1.7.24

Investigação Cartesiana I

Conforme o conjunto de “Instruções ao Pensador”, doravante elencadas para consulta, René Descartes (1596-1650) foi por vezes citado no intuído de mostrar que sua percepção no “Discurso Sobre o Método” se preocupava com Deus, mas não por uma metafísica católica, como se verá neste artigo.
Imagem por I.A. Retrato de René Descartes.
1. Descartes exclama: “se ainda houver homens que não estejam suficientemente persuadidos da existência de Deus e da alma, com as razões que apresentei, quero que saibam que são menos certas todas as outras coisa, de que talvez se achem mais seguros, como de ter um corpo, de existirem astros e uma Terra e coisas semelhantes”.

2. Assim é que a frase “penso, logo existo”, conclusão no “Discurso Sobre o Método”, buscava evidenciar razões metafísicas e a existência de Deus numa classe cética, donde, pensando Descartes, o que é perfeito na concepção de ideias se dá através da perfeição em si ao invés do homem por ele mesmo — confira as “Instruções ao Pensador”:
I. Das formas de pensar.
II. Do colapso do pensamento.
III. Da liberdade intelectual.
IV. Da razão à lógica ou vice e versa.
V. Da convenção na ciência.
VI. Da convenção na política.
VII. Da convenção da religião.
VIII. Da reação contra Deus.
IX. Do estado contra Deus.
3. Ou seja, Deus é quem pode ceder o saber, do qual se valerá o homem, se da partícula do todo obter ao menos a fração que deve ser objeto da razão, acessível de maneira universal, portanto, verdadeira. Acontece que entre ser permitido o acesso e acessar, Descartes parece ter ajudado na concepção de subterfúgios para tanto.

4. Meios para burlar Deus e/ou sua vontade ou reduzi-Lo na matemática das várias coisas, supostamente, ao ponto de sequer ter existido. Descartes não parece ter buscado tal objetivo, mas o que foi decorrente disto, pelos fatos de agora, demonstram-se as coisas absolutamente incontestáveis, sobretudo na adoração única da razão.

5. Desta forma, Deus fora excluído da experiência que alguém poderia provar no serviço da razão, donde esta resta como sendo a divindade máxima no panteão ateísta e objeto último de qualquer descrente — ou falso crente. Mas não foi Ele excluído por Descartes, mas sim por aqueles que limitaram seu legado aos proveitos materiais.

6. Não é que Descartes seja exemplo de católico; é que o seu conhecimento permitiu o império do homem-por-ele-mesmo contrariar a Igreja Católica. Lembra-se de Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794), declarado “pai da química”? Um “título” de perder a cabeça — leia Ocultismo: Contextos e Controvérsias para notar a ironia.

7. Observe que Santos Dumont (1873-1932) teve o avião ou dirigível (ao certo ele inventou os dois) transformado numa máquina de bombardeio, sendo injusto dizer que ele queria seu invento cumprindo uma finalidade bélica. Talvez Descartes não quisesse a utilização da metodologia que descreveu para fins ateístas, embora assim tenha ocorrido.

8. Por ser tido como rosa-cruz, conforme pág. 26 do “Domínio da Vida”, notar-se-ia os gnosticismos nos pensamentos de Descartes, motivo pelo qual aquilo que escreve, mesmo ao falar de Deus, torna-se longe da Igreja Católica, especialmente pelo afastamento do que se confirma na Tradição e Magistério.
O Domínio da Vida (AMORC).
9. Ao certo, Descartes, que não tem sua defesa feita neste artigo, legou uma coisa que foi viciada, tornando-se objeto ao óbice de Deus no reduto dos ateus, donde é melhor refutá-Lo em proveito das práticas satânicas — como no caso da eugenia. Ver-se-á em artigo porvir se os problemas derivam do instrumento ou da má utilização pelos usuários.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Investigação Cartesiana I. Enquirídio. Maceió, 01 jul. 2024. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/07/investigacao-cartesiana-i.html.

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