16.8.22

Infiltração Feminista na Santa Sé

Às vezes os indícios da infiltração ideológica na Igreja Católica estão em coisas tão sérias que são até difíceis de perceber ou mesmo de acreditar, embora os infiltrados, como será visto neste artigo, assoberbados com vãs concepções mundanas, tenham feito questão de se evidenciar, como um serial killer.
Louis Daguerre. As Ruínas da Capela de Holyrood.
1. Primeiramente, seria ideal o leitor apreciar por completo o documento “A Interpretação da Bíblia na Igreja” elaborado pela Pontifícia Comissão Bíblica, datado de 15 de abril de 1993, embora o objeto da presente investigação não dependa da integralidade contextual, bastando observar o conteúdo presente em “Abordagem feminista”, especialmente a anotação que solicitaram fazer constante em meio de duas outras ao longo de todo o texto (cerca de 160 páginas na versão impressa da Paulinas), sobretudo para salientar uma inconformidade que tem passado despercebida aos católicos, mas que não apenas revela uma ruptura clerical, como torna clara e certa a “conjuração anticristã” empreendida nos últimos séculos.
2. Analisando rapidamente o conteúdo presente em “Abordagem feminista”, percebe-se do primeiro ao quinto parágrafo um resumo breve sobre a origem dessa forma de hermenêutica, incluindo suas segmentações, quais sejam, radical (apostata), neo-ortodoxa (herética) e crítica (cismática). Adiante, explica os critérios, donde um segue as desconfianças decorrentes da teologia da libertação e o outro apenas da sociologia. Depois dessas explicações os redatores do documento se concentraram em discorrer sobre o papel da mulher na melhor exegese, remontando na sequência o patriarcalismo do Velho Testamento, embora, consoante disseram, Deus também tivesse a ternura maternal (amor de mãe).

3. No penúltimo parágrafo a exegese baseada no feminismo foi contestada naquilo que argumenta ex silentio, obviamente por seu caráter duvidoso, incluindo a subversão que decorre ao rejeitar os textos inspirados ao preferir uma construção hipotética diferente. Apesar dos rígidos termos, mesmo assim inseridos apenas nas derradeiras colocações em “Abordagem feminista”, absolutamente nada contrariaria tal ideologia, uma vez que tão somente uma apresentação e alerta mínimo foram feitos, abrindo mais lacunas ao invés de fechá-las apropriadamente, restando à parte sã da Pontifícia Comissão Bíblica acrescentar um parágrafo que abordasse o poder como serviço, consoante o ensinamento evangélico.

4. Repare ao final do parágrafo a presença do número dois sobrescrito, indicando nota explicativa. Lendo e relendo o conteúdo em “Abordagem feminista”, parece impossível acreditar que tal alínea inteira tenha configurado objeto de controvérsia. Embora aprovada por maioria simples, quase metade daquela Pontifícia Comissão Bíblica foi contrária, votando contra ou se eximindo de votar. Neste ponto, pareceu prudente revisar os conceitos de português para entender a explicação anotada quando se refere ao “texto desta última alínea”, tratando-se, segundo a professora Flávia Neves, de um tipo de estruturação da linguagem escrita que indica a divisão de um tema ou assunto.

5. Na verdade, as letras maiúsculas, conforme explicação em “Novos métodos de análise literária” constante no início do documento, foram tidas por parágrafos, dando ideia de serem alíneas os textos indicados por números, embora ao comparar as versões em português com originais em italiano, verificou-se, realmente, tratar-se de um equívoco do tradutor, sobretudo diante da reedição comentada, realizada pelo jesuíta que foi membro daquela Pontifícia Comissão Bíblica, conforme se perceberá a seguir, mas não antes de expor os problemas da pesquisa ao buscar informações em acervos antigos, indisponíveis digitalmente, mas que, felizmente, acabam sendo citados em outras obras, acessíveis mesmo parcialmente. Também é oportuno explicar como dezenove nomes foram encontrados para levantar hipóteses sobre os defensores da ideologia feminista infiltrados na Igreja Católica, bastando apenas conferir a lista completa em italiano e perceber aqueles que estavam ativos, conforme a datação de “A Intepretação da Bíblia na Igreja”.
6. Uma das questões mais difíceis de se verificar é a produção acadêmica do século passado, como é o caso do artigo em italiano L'Ermeneutica biblica femminista di E. Schüssler Fiorenza, publicada pela Facoltà teologica del Triveneto em 1990 no volume 37 da Studia Patavina, donde o autor, monsenhor Giuseppe Segalla, membro daquela Pontifícia Comissão Bíblica, aparentemente possuía interesses em assuntos versados a respeito do feminismo. Todavia, pouco ou nada se pode dizer do presbítero sem acessar o conteúdo por ele produzido, exceto por uma pequena brecha literária deixada por Joseph Augustine Fitzmyer, S.J., alguém dentre aqueles 19 eleitores da alínea citada, quando republicou tão somente para comentar em inglês “A Interpretação da Bíblia na Igreja”, espalhando notas explicativas particulares no documento inteiro para indicar obras feministas. Pior! Explicou a famigerada votação, confirmando suspeitas que dispensariam alguns levantamentos anteriores, mas que por comporem um estudo independente, continuam valendo como produto do esforço investigativo.
O texto parecia-lhes estar falando com as mulheres do ponto de vista masculino.
7. Segundo sua versão comentada do documento da Pontifícia Comissão Bíblica, Joseph Augustine Fitzmyer, S.J., alega que aquele último parágrafo (tratado por alínea na tradução em português) em “Abordagem feminista”, traduzindo do inglês, reflete a seguinte questão: “Nem todos os membros concordaram com a formulação do último parágrafo. Um rodapé no documento registra a votação sobre ele. Aqueles que discordaram de sua formulação pensaram que estava tocando em uma questão sensível na Igreja hoje e que era inadequado para aqueles no poder (os membros inteiramente masculinos e clericais da comissão) emitir uma advertência sobre humildade aos outros (mulheres exegetas) que atualmente não desfrutam de status semelhante na Igreja. O texto parecia-lhes estar falando com as mulheres do ponto de vista masculino”. Adiante é possível acessar um pequeno trecho do livro do jesuíta, porém, significativo o suficiente para encontrar nas páginas 96 a 102 todo o texto e a explicação relativa à oposição que culminou naquela votação.
8. Pensava-se no início do presente estudo que poderia ser desgastante encontrar subsídios que confirmassem a infiltração ideológica na Igreja Católica, sobretudo por não acreditar que houvesse discordância na Pontifícia Comissão Bíblica sobre um texto que não diz outra coisa além do certo. Assim é que o parágrafo foi redigido: “A exegese feminista propõe muitas vezes questões de poder na Igreja que são, sabe-se, objeto de discussões e mesmo de confrontos. Nesse domínio, a exegese feminista só poderá ser útil à Igreja na medida em que ela não cair nas armadilhas mesmas que denuncia e quando ela não perder de vista o ensinamento evangélico sobre o poder como serviço, ensinamento endereçado por Jesus a todos os seus discípulos, homens e mulheres”. Permita-se dissecar suas colocações: a) sobre as questões de poder através da exegese feminista, trata-se da vontade de se introduzir mulheres no clero, obviamente; b) as discussões e confrontos se dá em decorrência da divergência não por melhor conduzir a Santa Igreja, mas por desejos mundanos em conflito mesmo com questões da própria Tradição; c) utilidade da exegese feminista sem que contrarie seu objetivo em proveito da verdade e contanto que jamais se esquive do Evangelho; d) poder como serviço tendo o homem e a mulher ligados a mesma mensagem de Nosso Senhor. Onde, então, está o erro? Seria, agora, inadequado evangelizar? Dizer aquilo que disse Jesus Cristo é estabelecer um ponto de vista masculino? Deus, portanto, seria questionável por não ser Shakti, Amaterasu ou Lilith? Observe atentamente quando Joseph Augustine Fitzmyer, S.J., menciona “os outros (mulheres exegetas) que atualmente não desfruta de status semelhante”, dando plenos indícios de que um poder clerical feminino ou feminista (ideológico por natureza) solucionaria o problema, pois, certamente, aquela redação tomaria outra estrutura e agradando sabe-se lá quem – talvez o próprio Diabo, pelo visto.

9. Assoberbados com vãs concepções mundanas... Quando um padre se vê na necessidade de embargar uma orientação da Santa Igreja por acreditar que precisaria das mulheres exegetas para concluir o indiscutível, polarizando o clero e promovendo uma politicagem no âmago da Sé Apostólica, esquece por completo que Nossa Senhora é a Mãe da Igreja, corpo místico de Jesus Cristo, cabeça e filho da Virgem Maria! Acaso seria homem? Maldade, maquinação, mancomunação: assim pensa a mente de quem se acha maior, inclusive do que as Sagradas Escrituras. Joseph Augustine Fitzmyer, S.J., certamente se entregou ao universo acadêmico de maneira a contribuir, porém, imbuído naquele mundo, acabou se contaminando com ideologias que muito bem poderiam passar despercebidas se dentre suas marcas a subversão não fosse tão detectável. Conforme o próprio documento da Pontifícia Comissão Bíblica, estudos que valorizam a mulher, buscando nas diversas maneiras de se interpretar a Bíblia, porém de forma responsável e entendendo os limites existentes, além de serem respeitados, continuam sendo encorajados, especialmente pela necessidade de ambos os sexos serem essenciais no processo de evangelização.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Infiltração Feminista na Santa Sé. Enquirídio. Maceió, 16 ago. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/08/infiltracao-feminista-na-santa-se.html.

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