20.11.22

Instruções ao Pensador IV

Descendo ao nível do meio onde se vive, pode no agora a razão servir à lógica ou vice e versa? Certamente, mas não por através das formas do pensar ou opinião imediata delas advindas noutrora, conforme colocado em Instruções ao Pensador I. Então, como de fato os produtos das situações importam?
Ricardo I em Marcha para Jerusalém
Rembrandt. Um Estudante em Uma Sala Arejada (Santo Anastácio).
1. Importam, primeiramente, como bases para determinadas circunstâncias que são apropriadas às objetividades, mas, daí, tratar-se-ia em algum tempo das intuições que também não permitem as formas de pensar tendo em vista serem pressupostas do pensamento e originadoras das intuitividades.

2. Acontece que aquilo que observam por lógica não significa ser lógico, mas ter uma característica verossimilhante. Exemplos clássicos são silogismos, donde se deduz: a) humano é racional; b) Alexander é humano; c) Alexander é racional. Porém: a) cavalo é mamífero; b) Dionísio é mamífero; c) Dionísio é cavalo. Ilógico.

3. As premissas não são passíveis de prescrições de convenções, pois numa demanda iminente, acontecem naturalmente, confundindo-se em formas de pensar ou mesmo na própria intuição, quando na verdade se trata de um circuito fechado ao desfecho com conclusões calculadas, premeditadas ou acontecidas acidentalmente.

4. Parece lógico afirmar que fumaça indica incêndio. Há lógica em certas proposição imagéticas que estimulam o homem a exercitar seu intelecto, mas não sem que uma linguagem pudesse ser definida como requisito mínimo (números, geometrias, sonoridades etc.). Tudo isso de modo material somente, donde a razão deriva de um âmbito findado nele mesmo.

5. No agora a lógica só serve à razão se se insere em um campo do saber, dentro de um sistema fechado, produto de convenção. Porém, mesmo no âmbito duma questão como consequência convencionada, quando não existem variações a respeito de um assunto, fatores externos concebem paradigmas divergentes.
Entretanto, nota-se no objeto da discussão os indícios daqueles que discutem, como se toda coisa fosse uma posse.
6. Ao se discutir um assunto, pareceria inevitável se ater ao tema, pois como algo pelo qual todo envolvimento em argumentação se dá, somente por ele uma exaustão acontece em função da matéria. Entretanto, nota-se no objeto da discussão os indícios daqueles que discutem, como se toda coisa fosse uma posse. Mas o que isso quer dizer?

7. Quer dizer que uma matéria qualquer, quando exposta às pessoas que por ela têm convenções diferentes, imprimem nela suas concepções ao invés de tratarem-na segundo sua própria natureza, gerando paralelos que nem lógica, muito menos razão, podem dirimir, salvante por uma convenção assentida ou inventada.

8. Geralmente as decorrências do meio onde se vive se confundem nos sentimentos, conforme colocado em Instruções ao Pensador II, incluindo as discursões imbuídas em emoções que não projetam na matéria a lógica à razão, mas uma concepção particular ou derivada de convenção assentida que encobre o assunto e dificulta o encontro de um desfecho.

9. Assim é que o homem, distante das formas de pensar, depara-se no relativismo, consoante em Instruções ao Pensador III, mas não por carecer de vontade de discutir ou resolver questões, mas por negligenciar essencialmente o pensamento, motivo pelo qual razão à lógica ou vice e versa só devem incidir de maneira objetiva nos limites da matéria já convencionada.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Instruções ao Pensador IV. Enquirídio. Maceió, 20 nov. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/11/instrucoes-ao-pensador-iv.html.

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