26.8.21

A Única e Justa Medida que Precisamos

Algo incômodo está acontecendo: nossa gente, embora religiosa, parece praticar a doutrina sazonalmente, somente quando é conveniente, principalmente diante das nuances comportamentais originárias da dinâmica social contemporânea, quando outras perspectivas se avizinham em concorrência ao cristianismo.
Jesus no Horto das Oliveiras
Cavalier d´Arpino. Jesus no Horto das Oliveiras.
1. Frequentemente, sacerdotes católicos têm apelado aos fiéis para que estudem os santos, frequentem as missas, apliquem o catecismo, leiam a Bíblia etc. Preocupação que particularmente nossa gente tem acolhido e resolvido de prontidão, especialmente os jovens, responsáveis por inovarem na missão apostólica. Contudo, excessos são cometidos, desfigurando o propósito original da apelação sacerdotal ao responderem com amargura aquilo que deveriam demonstrar com docilidade. Entretanto, estamos passando por uma experiência de amadurecimento e felizmente contamos com uma Igreja guiada por Deus.

2. Esse apelo surge em meio ao desânimo, desconfiança e incredulidade da nossa gente dentro dos processos de ressignificação desencadeados por entidades globalistas, quando a relativização passou a determinar o comportamento do homem em direção ao isolamento, egocentrismo e virtualidade de absolutamente tudo. Assim sendo, nossa gente, acostumada a buscar nas virtudes os exemplos que precisam para evitar os pecados, mesmo que imperfeitamente tentando (evidentemente), sucumbe por desconhecer as malícias disfarçadas, disseminadas no mundo na forma de pretextos positivos, apesar de jamais serem.
Problemáticas diversas sempre emergem de águas rasas, mesmo quando são originadas nas profundezas.
3. Ai de quem pensa no povo do oriente como causador do problema mencionado. Até são problemáticos, certamente, assim como é nossa gente dentro das próprias questões ocidentais. Problemáticas diversas sempre emergem de águas rasas, mesmo quando são originadas nas profundezas. Neste ponto, infelizmente o homem do velho e novo mundo, encantado num primeiro momento pela vida prática decorrente da industrialização tecnológica e comunicacional, esbarra nos desdobramentos posteriores, lamentando por uma tranquilidade aparentemente sem possibilidade de regresso, uma vez que tudo lhe recai por achar que pode ser ele a medida do mundo.

4. Também não existem possibilidades imediatas de conversão aos segmentos religiosos de tradições milenares como hinduísmo ou budismo, dentre outras do oriente, incluindo as de origem abraâmica como judaísmo e islamismo. Mesmo no novo mundo, ou seja, continente americano, converter aqueles que adotaram o protestantismo como modo de praticar o cristianismo talvez seja mais difícil em comparação ao convertimento de um ateu, que por sua vez, sobretudo nos ambientes mais academicistas, tende a adotar o ateísmo como doutrina baseada no ceticismo utilitarista, embora crendo em teorias sequer provadas por sua própria ciência.

5. Verdadeira é a necessidade patente de estudar, praticar e dialogar. Estudando e praticando a doutrina da Santa Igreja, nossa gente será reforçada na fé, pois crer em Deus também é facultado à razão do homem (Catecismo da Igreja Católica, n. 36, 37 e 38), sendo uma via; não seu percurso integral. Contudo, uma vez conhecidas as bases da teologia e filosofia que sustentam o catolicismo, dialogar vira exercício de empatia, acolhimento e prosperidade. Todavia, se para isso pedem para negar a Cristo, independentemente do motivo lançado, ao inferno com seu diálogo! Assim alerta em memória um bispo genuinamente santo.

6. Certamente o homem instruído não precisaria temer o outro, que por acreditar num Deus, porém sob uma religião diferente, coloca-se de maneira divergente, apesar do nó comum. Neste ponto, sorte ainda podermos conversar, pois o canal, quando se fecha, significa guerra – exatamente aquilo que ocorre entre nossa gente e ateístas fanáticos, disfarçados de espiritualistas, donde a única doutrina conhecida se baseia na própria medida, falsamente compreendida por religiosidade.

7. Significa que existe uma guerra em curso? Sim, mas não pense que tal vem eclodir somente agora. Justamente por não ser recente é que precisamos alicerçar a Igreja exatamente onde Jesus determinou, ou seja, na pedra, em Pedro. Portanto, entendendo sua dimensão, tendo a certeza da missão divina, requer agora trabalho e paciência, esta para manter o diálogo e aquela para cumprir a finalidade última sem sombra de dúvida, temendo apenas a Deus.

8. Praticar a doutrina da Santa Igreja, tentar copiar as feições e pisar sobre as pegadas de Jesus, terminam sendo tarefas dificílimas – verdade! Todavia, tentar é preciso, mesmo imperfeitamente. Porém, existem coisas que não são próprias da fé, mas que são elevadas ao nível de. Disto decorrem os vícios de caráter, responsáveis por desequilibrar a constância da prática religiosa, fazendo com que homens decaiam aos ditames das efemeridades, dentre os carros chefes, paixões políticas sublinhadas por ideologias passionais. Enfrentar as adversidades contemporâneas nos termos que estão postos, olvidando o Evangelho, concretizará a bestialidade no mundo.

9. Se há um cuidado pela Igreja, que tal possa ser posto nos termos de Deus; não dos devaneios dos homens, por inteligentes e bem formados que possam ser. Mesmo um catador de latinha tem dignidade de combater a perversidade que tentam instalar no mundo ao fazer isso nos moldes de Cristo – a única e justa medida que precisamos.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. A Única e Justa Medida que Precisamos. Enquirídio. Maceió, 26 ago. 2021. Disponível em https://www.enquirídio.org/a-unica-e-justa-medida-que-precisamos.html.

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