14.9.21

Alcorão: Um Livro de Um Homem

Através deste breve ensaio, será possível compreender a enorme diferença entre aquilo que foi fixado por Jesus Cristo e a tentativa humana de um indivíduo em fundar uma religião sem amparo da razão, mas tão somente por próprias convicções, tendo o tempo como conselheiro ao empreendimento.
Recitando o Corão
Osman Hamdi Bey. Recitando o Corão.
1. Maomé, como é conhecido no ocidente, buscou uma alternativa ao judaísmo, cristianismo e paganismo da época, algo por volta de 620 d.C. Objetivava, talvez num primeiro momento, propagar uma mensagem pacificadora, uma vez que tivera um início de vida muito triste, cheio de perdas. Porém, depois de ganhar espaço político, mudou sua percepção a cerca dos critérios que agradavam a Deus, passando de pacifista a agressor, embora sempre se valendo de mensagens recebidas para justificar aquilo que culminou no Alcorão. Introdução muito breve, verdade, para conclusões que demandariam a extensão de toda a história muçulmana. Porém, muitos flagrantes podem ser encontrados ao longo do texto maior do Islã, motivo pelo qual chegaremos em conclusões extremamente óbvias para serem negadas.

2. Uma análise corânica demandaria muito tempo, mas não precisamos, agora, buscando alcançar o curtíssimo propósito deste ensaio, esmiuçar cada versículo das “suratas” (capítulos, em árabe), inclusive pela limitação bibliográfica que muitos leitores podem sofrer, motivo pelo qual abordaremos aquilo que podemos verificar em fontes confiáveis na internet. Neste sentido, pouco adianta, por exemplo, buscar a compreensão daquilo que dizem os troianos sobre os gregos, lembrando uma década de guerra travada entre Tróia e Grécia em 1200 a.C. Também não resultaria o inverso (buscando na opinião grega qualquer coisa sobre a percepção troiana). Assim sendo, passemos a entender, partindo de um quesito simples, como se justificam os muçulmanos no Brasil quando questionados sobre a “guerra santa” ou “jihad”.
3. Ao realizar uma leitura atenta do artigo acima, publicado pela Arresala no próprio site, perceberá de início que todas as premissas do presente ensaio se fazem presentes, quais sejam: a) fundação de religião sem amparo da razão; b) predominância de convicções (maometanas); c) tempo como conselheiro ao empreendimento (expansão do islamismo). Inicialmente, o leitor ficará confuso com informações preliminares, donde a tradução de “jihad” não poderia ser jamais confundida com “guerra santa”, uma vez que significa apenas “esforço”, sobretudo no sentido de atingir os interesses de Deus ao invés daqueles meramente pessoais, tanto pela ordem externa (contra coisas ruins no mundo), quanto pela ordem interna (contra coisas ruins na pessoa). Parece, inicialmente, uma boa medida religiosa, porém, quando a organização para expansão do Islã no Brasil afirma que “não há qualquer base histórica ou filosófica” que possa apontar o conceito de “jihad” com “guerra santa”, comete um equívoco. Talvez a colocação “guerra santa” jamais tivesse existido na concepção islâmica, embora o “esforço” culminasse em conflitos para conversão de judeus, cristãos e pagãos, conforme lembrado na Sétima Controvérsia da entrevista de Manuel II Paleólogo, imperador bizantino, ao “erudito persa” (talvez um pseudônimo para si mesmo), aproximadamente 1391 d.C. Lembrando que Constantinopla, capital do Império Bizantino, sofria constantemente com investidas adversárias, desde os sarracenos até os otomanos. Neste ponto, talvez seja impossível entender o contexto para justificar que Saladino ou Maomé II (apenas o nome faz relação ao autointitulado profeta) tenham guerreado contra cristãos para converter, pois mais parece que tenham realmente desempenhado seus exércitos para combater, pouco importando se primeiro como investida ou segundo como vingança, uma vez que, sendo ambos supostos aderentes ao livro legado por Maomé.

4. Apenas num único parágrafo, toda ressalva da Arresala se contradiz, sendo necessário esmiuçá-la para permitir a compreensão necessária. Assim sendo, releia atentamente agora aquilo que explica:
Mas o Jihad pode também significar uma luta armada? Sim. Uma vez que o Jihad abrange todas as formas de esforço para o bem e a justiça, o Islam reconhece o direito de defesa (da comunidade ou nação) contra a agressão, e o uso da força nesse empenho quando for absolutamente necessário.
5. Na referida colocação, existe nitidamente uma diferenciação entre os termos “Jihad” (“J” maiúsculo) e “jihad” (“j” minúsculo), sendo o primeiro um conceito relativo à abrangência de esforços e o segundo correspondente à palavra “esforço” propriamente dita, dependendo, portanto, de contextualizações para compreendê-las nas devidas circunstâncias, motivo pelo qual estamos lidando com uma expressão extremamente relativa, tanto por natureza, quanto por designação. Assim sendo, momento algum o artigo da Arresala se dirigia a outra expressão que não fosse correlato a “guerra santa”, conforme escreveram, embora devessem ter escrito com iniciais maiúsculas para expressarem perfeitamente a correlação pretendida – passamos a designá-las, portanto, corretamente a partir daqui.

6. Ao elencarem conceitos como “bem” e “justiça” para justificarem o emprego da “Jihad”, compreendida exatamente como explicada, ou seja, “todas as formas de esforços”, afirmam que condiciona o Islã (Islam ou Islão, esta última usada pelos portugueses) a “Jihad” em “direito de defesa”, podendo ser uma comunidade ou mesmo uma nação inteira, contra a agressão, embora não exemplifiquem, propositadamente, quais seriam estas circunstâncias. Não seja por isso, pois, conforme colocado na postagem Oriente Médio, Alcorão, Guerras deste Enquirídio, apenas para trazer um exemplo mais fácil e acessível, observa-se as medidas apresentadas, reacionárias, remetidas ao Código de Hamurabi (composto em 1770 a.C.), donde se lê no versículo 126 da “surata” 16 algo idêntico a famigerada Lei de Talião, qual seja, “olho por olho, dente por dente”: “quando castigardes, fazei-o do mesmo modo como fostes castigados”. Verdade que nesta mesma passagem está escrito: “porém, se fordes pacientes será preferível para os que forem pacientes”, apesar de paciência não ser condição alguma, tendo em vista ser muito mais uma condição abonadora de punição para aqueles que poderiam ser julgados como covardes diante da “Jihad”, sobretudo perante aquilo que foi explicado no artigo da Arresala:
Diante de total ausência de alternativas à luta, o jihad,
na forma de uso da força, se torna um dever coletivo.
7. Notem que desta vez trouxeram “jihad” com “j” minúsculo de maneira proposital, sendo, talvez, compreendido por “esforço”, porém, “na forma de uso da força”, significando que ainda estão se referindo a modalidade do “Jihad”, uma vez que esta abrange aquela. Desta informação é possível entender por qual motivo o Alcorão trouxe uma ressalva no versículo 126 da “surata” 16. Independentemente da observação levantada, torna-se evidente que bastaria apenas uma mínima convicção para desencadear todo o efeito da “Jihad”, incluindo suas formas de “jihad”, sobretudo em propósito da “Guerra Santa” que tanto tentam se esquivar. Ou seja, se outra fé se demonstra inimiga do Islã na perspectiva do muçulmano, este teria (tem) amparo no Alcorão para realizar a justiça em nome de Deus, empregando qualquer forma que possa ser justificada no texto islâmico, sendo patente o preenchimento da segunda premissa deste ensaio, sobretudo diante daquilo que vem adiante:
Essa modalidade de jihad foi estipulada por Deus Altíssimo no Alcorão ainda nos primeiros tempos do Islam, quando a perseguição ao Profeta (S.A.A.S.) e aos seus seguidores chegou a um ponto em que não havia outra alternativa senão a defesa.
8. Inexiste qualquer escapatória para aquilo que foi afirmado por Deus. Sendo o amor a medida de Jesus Cristo, como a “jihad” que emprega a utilização de armas, que empreende as guerras, poderia ser “estipulada” pelo “Altíssimo”? Como se não bastasse o flagrante da completa e inequívoca ausência de razão nesta pretensa religião, somente neste final de parágrafo a terceira premissa é amplamente amparada, quando apresenta o caráter temporal da redação do Alcorão, especificamente tento em vista o trecho posto pela Arresala ao explicar que a tal “jihad”, embora quisesse ter registrado “Jihad” ou “Guerra Santa”, quando Maomé ainda estava sob perseguição, dando a entende que naquela época o Islã já estava fundamentado textualmente, quando se identifica o contrário, assim como ficou registrado em Oriente Médio, Alcorão, Guerras, postagem deste Enquirídio. Como Deus poderia ser tão ardiloso? Deus é certo em todas as coisas. Prometeu seu filho ao mundo e assim cumpriu. Através de Jesus Cristo livrou o pecado do homem e apresentou sua maneira de pensar e fazer as coisas na Terra efêmera de maneira a conduzir toda a gente ao Paraíso eterno. Quem conheceu o Nosso Senhor, entendeu o poder do amor e o propagou. Assim foram os primeiros discípulos, desde aqueles que com Ele estiveram presentes no início da peregrinação, chegando ao calvário ressureição (continuando no anúncio), até os que foram modificados em proveito do propósito da fé. Mesmo Saulo de Tarso, perseguidor de cristãos, curvou-se de maneira inquestionável pela intervenção de Jesus Cristo, passando disto para Paulo, quem legou as belíssimas conclusões para aqueles que têm dúvidas sobre a verdade. Assim deixou copiado no capítulo 13 da primeira epístola aos Coríntios:
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três.
Porém, a maior delas é a caridade.
9. Porventura, Maomé era sim alguém versado de religiosidade, mas não achou quem lhe desse sequência nas palavras de Deus. Jesus Cristo lhe foi uma experiência de longe, estranha, ineficaz. Infelizmente o Alcorão, embora expresse a unidade divina, possui grande inclinação ao conflito, sobretudo armado. Verdade que muitos mulçumanos, talvez aqueles da Arresala, possuam uma interpretação benéfica dos textos corânicos, praticando a prosperidade juntamente com judeus, cristãos e pagãos. Porém, parece que também o islamismo, assim como o termo “Jihad” (com “J” maiúsculo), incluindo a “jihad” (com “j” minúsculo), varia a depender do contexto, pois numa nação equilibrada, tende ao equilíbrio, mas não ocorre o mesmo num país desequilibrado, donde havendo o conflito, conflituoso será o Islã.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Alcorão: Um Livro de Um Homem. Enquirídio. Maceió, 14 set. 2021. Disponível em https://www.enquiridio.org/2021/09/alcorao-um-livro-de-um-homem.html.

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