31.3.22

Bispo Sobre e o Sal que Não Salga

Quando Dom Henrique Soares falava, assim como Nosso Senhor, sobre o sal que não salga, estava revelando sua preocupação e deixando um alerta de um catolicismo que não consegue deixar o saleiro para funcionar, seja para uma boa comida ou em alguma que nem prestasse tanto, mas que não poderia ser rejeitada.
Cristo na Casa de Marta e Maria
Henryk Siemiradzki. Cristo na Casa de Marta e Maria.
1. Sorte a Santa Igreja ter havido uma pessoa que nem Dom Henrique Soares, bispo que deixa saudades e lembranças permanentes, assim como homilias, catequeses e palavras soltas nas mídias sociais, porém, amarradas na essência de Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Pregava o diálogo, mas não sem primeiro ter uma boa identidade católica.
2. Quando o católico conhece os princípios da fé, tendo realizado uma boa catequese, realizado a leitura do catecismo e Sagradas Escrituras constantemente, sobretudo participado das missas dominicais, certamente consolida em si aquela identidade católica tão recomendada pelo bispo.

3. Possuir uma identidade católica não significa se encher de apetrechos com símbolos cristãos e disparar pelo mundo como paladino sacrossanto ou cavaleiro das cruzadas, deixando de servir à missão evangelizadora para virar legítimo cavalo do cão, como se fala no Nordeste. Valer-se da imagem de Nossa Senhora ou Medalha de São Bento, embora como adesivo na lataria do carro ou penduricalho no retrovisor no interior deste, rogando proteção para ultrapassar o semáforo vermelho ou estacionar em vagas destinadas a deficientes ou idosos (quando não possui tais necessidades), certamente está longe de identificar uma pessoa prudente, muito menos a catolicidade dessa.

4. Quando se entende a identidade católica que Dom Henrique Soares tanto dizia, impossível não buscar mudar as condutas diárias em busca de melhor corresponder aos propósitos do catolicismo diante da missão evangelizadora, que não cessa por estar no trânsito – e o adesivo de Nossa Senhora na lataria do carro ou Medalha de São Bento como penduricalho no retrovisor no interior deste são até possíveis, mas não conseguem significar absolutamente nada quando o condutor esquece de praticar aquilo representam tais símbolos. Como alguém poderia utilizar uma estátua de Padre Cícero, muito querido no Nordeste, rendendo-lhe homenagens, porém, visando praticar um crime! Parece piada, mas não por essas bandas. Talvez uma das práticas mais presentes dentre nossa gente é aquela de utilizar imagens de santos no intuito de se proteger de alguma maldade, enquanto realiza alguma.

5. Também existe uma postura preocupante instaurada por certas organizações que parecem católicas, embora nem trisquem na caridade, muito menos em qualquer outra coisa relacionada ao perdão ou fraternidade, qual seja, apatia cristã ou indiferença católica. Justamente aquele sal que não salga! Irmãos e irmãs que esperam a comida cair dentro do saleiro, quando na verdade ela apenas precisa de um tiquinho para realçar o sabor. Misturar-se no mundo, temperá-lo, levar o amor de Nosso Senhor aos corações amargurados, enferrujados, petrificados pelo materialismo, ganância e ódio. Afinal de contas, ninguém sacode sal demasiadamente numa carne ou cozido qualquer! Seria difícil comer depois, causando até problemas variados. Salgar a terra, deixando-a intragável, nunca foi objetivo de Jesus Cristo – ser o sal é muito diferente!
Essa é a postura de identidade católica que tanto falava o bispo: poder participar da vida social, mas não esquecendo o Filho do Homem.
6. Ser o sal, porém, evitando salgar ao ponto intragável também não significa negar Nosso Senhor. Apenas quer dizer que não seria possível converter um muçulmano ou convencer um ateu sobre Deus sem que pudesse conceber a realidade do Evangelho através da graça. Assim sendo, deveria um católico evitar a casa de um pagão? Mesmo Dom Henrique Soares lembrava dos amigos de diferentes crenças ou mesmo desprovidos destas que foram muito queridos. Aliás, sempre “mandava ao inferno” qualquer que lhe pedisse para negar Jesus Cristo em busca de um “diálogo”. Essa é a postura de identidade católica que tanto falava o bispo: poder participar da vida social, mas não esquecendo o Filho do Homem.

7. Desta forma, quando alguém esquece aquilo que Nosso Senhor dizia, esquece da fé. Torna-se ausente de Deus. Lógico que não significa a morte na terra, porém, deixando de se redimir perante Jesus Cristo através do bispo ou padre ordenado, talvez possa significar uma autossuficiência que vai tornando a pessoa justamente aquele sal que não salga para ser pisado. Questão de consciência. Utilizar a razão como suporte da fé também é necessário. Noutras palavras, quando a pessoa vai fazer uma coisa errada, mas não vem absolutamente nada na mente, talvez ela não possua as instruções necessárias, sendo desconhecidas ou pouco memorizadas. Desagrada a vontade divina. Contudo, sobrevindo uma voz, não que nem uma pessoa esquizofrênica, mas com coração baseado nas palavras do Salvador, seguir no erro é o mesmo que negar Jesus Cristo. Assumir uma potência que nenhum homem detém, embora queira muito, através deste, obter as forças decaídas. Assim é que a cabeça que pouco ou nada possui se encontra: passível às influências do demônio.

8. Tornar-se íntimo de Dom Henrique Soares era fácil, mesmo para quem estava distante ou quem não podia sequer frequentar sua diocese. Mesmo em Palmares, interior de Pernambuco, embora saído de Maceió, capital de Alagoas, atendia o Brasil inteiro, sendo lembrado por pregar uma identidade católica suave, embora rígida naquilo que ordenou Nosso Senhor.

9. Verdade seja dita: católico que não consegue se misturar não pode ser sal que salga, mas que vai ser pisado. Isto não significa trocar a missa dominical por culto protestante quando convidado por amigo ou parente (neo)pentecostal. Neste sentido, valeria passar vistas na postagem Fé Judaica Inserida no Protestantismo, sobretudo para entender que nenhum católico precisa destratar aqueles que não respeitam a Santa Igreja – fazer valer a identidade católica que tanto prezava Dom Henrique Soares.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Bispo Sobre e o Sal que Não Salga. Enquirídio. Maceió, 31 mar. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/03/bispo-sobre-e-o-sal-que-nao-salga.html.

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