15.6.23

Instruções ao Pensador IX

Aprisionado em um calabouço, projetado por sua própria limitação, o homem é induzido a acreditar que bem consegue sobreviver através de artífices supra-ele-mesmo e contrários ao próprio Criador, mas que não passam de invenções decadentes, hodiernamente comprovadas através do colapso da sociedade.
Albrecht Anker. Lendo Devoções ao Avô.
1. Como se nota, René Descarte, buscando a verdade na forma de pensar, percebe que tal não caberia nos limites do homem, motivo pelo qual acessa apenas uma porção por Ele doada, que não contém sua totalidade, mas seu indício imediato, motivo pelo qual jamais Deus poderia ser objeto de convenção, como é o Estado descrito por Tomas Hobbes.

2. E o Estado descrito por Tomas Hobbes, que é uma ficção que limita o homem ao perímetro do pensamento decorrente do tempo e espaço, mostrou-se decadente, pois quem, como produto do meio, negar-se-ia em proveito de outro em face de um ganho pessoal? Assim é que a maneira estatal de regência humana é corrupta pela própria natureza.

3. Acontece que tal negação em proveito de outro existe e é própria da fé da Igreja Católica, que tem por dois milênios portado a Tradição advinda desde o tempo de Jesus Cristo, donde as formas de pensar buscam a amizade de Deus ao invés de contrariá-lo, como é feito pela força do decaimento que persiste na espécie humana.

4. Igualmente a gravidade, essa força de decaimento é constante na humanidade, cuja manifestação pela historicidade é comprovada na decadência de civilizações que aboliram sua divindade ou sociedades que confundem Deus como mero decurso da vontade de acreditar, assim como quem admite na realidade a existência de personagens de contos e estórias.

5. Fato é que a Igreja Católica viu desabar o Segundo Templo pelos romanos e o último destes no ocidente pelos hérulos – assim por diante há séculos. Tudo isso visto do centro de Roma. Empiricamente o fato é este: civilizações que aboliram sua divindade e sociedades que confundem Deus sofreram ou experimentam a manifestação da decadência.
Não à toa formas de pensar que recorrem ao disruptivo estão substituindo as certezas perenes em perversões efêmeras.
6. Então ao negar Deus para forjar sua própria verdade, afastam-se os homens do verdadeiro em um mundo distorcido pelo antagonismo decorrente do relativismo, subversão ou convenções, muitas vezes somente ficcionais. Não à toa formas de pensar que recorrem ao disruptivo estão substituindo as certezas perenes em perversões efêmeras.

7. Certamente, olvidando que existe uma forma de pensar, ver-se-ão os homens nos limites dos próprios sentidos, reagindo às influências, mas sem empreender o verdadeiro pensamento, que não vem, como visto, de si somente, mas por doação do Criador, que não por uma metafísica individual, pois isto significaria tornar a pessoa a própria medida.

8. No Evangelho de Nosso Senhor segundo São Mateus está dito: “porque onde se acham dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles.” (Mt 18, 20), donde tal forma de pensar que procura a verdade universal, católica, jamais poderá ser isolada, pessoal e individual, donde um teria de adotar a ideia do outro em convenção, portanto, artificial.

9. Acreditar em artifícios é consentir aos sentidos por estímulos que independem do intelecto, como quem se deixa levar pelas “mágicas” de um ilusionista. E a forma de pensar ao qual se procura obter decorre em função da razão, que tem por certeza o que é constante e imutável, para que não reaja por sensações passageiras, provocadas por uma realidade sintética.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Instruções ao Pensador IX. Enquirídio. Maceió, 15 jun. 2023. Disponível em https://www.enquiridio.org/2023/06/instrucoes-ao-pensador-ix.html.

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