil Præponere) compartilhou (fazendo a tradução) uma outra matéria que afirma ser louvável a “ateia” (imputação já caducada, talvez) J. K. Rolling, escritora que concebeu Hogwarts e tudo mais, confrontar a cultura do medo, justo quando Padre Paulo Ricardo está promovendo o curso do protestante C. S. Lewis a respeito das Cartas de um Diabo a seu Aprendiz, donde, novamente, poderiam ali encarar como receita de bolo ao neopaganismo aos moldes do globalismo ideológico, embora seja o justo oposto, sendo apresentada no intuído de revelar as tramas dessas entidades da Nova Ordem Mundial, tidas por piadas por certos catequistas que esquecem convenientemente da tentação do mundo pelo decaído.
3. Ressalta-se primeiramente que Padre Paulo Ricardo foi ordenado sacerdote por São João Paulo II, donde aos que maledicentemente especulam sua entrada no sacerdócio ou mesmo duvidam desta por sua atuação no âmbito digital, considerem encerradas quaisquer dúvidas, mesmo que projetadas para causação de escândalo. Dentre os websites que não medem esforços para escarnecer o sacerdote ordenado por santo, transparece o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, donde o autor de “Pandemia Cristofacista”, adorador de Judith Butler e protestante-evangélico, Fábio Py, tenta vender uma imagem distorcida, tanto do Padre Paulo Ricardo, quanto da Igreja Católica, visando atrair os cristãos sem ou com pouca identidade fundada no catolicismo. Verdade seja dita: para quem deseja conhecer realmente uma pessoa, busque-a primeiro; evite rodear sendo possível ir diretamente.
4. Também vale informar que Padre Paulo Ricardo, quando trouxe uma obra de C. S. Lewis ao curso, aproveitou também para explicar os limites do cristianismo conforme a Igreja Católica e aquilo que provém da mente protestante, embora tenha se servido daquelas Cartas de um Diabo a seu Aprendiz em nítida oferta de conteúdo com capacidade de estabelecer ao cristão, católico ou reformado, verdades que determinados sacristãos ousam duvidar e repudiar para agradar o público adepto da modernização religiosa contra o sacerdote “medievalista”.

5. Acontece que depois de Padre Paulo Ricardo o Brasil se tornou mais católico e o cristão, antes protestante, baqueado a aceitar a verdade: Jesus Cristo é cabeça do corpo Igreja Católica Apostólica Romana – pronto e fim de papo! Lógico que Canção Nova e tudo mais contribuíram, desde antes, ao catolicismo no país, porém, dadas as circunstâncias, especialmente relativistas, restou ao Christo Nihil Præponere – CNP segurar a peteca, assim como fazem outros sacerdotes e demais organizações em benefício da fé.

6. Quem diria que uma fantasia poderia trazes cristãos de volta para casa? Através do Senhor dos Anéis, Padre Paulo Ricardo matou dois coelhos com uma cajadada só: reavivou o empenho literário ao passo que injetava cristandade nos alunos do curso sobre J. R. R. Tolkien. Aquele que leu tal obra após as aulas naquela plataforma deixou de temer os calhamaços no mesmo tempo que começou a perceber como a mente católica opera sempre em busca de satisfazer os divinos desejos de Nosso Senhor.

7. As críticas ao curso sobre J. R. R. Tolkien quase inexistiram, talvez por ele ser católico reconhecidamente e adorado por nerds/geeks ateus, embora tenha escrito sobre feiticeiros malignos, objetos mágicos e criaturas fantásticas. Porém, quanto ao curso do C. S. Lewis, brilhantemente abordado por Padre Paulo Ricardo, demorou pouco até surgirem os primeiros ataques, donde uns acusam o sacerdote de se desviar do catolicismo ao abordar uma obra de um protestante, outros de querer provocar uma santidade forçada nas pessoas a partir da imposição do medo – bobagem! Lógico que existem até “bispos” com teorias fatalistas que desvirtuam o cristianismo, gerando movimentos "jihadistas" contra papas (avalie padres) ou abandono da fé, conforme questionado em Bispo Sedevacantista no Brasil? Quando o assunto machuca os calos de alguns, quando as instruções de Screwtape se assemelham aquilo que alguns olvidam, tratam de medievalismo ultrapassado, indigno de sobreviver em tempos de tamanha modernização. Seria isso mesmo?

8. Na sétima carta, lembrando tratar-se de um texto em forma de sátira, estaria o diabo explicando ao sobrinho que “nossa política para o momento é de nos mantermos ocultos”, embora nem sempre assim fosse, revelando adiante um dilema curioso, qual seja, deixando os humanos de acreditarem nos demônios, estes perdem as consequências prazerosas do terrorismo imediato e a produção de bruxos (ocultistas), porém, quando acreditam, abandonam os homens o materialismo e o ceticismo. Adiante, explica que uma vez que tenham tornado o mundo (finalidade) o objetivo da fé (meio), estar-se-ia obtendo êxito no empreendimento (angariar almas ao inferno), incluindo os seguintes termos:
E faz muito pouca diferença que tipo de fim mundano ele esteja perseguindo. Desde que os encontros, as panfletagens, as políticas, os movimentos, as causas e as cruzadas importem mais para ele do que as orações, os sacramentos e a caridade, ele será nosso – e quanto mais “religiosos” (nesse termos) forem os homens, mais seguramente os teremos em nossas mãos. Há jaulas repletas de gente desse tipo aqui embaixo.
9. Se as circunstâncias trazidas por C. S. Lewis, remontadas de 1942, repercutem mesmo no presente, seria prudente considerar que Padre Paulo Ricardo, apresentando e comentando em curso a obra dedicada ao amigo de J. R. R. Tolkien, qual seja, Cartas de um Diabo a seu Aprendiz, somente precisa lembrar de ofício aos católicos que empenhos demoníacos existem, materializam-se de diversas formas no mundo – e o maior desserviço aos trabalhos da Santa Igreja é tentar fazer o cristão pensar que tudo isso são contos que conduziriam as pessoas ao caminho da loucura ao invés da santidade. Mesmo discordando às vezes (donde o equívoco é quase certo) do Padre Paulo Ricardo (especialmente em temas próprios da Santa Igreja), sobretudo quando política e religião se misturam, melhor confiar em um sacerdote que por imensa dedicação a Nosso Senhor vem promovendo a pavimentação à conversão de um país todo do que as dúvidas projetadas por engenheiros da religião social(ista) que sequer conseguem colocar uma pedrinha na construção daquilo que dizem querer erguer a Deus.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Evangelização: da Fantasia ao Diabo. Enquirídio. Maceió, 17 abr. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/04/evangelizacao-da-fantasia-ao-diabo.html.

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