Andrey Morozov. Natureza Morta com Flores e Imagens. |
2. Ninguém pode querer ser amigo do mundo e igualmente ter amizade com Jesus Cristo. Se no plano terreno, donde a corrupção existe desde o primeiro momento da origem, sobretudo colocada por aquele que odeia a criação divina, como atingir o Reino de Deus ao servir dois senhores? Dizia Dom Henrique Soares “o que é que tem: acender uma velinha para Deus e outra para o Diabo?” – ao se referir aos judeus quando relativizaram a Lei de Moisés para cumprirem as imposições religiosas do selêucida Antíoco IV ao culto do panteão helenístico. Diriam que jamais abandonariam Nosso Senhor, mas por isso o bispo adverte, trazendo o exemplo de Matatias ao recusar oferecer sacrifício aos deuses gregos (1Mc 2) para não ferir sua Aliança com Deus, porém, resolvendo a questão de forma que nenhum cristão jamais encontraria no Evangelho de Nosso Senhor através dos apóstolos.
3. Como é o mundo de hoje? Assim como impôs o selêucida Antíoco IV aos judeus no século III a.C., existem imposições aos cristãos no século XXI d.C. que não são compatíveis com aquilo que ensinou Nosso Senhor? Diante dessas incompatibilidades, aquele que diz seguir o cristianismo, defende sua crença igualmente defendeu Matatias ou guarda a doutrina de Jesus Cristo? Se as respostas convergem no sentido do Evangelho, amém! Porém, sendo respondidas conforme os preceitos da Velha Aliança, mas não necessariamente naquilo que foi registrado na legislação mosaica, presente na Torá, ditada por Deus, mas nas inúmeras interpretações talmúdicas, também não especificamente do judaísmo, mas das conclusões moralistas “judaicas-cristãs”, quem estão pensando agradar? Nosso Senhor, afinal, instituiu sua doutrina, baseada no próprio exemplo enquanto Pessoa da Trindade, desnecessariamente?
4. Lembre-se: Deus mostrou o caminho àqueles que são chamados hodiernamente por judeus, porém, profetizado, Jesus Cristo, Filho do Pai, precisou ser sacrificado para livrar o pecado do mundo e salvar as almas ao Criador, que não é bom ou mal a depender de interpretações rabínicas, mas uma constância amorosa. Amar é cuidar. As leis de Deus, como se vê, foram relativizadas. Aquilo que Ele disse “não faça”, restou feito. Como deixar sua cria ser engolida pelos erros e ficar calado ao mesmo tempo ou de braços cruzados? Nosso Senhor foi necessário por uma exclusiva causa, qual seja, reatar a aliança para quem busca a salvação. Afinal de contas, diante das relativizações talmúdicas, como saber sobre o Caminho, a Verdade e a Vida? Dom Henrique Soares, preocupado com tal judaização, trouxe em certa oportunidade, embora o fizesse sempre, aquilo que São Paulo precisou evidenciar aos romanos: “ora, sabemos tudo o que diz a lei, di-lo aos que estão sujeitos à Lei, para que toda boca fique fechada e que o mundo inteiro seja reconhecido culpado diante de Deus. Porquanto pela observância da Lei nenhum homem será justificado diante dele, porque a Lei se limita a dar o conhecimento do pecado. Mas, agora, sem o concurso da lei, manifestou-se a justiça de Deus, atestada pela Lei e pelos profetas. Esta é a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo, para todos os fiéis (pois não há distinção; com efeito, todos pecam e todos estão privados da glória de Deus), e são justificados gratuitamente por sua graça; tal é a obra da redenção, realizada em Jesus Cristo.” (Rm 3, 19-24).
5. Os seres humanos possuem necessidades que não poderiam ser esquecidas, como a união, companhia, convívio etc. As pessoas precisam se relacionar, sendo algo básico, igualmente beber água ou comer. Justamente por tal característica indispensável é que a trama no mundo se revela contra a criação, cujas bases vitais, alienadas pelas ideologias de mercado e sociais, donde o querer é encurralado por uma padronização conveniente aos interesses alheios, impingidos no comportamento coletivo para normalizar como necessárias as anormalidades travestidas de legalidades, mas que não têm qualquer validade ou eficácia ao plano salvífico de Nosso Senhor, embora sejam realmente interessantes às ambições diabólicas. Ao católico, apenas uma medida lhe interessa: Jesus Cristo e a loucura da cruz, como dizia Dom Henrique Soares. Se um cristão deseja compreender o pensamento do Salvador, primeiro se converta diariamente, deixando de lado sua lógica, sua matemática, seu pensamento, buscando sempre d’Ele obter todas as coisas. Esse teor está na primeira postagem do Enquirídio, quando, através da meditação nas palavras do Bispo, inaugurou-se um novo ciclo na vida de quem escreve este blog. Confira: A Única e Justa Medida que Precisamos.
6. Na época de Matatias as leis mosaicas já estavam tão rasuradas, que nem ele, pensando em defende-las, conseguiu cumpri-las! Significa que Deus não estava no centro da moral judaica, mas sim seu Talmud, textos rabínicos com orientações adaptadas ao tempo e espaço, donde a verdade revelada caducava diante das oportunidades de negócios que haviam de acontecer no tempo do império ao povo judeu. No livro “A Liberdade para a qual Cristo nos Libertou”, Dom Henrique Soares lembra que “nós, cristãos, podemos cair na mesma armadilha dos judeus quando colocamos preceitos, normas, observâncias, tradições no lugar da adesão apaixonada e amorosa por Cristo! É Cristo doador do Espírito do Amor que nos salva. Tudo quanto leva a Cristo é bom; tudo quanto toma o lugar de Cristo deve ser descartado! Pense nisso. Imagine a aberração de litigar e agredir por causa de Cristo! Por causa de Cristo, negar Cristo!”.
7. Querer uma Igreja Católica do tamanho do pensamento humano é sacrilégio! Reinventá-la é heresia! As ações do Espírito Santo não são contrárias – podem ser até difíceis de entender! Assim sendo, sem ter espaço de inovação, estilização, personalização, valem-se certos cristãos do Tanakh ou Velho Testamento na ideia de colocarem para fora aquilo que acreditam por verdadeiramente divino, inspirado, profético, embora se baseiem nas próprias medidas. Os judeus dizem que Deus faz leitura da Torá no paraíso – blasfêmia! N’Ele tudo está contido, como pode o Criador não lembrar daquilo que fez? Caducou? Daí vão tirando as inovações rabínicas que comungam com determinados egocentrismos.
O botão não foi abolido, mas cumprido, realizado, pleno! Sem ele, a flor não existiria.8. Foram descrentes o suficiente para concluírem que ninguém cumpriria as leis mosaicas: deram com burros n’água! Fracassaram até nas dúvidas que levantaram para justificarem suas relativizações. Jesus Cristo não apenas cumpriu como também restaurou a aliança entre o homem e Deus através do sacrifício, sendo Ele mesmo o Caminho, a Verdade e a Vida. Observe como Dom Henrique Soares explica e depois exemplifica o cumprimento de Nosso Senhor à Lei: “O Senhor Jesus Cristo afirma ter vindo das à Lei pleno cumprimento. Aqui está a chave para compreender toda esta questão. ‘Cumprir’, neste contexto, não significa obedecer, mas sim realizar, cumprir seu objetivo! Se a Lei foi o pedagogo de Israel para o Cristo, ela, entregando Israel a Cristo, cumpriu sua missão e Cristo deu descanso, realização, plenitude à Lei! Cristo, realizando o que a Lei previa, deu cumprimento e ‘repousou’ à Lei!”. “Um botão de flor: ele não existe para permanecer botão, mas se cumpre na flor: quando a flor desabrocha, o botão desaparece: a flor dá-lhe pleno cumprimento. O botão não foi abolido, mas cumprido, realizado, pleno! Sem ele, a flor não existiria”. Palavras paternas, porém, fraternas! Duras, secas e reais – assim disse o Bispo no livro “A Liberdade para a qual Cristo nos Libertou”. Também explicava que “o cristão não é cristão e não entrará no Reino que Jesus viera inaugurar (cf. Mt 4, 23) se não passar da justiça dos escribas e dos fariseus para a justiça de Cristo, que é a Justiça do Reino!”, trazendo ainda considerações sobre “a justiça dos cristãos é baseada não na Lei de Moisés, mas na pessoa adorável de Jesus Cristo, nosso Senhor”.
9. Qualquer prática judaizante é indigna de catolicidade. Nosso Senhor é universal, acessível até mesmo àqueles que não conseguem perceber seus mistérios pelas imposições mundanas que velam os corações, mesmo aos membros do corpo místico de Jesus Cristo, muitas vezes tomados justamente por aquilo que brilhantemente ensinou Dom Henrique Soares: “por causa de Cristo, negar Cristo!”. Aquele que gravar as palavras do Bispo ao exemplificar o cumprimento das leis mosaicas na analogia do botão e sua flor, pouco ou nada precisará mais para compreender a Paixão de Cristo e atingir a verdadeira comunhão na Santa Igreja, donde absolutamente é sustentado por Cristo, com Cristo e em Cristo. Para referenciar esta postagem: ROCHA, Pedro. Dom Henrique Soares e o Botão de Flor. Enquirídio. Maceió, 25 jun. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/06/dom-henrique-soares-e-o-botao-de-flor.html.
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