26.7.24

Investigação Cartesiana III

Para quem René Descartes (1596-1650) discursava? Afinal de contas, diversos trechos no “Discurso Sobre o Método” ao menos parecem dialogar com algumas pessoas em específico, e a questão proposta surge da dúvida honesta, donde a resposta é oferecida pelo próprio filósofo.
Imagem por I.A. Retrato de René Descartes.
1. Na quinta parte do “Discurso Sobre o Método”, Descartes menciona o “erro daqueles que negam a Deus” e evidencia que “não há nenhum que afaste mais as mentes fracas do reto caminho da virtude, do que imaginar que a alma das bestas seja da mesma natureza que a nossa”. Por que dizer isto?

2. Isto foi dito porque se há quem pense “nada tenhamos que temer nem a esperar depois dessa vida”, significa que Descartes dialogava com descrentes, que não acreditavam na imortalidade da alma ou visualizavam outras possibilidades, como fazem os rosa-cruzes sobre a possibilidade da reencarnação.

3. Os rosa-cruzes, formalmente estabelecidos pelas publicações dos manifestos Fama Fraternitatis, Confessio Fraternitatis e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz em 1614, 1615 e 1616, respectivamente, acreditam na reencarnação, conforme se observa no breve livro “Evidências, Morte – Reencarnação – Carma” de Pedro Raúl Morales.

4. Embora no rosacrucianismo a imortalidade da alma seja compatível com a reencarnação, Descartes não compreende Deus como os rosa-cruzes, partindo da subjetividade pessoal para uma coisa coletiva e desforme, que não impõe regras, uma vez que não acreditam em Jesus Cristo como único Salvador.

5. Ao certo, todos os rosa-cruzes negam a Cristo, visto que devem, conforme as primeiras monografias da “Sessão dos Illuminati”, tê-Lo como um grande mestre ascensionado. Descartes, talvez por não declarar Jesus como o Deus ao qual se refere no “Discurso Sobre o Método”, corrobore o rosacrucianismo.

6. “Jesus não morreu na ocasião da crucificação”, dizem os rosa-cruzes — e o Corão. Infelizmente, os iniciados nesta seita globalista (afirmada desta forma por seu “Imperator”) somente terão como acessar essas questões ao completarem ao menos uma década dentro da “senda” de maneira constante.

7. Já em carta de 1642 ao Padre Marin Mersenne (1588-1648), Descartes afirma sua posição católica, da qual os rosa-cruzes não podem refutar, muito menos que sua tumba esteja na Abadia de Saint-Germain-des-Prés ao invés de em qualquer outro canto. Tudo isto ainda não pode encerrar a investigação cartesiana, como será visto logo mais.
Descartes a Mersenne (Instauratio Magna).
8. Qualquer ataque à Santa Igreja através do “Discurso Sobre o Método” não tem a ver com Descartes, mas com aquele que instrumentaliza seu pensamento — e a Revolução Francesa veio para provar esse simples fato. Sabe como é possível entender que mentem os rosa-cruzes? Apropriam-se de tudo como se fossem objetos.

9. Descartes foi tão rosa-cruz quanto Santa Tereza d’Ávila (1515-1582) ou São João da Cruz (1542-1591), segundo o rosacrucianismo. Percebe que são questões que podem confundir qualquer pessoa? Motivos que indicam a necessária continuidade da investigação cartesiana por este blog.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Investigação Cartesiana III. Enquirídio. Maceió, 26 jul. 2024. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/07/investigacao-cartesiana-iii.html.

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