Mansão dos Mortos I

Existe uma grande distinção entre “infernos” e “inferno”, donde muitas confusões são originadas pela incompreensão destes termos. Enquanto um se refere a “dimensão”, o outro que dizer “situação”, donde o objetivo desta série é apresentar estudos iniciais relativos ao assunto.

Gustave Doré. O Vale das Lágrimas.

1. Conforme o parágrafo 633 do Catecismo da Igreja Católica, “infernos” é a morada ou mansão dos mortos, também referida como Sheol ou Hades, “dimensão” — adiante será explicado o emprego deste termo — responsável por abrigar aqueles que não tiveram a visão de Deus, tanto os bons (os justos), quanto os maus.

2. Sobre a visão de Deus, basta saber que Jesus Cristo, descendo à mansão dos mortos, cumpriu esse requisito à salvação, libertando de lá os bons (ou justos). Os maus, também nos “infernos”, já se encontravam condenados no “inferno”, que tem relação com a “situação” de cisão do homem para com Nosso Senhor.

3. Daí que importa bem entender as palavras de Nosso Senhor quando afirma: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14, 6). Crer em Deus é o princípio da salvação ao coração do homem: Jesus Cristo o É; O Espírito Santo o É; O Pai o É. Haveria divindade para além disso? Indagação pertinente.

4. Observe como todo esse assunto é ensinado pela Igreja Católica: “As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do inferno, ‘o fogo eterno’.” (CIC 1035). Isso tudo não é uma coisa fácil de se observar se posto ao mesmo tempo como lugar e condição.

5. Não à toa é que o “limbo” se refere ao seio (meio) de Abraão, que, antes de Jesus Cristo, estava privado da visão de Deus, portanto, na mansão dos mortos, mas em uma “situação” diferente daquela dos condenados, presentes na mesma “dimensão” dos “infernos” (mansão dos mortos), porém, limitados pelo “inferno” da condenação.

6. Na “Parábola do Rico Avarento e o Pobre Lázaro” (Lc 16, 19-31), percebe-se este no seio (meio) de Abraão, mas não igualmente ao do rico avarento, pois, embora todos estivessem na mesma “dimensão” (mansão dos mortos), estavam em “situações” distintas, onde este se encontrava no “inferno” e aqueles no “limbo”.

7. Somente para esclarecer, embora autorizada a publicação pelo Papa Bento XVI, as considerações no documento abaixo disponibilizado não são magisteriais acerca do “limbo”, sobretudo relacionadas às crianças que morreram sem ser batizadas — assunto que com certeza será abordado na sequência desta série.

A esperança da salvação para as crianças que morrem sem batismo (Comissão Teológica Internacional).

8. Outro ponto — e o motivo pelo qual “dimensão” está sendo usado neste artigo — é a existência do “purgatório”, colocada pelo Catecismo da Igreja Católica como “situação” de purificação daqueles que não morrem em pecado mortal, mas que também não vão diretamente para os Céus.

9. Ou seja, “purgatório” e “limbo” são “situações” que separam aqueles que morreram com ou sem a visão de Deus, mas que estão na mesma “dimensão” (mansão dos mortos) até que — trazendo tal informação com extrema ressalva — possam ser condenados ao “inferno” ou santificados, lembrando certas disposições do Livro do Apocalipse.

    Para referenciar esta postagem:

ROCHA, Pedro. Mansão dos Mortos I. Enquirídio. Maceió, 02 nov. 2024. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/11/mansao-dos-mortos-i.html.