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2. Também é estranho que Descartes, conforme disposto em No Fio da Navalha III, tenha posto em “Meditações Metafísicas” um enunciado tão próximo do parágrafo 1794 do Catecismo da Igreja Católica, com uma previsão de três séculos, sem que tivesse contato com uma doutrina robusta acerca da fé.
3. Isto para que ele tivesse, através do cogito ergo sun (debatido em Investigação Cartesiana), admitido que somente duas certezas existem: “sua existência [...] e a matéria”. Ué? E a ordem das coisas, dadas por Deus, que conclui nas “Meditações Metafísicas”? Ao invés de “varrer” a internet, melhor fosse ler esses livros antes.
4. As questões filosóficas trazidas por Descartes são também mui confundidas em um cristianismo (leia-se catolicismo) afugentado por ideologias que utilizam do cientificismo (como mero produto de convenção) como se fosse realmente científico — o que é encarado como pavimento para negação da ciência.
5. Porém, através da leitura enviesada dos trabalhos de Descartes, pode-se concluir falácias absurdas, seja para creditar um nominalismo inexistente, quanto para afirmar que ele foi rosa-cruz (longa história). Aliás, tornou-se comum concluir através de intermédios, embora esteja disponível o que é primário para consulta.
6. Ao certo, as conclusões cartesianas a respeito de um método não são utópicas, muito menos anticristãs, nem são nominalistas. Certamente são racionalistas, o que não é oposto ao realismo, sobretudo por São Tomás de Aquino entender que razão não trata da fé como se fosse um ponto de contradição.
7. Somente a vontade ateísta ou meramente protestante é inclinada a desvincular qualquer empenho de fé que se vê firme na razão (vice e versa), donde se um foguete vai à lua ou alguma cirurgia complexa é realizada para salvar um doente, deve-se ao homem todo prestígio para que nada reste para Deus.
8. Deus e a obra do homem não são opostas se se inclinam à verdade. Porém, muitas coisas humanas se opuseram ao plano divino em benefício de aparentes realidades, mas que não passam de criações artificiais, que não muito longe serão voltadas para contrariar seus criadores.
9. Infelizmente, as consequências do nominalismo são percebidas na desfiguração, deformação, desorientação da criação de Deus em um mundo de conceitos relativos e verdades mutáveis. Se inexiste a forma ideal de pedra, nada mais é pedra ou tudo é pedra — eis seu deus nominalista, “varredor” de internet! Para referenciar esta postagem: ROCHA, Pedro. No Fio da Navalha IV. Enquirídio. Maceió, 09 nov. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/09/no-fio-da-navalha-iv.html. Pedro Rocha é católico, casado desde 2014 com Larissa Rocha – temos dois filhos na terra e um(a) com Papai do Céu. Tem por Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) especial admiração, bem como por Dom Henrique Soares. Devoto por São Tomás de Aquino. Aluno de Padre Paulo Ricardo. Bacharel em Direito e Design, cursa nas áreas de Semiótica, Gestalt, Behaviorismo e Simbologia. Mantém particular interesse sobre gêneses e declínios civilizatórios na antiguidade e reflexos na modernidade. Instagram. Siga o perfil do Enquirídio no Instagram. Threads. Acompanhe o Enquirídio também pelas Threads.

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