6.4.25

Dependência do Momentâneo

As semanas passam e apenas as lembranças dos momentos permanecem evidentes na memória, onde a vida parecia possuir mais sentido, até que, pondo fim a tal efeito, retorna a mente ao tempo no qual se encontra o indivíduo, onde viver, como reflexo do desejo, significa somente perseguir aqueles instantes.
Juju X. Mente é uma Prisão.
1. Dessa forma, estudar, trabalhar, cuidar da família, assim como outras coisas, terminam se tornando chatices, revelando o principal sintoma na vida de quem vive só de momentos, sobretudo os melhores que considerar, excluindo-se os demais ou ao menos tentando suplantá-los com novos outros quando ocorrem.

2. Quando ocorrem, bem, mas quando não, tramam para ocorrer — e a mídia com jogos e shows acaba por ajudar nisso. Então o final de semana se torna a sexta-feira e esta, por sua vez, transforma-se na quinta-feira, já que as experiências momentâneas são antecipadas para suprirem essa dependência.

3. E o momento, gerando essa dependência, pois pode não gerar, passa a figurar como se fosse uma droga, capaz de afetar os indivíduos que perseguem os instantes como forma de se sentirem realmente vivos, ainda que presos, especialmente quando outros fatores são colocados à observação deste fenômeno.

4. Acaso não seriam os outros fatores, talvez drogas ou mesmo os desencadeamentos eletroquímicos pelo divertimento, empolgação, responsáveis por tal dependência? Também, evidentemente, pois há quem se torne dependente de momentos sem qualquer relação com entorpecentes ou situações divertidas, empolgantes.

6. Não é que ninguém, agora, devesse evitar promover momentos divertidos, empolgantes, como uma festa ou um jogo. O que é observado é a dependência do indivíduo quando persegue esses instantes em detrimento das capacidades que ele não desenvolve por tal condicionamento binário, conforme se vê no Sugestionamento.

7. Ou seja, ao invés de se promover, naquilo que observa mais inclinado, termina focando as experiências vindouras, quando na segunda-feira já tenta viver as próximas ocasiões da sexta-feira ou mesmo do final de semana, canalizando todos os recursos disponíveis para tais momentos — falando do lado mais positivo, pois há um negativo.

8. Negativamente, um momento pode perdurar na memória de maneira a condicionar a realidade aos ditames das emoções, sensações ou mesmo as supostas razões atingidas naquele instante, geralmente respondendo aos estímulos em meio às circunstâncias, sejam à mente, corpo e/ou espírito.

9. Por fim, concluindo esse mero rascunho superficial, esse lado mais negativo é que faz com que o indivíduo adote condutas moduladas para responder, anacronicamente em vários casos, momentos já vivenciados, porém, presos na memória ao pondo de serem considerados tão recentes quanto no tempo verdadeiro da ocorrência.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Dependência do Momentâneo. Enquirídio. Maceió, 06 abr. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/04/dependencia-do-momentaneo.html.

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