28.3.22

Fé Judaica Inserida no Protestantismo

Certa vez uma pessoa levantou questão que deveria ser extremamente ponderada por nossa gente: por que preciso tratar bem aqueles protestantes que zombam e maltratam a Igreja Católica? Isso pode ecoar por muito tempo na mente de um católico, pois a base da fé cristã está no amor fraterno.
Luz da Torá
Alex Levin. Luz da Torá.
1. Longe de teologizar a questão, contextualizando-a somente, observe de imediato que quando a famigerada reforma aconteceu, ocorreu meramente por objetivos políticos, evidenciando desde já nomes em crescente evidência como Marsílio de Pádua e Guilherme de Ockham, ambos apresentados no volumoso dossiê em formato de livro chamado A Politização da Bíblia, trabalho de coautoria de Scott Hahn e Benjamin Wiker, publicado no Brasil pela editora Ecclesiae. Dentre os argumentos dos reformistas, sendo breve para poupar o leitor de detalhes que possuem pouca ou nenhuma importância, bastariam as Escrituras Sagradas e a própria fé em Deus, porém conforme próprias convicções, ao exercício do cristianismo, embora ambas sobrevenham pelos séculos através da Igreja Católica Apostólica Romana – ponto final. Subverter essa realidade requer uma engenharia mental natimorta.

2. Porém, apenas por ocasião da possível subversão da história, mesmo os arqueólogos protestantes, embora tardiamente, agora estão entusiasmados ao encontrarem resquícios de civilizações muito antigas que podem confirmar os textos da Bíblia – como se isso não fosse verdade conhecida e propagada pela Igreja Católica desde os descobrimentos de lugares como Ur na Suméria, cidade de onde saiu Abraão para Canaã, embora não fosse nem preciso. Exercício do cristianismo somente pela fé ou provar de maneira científica, como sempre se importou os católicos, também é necessário? Ambíguo. Verdade é que o protestantismo arqueológico flerta ou dá impressão disto, longe de realizar um juízo de valor, muito menos precipitado, com vãs concepções neopagãs para resolver um problema de imensa amplitude a respeito do “panteão” sumério-acádio, sobretudo ao se depararem com uma trindade formada pelos deuses Anu, Enlil e Ea, excluindo as divindades como a Inana (ou Ishtar) ou mesmo a Tiamate. Contudo, tudo isso recai ao Tanakh, cânon judaico que nossa gente conhece mais propriamente por Velho Testamento, importante na liturgia, mas não tão quanto o Evangelho de Nosso Senhor. Não à toa qualquer dos leigos pode realizar a leitura do pentateuco, sendo reservado ao sacerdote a proclamação das palavras de Deus nas missas, embora o laicato tenha a missão de espalhar o evangelho onde estiver. Vale a pena a leitura:
3. Voltando à questão, lembra-se de maneira precisa que aqueles protestantes removeram sete livros das Sagradas Escrituras tão somente por adequação a picuinhas judaicas dos primeiros séculos, uma vez que nem mesmo o próprio cânon dos judeus estava selado na época de Jesus Cristo. Além disso, aceitam a autoridade da Santa Igreja sobre os 27 livros que compõe o Novo Testamento, mas não aqueles 46 livros do Antigo Testamento. Depois disso, rogam autoridade sobre a Bíblia, embora jamais tenham contribuído em absolutamente nada ao cristianismo, dando ensejo aos assuntos dos próximos pontos: subversão do Evangelho e reaproximação religiosa de celebrações estritamente judaicas.

4. Resta feito o convite: assista de soslaio ao culto protestante (neo)pentecostal (on-line, claro), sobretudo das denominações como Bola de Neve ou Sara Nossa Terra, depois busque por celebrações judaicas e perceba a mesma atmosfera dançante e descontraída com que aqueles se dirigem a Deus. Detalhe: judeu nenhum prestará homenagem a Jesus Cristo, motivo pelo qual, talvez, ainda tenha dúvida íntima se cultua alguma divindade do “panteão” sumério-acádio (motivo pelo qual preferem deixá-Lo inominado); porém, cristão algum jamais deveria ter dúvida a respeito de Nosso Senhor, muito menos sobre seu Evangelho ao ponto de trocá-lo por práticas caducas e leituras defasadas sem que com intenção de firmar o Novo Testamento. Tomás de Aquino, santo e doutor da Igreja Católica, recomendava cautela tendo em vista o modus operandi daqueles que seguiam o Tanakh, Talmuld, Zohar, igualmente fizera Martinho Lutero na reforma ao criticar a teologia germânica que também estava próxima da cultura semítica daquela época. Coincidência? Evidentemente que não.

5. Indo para contextos mais estéticos, mesma agonia se percebe nos cultos protestantes e celebrações judaicas: povos de um livro. Esteticamente falando, nota-se de longe o apreço que têm ambos por lerem os textos dos respectivos cânones (semelhantes, tratando-se do Tanakh), mesmo que salteando versículos, arranjando significados que possam fortalecer suas assembleias. Também vale ressaltar a exclusão que fazem do mundo ao (se) segregarem os destes dos daqueles, principalmente no comércio e constituições familiares. Noutros termos, primeiro se favorece os iguais em crença. Somente não havendo alternativa é que a abertura é realizada para gentios (não judeus), mesmo assim em questões comerciais ou relacionamentos que não impliquem casamentos. Já os (neo)pentecostais possuem uma diferença peculiar: geralmente não admitem nem “irmãos” e “irmãs” de outras denominações! Radicalismo puro, diga-se de passagem – talvez uma maneira inepta de combaterem o catolicismo (universalismo) da Santa Igreja, podendo ser até mesmo classificada ato anticristão.

6. Como amar gente assim? Primeiramente, Nosso Senhor é Deus e sabe tudo. Ensinou a oração do Pai-nosso, onde está dito claramente: “perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Quantas vezes é preciso perdoar os protestantes ou mesmo os judeus quando negam o Messias? Jesus Cristo mesmo responde: “Não te digo até sete vezes, mas setenta vezes sete.” (Mt 18, 21s). Talvez isso seja difícil, sobretudo quando um protestante contraria ou mesmo ofende um católico, porém, novamente a palavra é expressa: “Eu, porém, vos digo: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra.” (Mt 5, 39). Adiante, terminativamente falando: “Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem.” (Mt 5, 43s).

7. Assim é que o Evangelho de Nosso Senhor segundo São Mateus responde aquela questão à nossa gente. Talvez os protestantes tenham parado no versículo 43 do capítulo 5 do Novo Testamento, passando a amar o próximo literalmente enquanto simula uma falsa autorização meramente intelectual para odiar o inimigo, sendo esta palavra repetidamente falada em cultos de todas as denominações, às vezes em forma de pedido à Deus na anticristã intenção de derrotá-lo ao invés de amá-lo.

8. Talvez por essas e outras dificuldades os protestantes venham adotando cada vez mais os preceitos do Antigo Testamento, mesmo que Nosso Senhor tenha notadamente determinado condutas diferentes (observadas quando explica aquilo que foi posto pelos judeus, porém, condicionando novas posturas baseadas nEle mesmo, Jesus Cristo – justo por isso que uma religião cristã) para seus discípulos. Além disso, retornando aos aspectos estéticos, visíveis, fáceis de distinguir, cultuam os (neo)pentecostais uma coisa que não pode ser vinculada a memória que Ele mesmo ordenou na Santa Ceia, muito menos tida como liturgia. Trata-se apenas de inflamações emocionais ao melhor proveito de arrecadações, dignas daquelas pirotecnias audiovisuais com momentos para leituras salteadas de partes muito específicas de um livro que por incrível que pareça, faltam-lhe partes. Ou seja: mesmo aquilo que zelam por ler segue errado. Mesmo concertos de bandas de Heavy Metal como Iron Maiden seriam menos escandalosos se comparados a certos shows de determinadas denominações – talvez menos endemoniados, pedindo-se desde já escusas pelo inevitável impulso satírico da colocação, embora seja fato constatado dentre alguns dos “crentes”.
Brevemente os “crentes” se converterão ao judaísmo, sendo o primeiro passo adotar apenas o livro e liberalismo de fé, seguindo-se para troca de um Deus conhecido ao inominado até aderirem a cultura de celebração semítica e rejeição da realidade messiânica.
9. Aquela questão trouxe na verdade uma grande reflexão sobre o modelo judaico em paralelo aos cultos protestantes que parecem adotar os requintes do Velho Testamento em desacordo com aquela Boa-Nova disseminada pelos apóstolos no começo do cristianismo, repercutida através dos séculos até chegar na forma que ficou, mas que era desde sempre! Portanto, toda essa liberdade de culto pouco ou nada significa em termos litúrgicos, embora a Igreja Católica até considere um batismo ou casamento instituído com requisitos (símbolos) ritualísticos mínimos: não por política; mas por observância estrita ao Evangelho de Nosso Senhor. Brevemente os “crentes” se converterão ao judaísmo, sendo o primeiro passo adotar apenas o livro e liberalismo de fé, seguindo-se para troca de um Deus conhecido ao inominado até aderirem a cultura de celebração semítica e rejeição da realidade messiânica. Mesmo assim, nossa gente seguirá respondendo sempre de acordo com aquilo que foi colocado por Nosso Senhor através do Evangelho.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Fé Judaica Inserida no Protestantismo. Enquirídio. Maceió, 28 mar. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/03/fe-judaica-inserida-no-protestantismo.html.

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