Mansão dos Mortos III

Se os mortos também serão julgados, conforme disposto em Mansão dos Mortos I, parece menos difícil entender que “purgatório”, “limbo” e “inferno” são “situações” que separam aqueles que morreram com ou sem a visão de Deus, mas que estão na mesma “dimensão” dos “infernos” (mansão dos mortos).

George Inness. O Vale da Sombra da Morte.

1. Primeiramente, santificação e purificação são condições sinônimas, variando a utilização de um termo ou de outro em diferentes edições e traduções do Evangelho. Significa a mesma necessidade à salvação daqueles em vida ou em morte — e o “purgatório”, neste pondo, está mais para “situação” ao invés de “dimensão”.

2. Há de se notar que pelos protestantes o “purgatório” inexiste na Bíblia Sagrada, mas tão somente por conta deles terem removido o Segundo Livro dos Macabeus, donde consta a síntese da doutrina judaica em “Se não houvesse esperado a ressureição dos caídos, teria sido inútil e ridículo rezar pelos mortos.” (2 Mac 12, 44).

3. Recapitulando brevemente aquilo que já foi exposto no início desta série, segundo o parágrafo 633 do Catecismo da Igreja Católica, mansão dos mortos e “infernos” são sinônimos e está para “dimensão”, porém, “inferno” é “situação”, assim como “limbo” e provavelmente “purgatório”, pelo que será apresentado na sequência.

4. Antes de seguir em frente, lembre-se: há diferença entre “inferno” no singular e “infernos” no plural, onde este está para “dimensão” e aquele à “situação”, assim como para céu e Céus, onde está Deus e o estado de aliança com Ele, respectivamente — um assunto que com certeza vai ser abordado noutra postagem aqui no blog.

5. No livro “Escatologia”, Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI), depois de mostrar um resumo da história relativa à questão do “purgatório”, mostrando que não é tão fácil obter sua razão, assevera sua compreensão no processo internamente necessário de transformação do homem para que seja capaz de Cristo — dada pela santidade.

6. Essa capacidade de ser um Cristo foi “dada” por São Pedro, que não abandona o Antigo Testamento como algo superado, mas o tem cristologicamente: “A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo (Lv 11, 44).” (1 Ped 15s).

7. Também se distingue “limbo” de “purgatório”, conforme se observa também no artigo Mansão dos Mortos II, donde aquele parece menos obscuro de se compreender do que se pensa deste, que até aqui está mais para “situação” ao invés de “dimensão”, embora tais termos inexistam na Sagrada Escritura — e o problema no protestantismo está aqui!

8. Afirmam os hipócritas da Universal, religião de Edir Macedo: “o purgatório é o inferno”. Curioso o textinho que foi colocado na sequência, pois, por ele, está o líder desta seita eternamente condenado, apegado à matéria junto aos seus 1.8 bilhões de dólares, segundo a revista Forbes de março de 2015, mas que ainda tem tempo de se arrepender.

O Purgatório é o Inferno (Universal).

9. Portanto, “purgatório” não é uma “dimensão”, mas uma “situação” de purificação, mas que, sem uma revelação definitiva, como na “Parábola do Rico Avarento e o Pobre Lázaro” (Lc 16, 19-31), obriga seguir o Livro do Apocalipse no intuito de compreender se os mortos em purgação se encontram nos “infernos” ou em outro lugar.

    Para referenciar esta postagem:

ROCHA, Pedro. Mansão dos Mortos III. Enquirídio. Maceió, 21 nov. 2024. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/11/mansao-dos-mortos-iii.html.