7.7.24

Pensamento de Torcedor — C.I. #01

Nesta série de artigos (textos breves, na verdade), realizarei uma correspondência mais direta com o leitor, dirigindo-me em primeira pessoa, mesmo para estabelecer uma comunicação mais informal e amistosa, embora o primeiro assunto a abordar pareça complicado — que não é!
1. Vamos iniciar o assunto assim: pensar não tem a ver com aquilo que dizem o que é, mas com aquilo que você de fato sente — e o perigo mora aqui! Se um sujeito acha que o que sente é automaticamente um pensamento, certamente as decorrências desse pensar serão muito parecidas com qualquer coisa entre “ai”, “ui” ou “mimimi”.

2. Eu poderia tentar dissuadir o sujeito de que as reações que ele vai tendo ao passo que sente alguma coisa simplesmente não são pensamentos, mas tão somente “espasmos” ou “convulsões” mentais. Lógico que ele ficaria muito “p” da vida, ao ponto de me cancelar — não é o que fazem agora? Então, vamos por partes para evitar traumas.

     O princípio da convenção sinbólica

3. Quando você olha algo (pode ser algum objeto por perto), acaso pensa, por exemplo, “ah, este é meu celular”? Não! Afinal, ele é sua propriedade (salvo se produto de roubo ou furto — aí seria melhor devolver, né?) e o aparelho já é de conhecimento universal (exceto pelos sentineleses, supostamente a tribo mais isolada do mundo — carece de fontes).

4. Porém, diante de um fenômeno não conhecido, todos têm aquele ímpeto de saber sobre a coisa, quando realizam as primeiras descrições: um diz “ah, parece uma planta”; outro fala: “ah, pra mim é uma flor” — se os sujeitos continuarem no “parece”, muito em breve vão sair no bofete para determinarem a “certeza” que vai prevalecer.

     E se a coisa for uma ideia?

5. Agora, imagine que tal fenômeno não fosse físico (o que é mais fácil de descrever, analisar e emitir um juízo de valor — dar o seu “pitaco”), mas de uma “parada” abstrata, como uma ideia, algo que veio da mente de alguém. É a partir daqui que nós podemos cometer as piores falhas enquanto “homo sapiens” (filhos de Deus, na verdade).

6. Assim como existem ferramentas para analisar os fenômenos desconhecidos (se planta ou flor), também há maneiras de verificar as ideias, se virtuosas ou subversivas; se fundamentadas ou “estórias para boi dormir”. Mas até poder dar o seu “pitaco”, precisa antes descrever e analisar o objeto — só que os caras pulam isto e saem logo no bofete!

7. Xingam o cara por falar palavrão ou acusam-no de imoral quando isto já fere os princípios da moralidade (cristã). Tudo isso ao se projetarem de maneira integral no objeto, incluindo os sentimentos (que é o que só têm), ao ponto da crítica banal à coisa se tornar uma afronta pessoal, como se fosse o sujeito a própria ideia!

     Como o povo pensa que pensa

8. Se eu (um “eu” lírico”) digo que opto pela ideia de que as pessoas são livres para pensar, logo um olha para mim e diz “ah, seu progressista burro”. Ele nem pensou, percebe? Nem ele entende os gatilhos que desencadearam tal reação. No Brasil, maioria da população pensa como torce para os times de futebol — com o coração.

9. Já pensou se eu respondo “sai daí, seu nazista idiota”? Simplesmente a ideia, o objeto de atenção, “some do mapa” — para nunca mais voltar! Os debates sérios devem ser feitos no limbo, só pode! Pensar jamais será isto. Só reação. Mas vou parar por aqui, pois continuarei o assunto nos próximos textos das Cartas Inquiridas.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Pensamento de Torcedor — Cartas Inquiridas #01. Enquirídio. Maceió, 07 jul. 2024. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/07/pensamento-de-torcedor-ci-01.html.
Pedro Rocha é católico, casado desde 2014 com Larissa Rocha – temos dois filhos na terra e um(a) com Papai do Céu. Tem por Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) especial admiração, bem como por Dom Henrique Soares. Devoto por São Tomás de Aquino. Aluno de Padre Paulo Ricardo. Bacharel em Direito e Design, cursa nas áreas de Semiótica, Gestalt, Behaviorismo e Simbologia. Mantém particular interesse sobre gêneses e declínios civilizatórios na antiguidade e reflexos na modernidade.
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