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2. Quando São Paulo VI, referindo-se ao resultado do Concílio Vaticano II, evidencia que “Tentamos cavar abismos em vez de preenchê-los”, conforme documento na sequência, manifesta angústia acerca da “fumaça de Satanás”, ou seja, algo de contenção trabalhosa, impregnante e prejudicial, evidentemente. 3. Mesmo que alguém esteja bastante concentrado, sentindo o cheiro da fumaça, termina se distraindo, uma vez que seu sistema nervoso é ativado à autopreservação. Neste ponto é que o cristão deve mostrar que sua vontade está controlada, para que não reaja aos impulsos provocados aos sentidos primários sem uma razão para tanto.
4. Se um estado de incerteza acomete tanto a ciência quanto a Igreja, então logo se nota que isso é algo comum em ambas, mas que não poderia ser aquilo que foi criado, passível à cognição, muito menos aquilo que foi revelado, suscetível à fé. Portanto, entre uma coisa e outra há de existir só aquilo que descobre, participa e contempla.
5. Ou seja, as vontades que são capazes dessas três aptidões, que são tão próprias à ciência, quanto à Igreja. Não é que a “fumaça de Satanás” deva impregnar algum corpo, no sentido de possessão, ou algum lugar, como ocorre na infestação. Observe que São Paulo VI se refere a alguma propriedade mais sutil, que não é o mal, mas que dele flui.
6. Não é que o mal não deseje, por exemplo, possuir alguém, mas que por “fumaça de Satanás”, conforme seu contexto, remonta o que é maligno, mas que ainda não é a sua presença absoluta. Neste ponto, como dizer o que ela é parece um avanço incerto, torna-se prudencial encontrar suas principais finalidades, que não são desconhecidas.
7. Assim sendo, esconder é a primeira finalidade identificada. Velar, tornar oculto ou ao menos inacessível. Depois, acha-se de maneira não tão difícil a isenção, como se fosse um afastamento decorrente da ocultação. Por fim, destruir é o terceiro interesse observado na “fumaça de Satanás”, seja como resultado ou como ideia primária.
8. Ao certo, se apresentam como antagônicas às descobertas, participações e contemplações, mas não são próprias da natureza ou do homem em si mesmo, dotado de corpo, mente e alma. Surgem da existência, mas não daquelas que são vegetais ou animais. Está, como se busca saber, entre o que é denso e o que é muito sutil.
9. Noutros termos, parece que tal “fumaça de Satanás”, naquilo que procura impregnar com sua “matéria volátil”, não poderia possuir, infestar, interessar-se na promoção de obsessões ou realizar vexações, que por sua vez causariam resultados densos, talvez acima dessa potencialidade. Além disso, ela pode e deve ser evitada de forma objetiva.
10. Corrobora à vontade própria do diabólico, dado pelo afastamento do simbólico, que são evidências concretas à ciência e da fé à Igreja. É a incerteza por trás das paredes de fumaça, das coisas que sofrem com tal ocultismo no sentido de que não são próprias desta condição, mas do que se mostra às claras, para que todo mundo veja.
11. Essa “fumaça de Satanás”, impregnando aquelas três aptidões, distorce a percepção tanto sobre a ciência, quanto acerca da Igreja, onde esta se torna ícone de devoções estéticas, isentas dos efeitos da fé, enquanto aquela vai cada vez mais tendo suas ideias sintetizadas pelos próprios pares ao ponto de se tornarem saberes estéreis.
12. Na sequência desta série, alguns exemplos serão mostrados sobre essas aptidões e o antagonismo ocasionado pela “fumaça de Satanás”, dentro dos termos postos por São Paulo VI em homilia, antes de seguir às breves investigações que procuraram ao menos tratar as consequências de um fenômeno que tanto se vê na ciência, quanto na Igreja. Para referenciar esta postagem: ROCHA, Pedro. Fumaça de Satanás II. Enquirídio. Maceió, 14 out. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/09/fumaca-de-satanas-ii.html. Pedro Rocha é católico, casado desde 2014 com Larissa Rocha – temos dois filhos na terra e um(a) com Papai do Céu. Tem por Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) especial admiração, bem como por Dom Henrique Soares. Devoto por São Tomás de Aquino. Aluno de Padre Paulo Ricardo. Bacharel em Direito e Design, cursa nas áreas de Semiótica, Gestalt, Behaviorismo e Simbologia. Mantém particular interesse sobre gêneses e declínios civilizatórios na antiguidade e reflexos na modernidade. Instagram. Siga o perfil do Enquirídio no Instagram. Threads. Acompanhe o Enquirídio também pelas Threads.
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