24.11.22

Instruções ao Pensador VIII

Em Instruções ao Pensador VII, percebeu-se que uma religião poderia ser convencionada ao afastar incidências metafísicas ao conceber por próprios interesses, através dos sentidos desprovidos de pensamento, divindade projetada por convicções, indagando-se, portanto, se Deus pode ser uma convenção.
Gerard Dou. Um Eremita.
1. Jamais, diga-se de início. Mas não parece ser uma questão inerente ao pensamento proporcionado, pois como verdade, busca-se entender os fenômenos que rodeiam a religião com inverdades, sobretudo na invenção de divindade circundada no interior do cristianismo, como se nota em determinadas circunstâncias. Como isso é feito?

2. Afastar-se de Deus como na Revelação depende da negação dos mistérios inerentes ao fato como base da fé, embora seja acessível pela ação da razão, dependente do pensamento, que por sua vez continua sendo objeto de insistência. Enganado pelos sentidos, acaba por reagir ao meio onde vive. Neste lugar, pouco ou nunca se doando à verdade, restou mentir.
Doar-se se contrapõe, como se nota, àquele desejo material; não por uma entrega, mas por uma retenção.
3. Como para essa reação sem apoio da razão, mesmo que tomada por uma espécie de fé sensorial, tudo deve deter um sentido tangível. Nenhum mistério seria realmente aceitável, incluindo a Revelação, demandante de doação integral para Deus. Doar-se se contrapõe, como se nota, àquele desejo material; não por uma entrega, mas por uma retenção.

4. Buscando a retenção do ilimitado metafísico na matéria limitada, significa que qualquer indivíduo que proceda dessa maneira não mantém com Deus uma relação amável, mas uma insubordinada, donde aquilo que projeta é a divindade por ele inventada como egoística convicção que decorre dos sentidos por reação ou indução.

5. Assim é que o cristianismo, quando alterado por pessoas que acreditam na retenção da verdade em objeção da Tradição ou Magistério, sentem que obtêm do alto um comando para isso, embora aos sentidos como expostos, tal instrução não parece ser divina, mas de uma luz que se põe nas obscuridades concorrentes, regentes dos corpos e mentes fechadas à Deus.

6. Mesmo a Tradição ou Magistério da fé em Jesus Cristo, nascida ao universo, portanto universal, católica, resigna-se no mistério da Revelação em estritíssima obediência, embora não signifique que membros da Santa Igreja não incorram por persistirem na decadência em heresias já coibidas ou trazendo novas subversões ao convencioná-las com compactuantes.

7. Sendo assim, sempre há de existir uma teologia que tem por Deus uma concepção não soteriológica, como é dada à Salvação, mas uma que consiga se adaptar aos contextos de convenções originadas na sociologia, verbi gratia, maiormente inclinada ao ateísmo, sobretudo na compatibilização de desvios do homem com sua invenção revestida de divindade.

8. Não à toa, aqueles que acabam se distanciando do cristianismo, tendem ao protesto como expressão de fé (ou ao protestantismo propriamente estruturado), falsas igrejas cristãs ou religião diversa, para não citar as seitas ou ordens iniciáticas. Distanciam-se em decorrência desse fenômeno de convenção, detectada nas formas de pensar que são abertas à Deus.

9. Portanto, repetindo aquilo que foi alegado, Deus jamais será objeto de convenção, incluindo a Revelação e o mistério da Santíssima Trindade, mas que uma entidade falseada de divindade para projetar convicções do próprio homem se origina na medida em que os pensamentos não conseguem acessar a verdade infindável, porém, findados meramente em sentidos materiais.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Instruções ao Pensador VIII. Enquirídio. Maceió, 24 nov. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/11/instrucoes-ao-pensador-viii.html.

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