14.11.22

Instruções ao Pensador I

Cogito ergo sum ou penso, logo existo – René Descartes (1596-1650). Claro que tratar tal dizer seria uma ânsia altiva, porém, examinar o pensamento enquanto objeto de afinco do pensador é impreterível, especialmente considerando os malefícios numa sociedade tendenciosa à substituição de verdades por convicções.
Ricardo I em Marcha para Jerusalém
Salomon Coninck. Filósofo com um Livro Aberto.
1. As formas de pensar variam a depender da qualidade do conhecimento. Significa que não são enormes acúmulos de informações que vão ser consideradas ao pensamento, mas uma quantidade qualificada, capaz de obter um formato donde nenhum devaneio acarrete interferência por conjectura injustificada.

2. Qualificar essa quantidade de informação é o trabalho do pensador. Porém, como pode empreender tal compromisso com seu próprio intelecto, servil à razão, isentando-se de realizar uma pesquisa ou investigação aprofundada? Desempenhar o pensamento difere de formar no intuito de originar, embora dependa das formas de pensar.

3. Forma de pensar são obtidas com determinadas assistências. Existem fatores que transcendem o intelectualismo e movimentam a racionalidade, porém, neste ponto, significariam empecilhos ao propósito deste conteúdo. Então, versa sobre a razão que advém do esforço humano por uso intelectual a presente reflexão.

4. Assiste ao homem o trabalho da validação, que não tem qualquer utilidade se baseada em quantidade. Probabilidades e estatísticas são assessórias aos cientistas, diferentes aos pensadores, que não vão buscar nas questões acadêmicas as respostas dos porquês mais elevados e que têm o predomínio do permanente.
Sensatez é coerência, diferente do engodo do senso comum, que é uma desculpa para justificar a indiferença intelectual.
5. Assim é que o pensar se revela aos anseios do homem enquanto ser essencial; não tão somente como ente material. Se há investigação, esta avia para examinar se um pensamento é sensato ou se merece ser abandonado. Sensatez é coerência, diferente do engodo do senso comum, que é uma desculpa para justificar a indiferença intelectual.

6. Também há de se separar a opinião imediata das formas de pensar, porque estas vão surgir com esforço mental e abertura espiritual (sendo um assunto mais intenso, que vai ser melhor tratado na próxima oportunidade), enquanto aquelas decorrem das emoções sem que procedam de um trabalho de validação.

7. Na conversa informal as opiniões imediatas, que não são aquelas do próprio conhecer, embora precisem ser ajustadas ao interlocutor em proveito da efetiva exposição, acabam originando um fenômeno mais construtivo do que um proveniente da busca pela verdade, donde a ideia é objeto de defesa contra um invasor tramado, mesmo que ele tenha razão.

8. Portanto, as conversas informais ao pensador, se se vincularem às questões que demandam profundidade, tanto para investigar, quanto para transmitir, precisam ser assistidas ao invés de participadas, cabendo ao desporto as qualidades do transitório – e o pensamento é o resultado do trabalho da validação; não das aventuras com palavrórios.
Mas que errar possa ser um ato consciente ou passível de consciência em função da razão.
9. Por fim, parece propício explicar que imaginar é diferente do pensamento ponderado. Aqui a ideia é saber que pensar se dá em formas, sendo as justas validações que são estabelecidas pelas investigações aprofundadas. Significa de imediato alcançar a verdade? Não! Mas que errar possa ser um ato consciente ou passível de consciência em função da razão.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Instruções ao Pensador I. Enquirídio. Maceió, 14 nov. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/11/instrucoes-ao-pensador-i.html.

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