7.4.25

Mansão dos Mortos IV

Se em Mansão dos Mortos III não foi possível precisar se os mortos em “purgatório” estão na mesma “dimensão” dos que vão cumprir pena eterna em “inferno”, como saber, então, se há distinção entre uma coisa e outra? Estariam corretos os protestantes ao dizerem “o purgatório é o inferno”?
Antoine Jean Baptiste Thomas. Dramatização do Purgatório.
1. Os protestantes se equivocam gravemente, pois, como esquecem a distinção entre “infernos” como “dimensão” e “inferno” enquanto “situação”, lembrando que ignoraram certa chave de compreensão ao cometerem o sacrilégio de removerem os Livros de Macabeus da Bíblia Sagrada, criam um limite exegético ao Livro do Apocalipse.
O Purgatório é o Inferno (Universal).
2. Assim está escrito: “Vi os mortos, grandes e pequenos, de pé, diante do trono. Abriam-se livros, que é o livro da vida. E os mortos foram julgados conforme o que estava escrito nesse livro, segundo suas obras.” (Ap 20, 12). Daqui não podem existir dúvidas se os mortos receberão julgamento, estejam em “purgatório” ou em “limbo”.

3. Depois, observa-se: “A morte e a morada subterrânea foram lançadas no tanque de fogo. A segunda morte é esta: o tanque de fogo.” (Ap 20, 14). Neste ponto, “morada subterrânea” é o Hades, portanto, mansão dos mortos. Isto já traz indícios de que as almas que estão em “purgatório”, “limbo” e “inferno” estejam na mesma “dimensão”.

4. Aqueles em “limbo” poderão ter dificuldades à santificação necessária pela privação da visão de Deus, conforme já explicado no início da série, donde, aparentemente, passar dessa “situação” para “purgatório” não é uma questão simples de perceber, embora o Espírito Santo seja livre para ir aonde quiser — incluindo a mansão dos mortos?

5. São Tomás de Aquino expõe aquilo que pondera Gregório: “[...] o mesmo fogo queima o pecador e purifica o eleito. Logo, o mesmo fogo é o do purgatório e o do inferno. Portanto, os condenados àquele e a este estão no mesmo lugar.” (Apêndice, Q. 2, Art. 2). Corrobora a importante distinção aqui feita acerca da “dimensão” e “situação”.

6. Na primeira carta de São Paulo, enviada aos Coríntios, ele explica que, sobre a obra de cada um, é o fogo quem provará tais trabalhos à salvação ou condenação. Repare o pronome “quem” usado nesta frase, pois, cristologicamente, conforme explica Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) no livro “Escatologia”, “o próprio Senhor é o fogo julgador”.

7. Portanto, poder-se-ia concluir estarem na mesma “dimensão” dos “infernos” ou mansão dos mortos aqueles em “inferno”, “limbo” e “purgatório”, “situações” ordenadas da mais remota de salvação para aquelas onde há visão de Deus, donde a segunda morte se dá no Juízo Final, anunciando as instalações para vida eterna (Ap 21; 22).

8. Não é que São Tomás de Aquino alternando “infernos” e “inferno” (porém, distinguindo um, de onde os eleitos foram tirados, do “inferno dos condenados”, onde Jesus Cristo, na descida à mansão dos mortos, jamais esteve) confunda questões sobre quem Nosso Senhor livrou de lá, embora não elucide a respeito do “limbo” — algo mais complexo.

9. Embora subsista uma complexidade acerca do “limbo”, ao certo os erros no protestantismo são demasiadamente explícitos para passaram desapercebidos, motivo pelo qual, tendo em vista todas estas colocações, jamais poderia ser “inferno” o “purgatório”, que por sua vez continua sendo omitido pelos protestantes.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Mansão dos Mortos IV. Enquirídio. Maceió, 07 abr. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2024/11/mansao-dos-mortos-iv.html.

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