14.5.25

Católicos Sim! Mas só de Internet

Por que existem tantos católicos na internet que parecem não entender nada acerca da fé? Responder esta pergunta demanda, primeiro, elencar ao menos uma coisa ou outra sobre essa falta de compreensão — o que não é difícil, infelizmente. Dessa forma será mais fácil explicar essa situação (no Brasil).
Imagem por I.A. Religiosidade Virtual.
1. Dentre tantos exemplos, talvez a crítica ao Papa Francisco, de que foi um socialista ou comunista, seja a pior, pois, ao mesmo tempo, expulsa a caridade do âmbito católico enquanto posiciona as ações do Romano Pontífice no exercício de evangelizar em um ponto de vista que não existe na fé, qual seja, politizada.

2. Entretanto, fazem tal crítica explorando um universo virtualizado, seja pela prevalência das ocorrências se darem na internet ou pelo fato de virtualizarem as coisas no sentido de mentirem, deformando ou arranjando circunstâncias que corroborem os “argumentos” utilizados nesta triste empreitada abertamente anticristã.

3. Valem-se, portanto, de cortes de vídeos na maioria desses casos, assim como desses também utilizam na geração de pequenas “catequeses”, geralmente com silogismos projetados para manipular uma narrativa específica, como fazem agora sobre o Papa Leão XIV ser uma escolha tramada por certos cardeais contra o pontificado anterior.

4. Neste clima, criado ou decorrente de um pretendido pensamento tradicionalista, ainda assim imbuído de política e filosofia que quase nunca são convergentes à mensagem salvífica do Evangelho, aqueles que recebem e admitem esse tipo de teor acabam por quererem mais, como quem se vicia em droga.

5. Assim sendo, passam a consumir, ainda que vejam vídeos ou textos longos (menos provável este segundo, uma vez que ler parece pecado no Brasil), apenas por frações, porém, concluindo o total pela parte (sinédoque), onde um ponto “A” se liga ao “Z” não por uma ordenação do alfabeto, mas por uma disposição particular.

6. Ou seja, se de “A” a “Z”, representando o todo numa informação, porém, sabendo que por alfabeto a Santa Igreja considera “A, B, C, D, E, F” até “Z”, conforme a gramática, que por analogia é figurada pela Tradição, Magistério e Sagrada Escritura, o que é feito por esse povo pode ser tido mais ou menos assim: “A, g, 3, %, 0, T, u, B, Z”.

7. Sabem o que é “A” e “Z” como início e final da informação, porém, entre as letras, introjetam absurdos não declarados ou tramam lacunas, como em “A, 5, s, -, -, Q, -, Z”, onde “–” quer dizer “isto aqui nós não aceitamos”, ou algo pior: “A, -, (3), e, (G), -, Z”, no qual os parênteses indicam somente por aspecto (de “3” e “G”, no caso).

8. Exemplificando, um certo padre disse que sua consciência foi agitada também por ter São João Paulo II adicionado os mistérios luminosos ao rosário. Contudo, levando-se ao pé da letra o que é tradicionalismo, sequer o Rosário poderia ser desculpa para isto, cuja revelação privativa desobriga o católico à aderi-lo — avalie esta adição!
9. Como essa gente está imersa no ruído da internet (muitos dados, pouca informação), não tem acesso direto à Santa Igreja (como ao documento acima), mas tão somente às camadas que replicam por intermédios, esses que fazem uma leitura — “A, -, (3), e, (G), -, Z” — espúria de um todo maior, ordenado, em proveito de ideologias umbilicais.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Católicos Sim! Mas só de Internet. Enquirídio. Maceió, 14 abr. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/05/catolicos-sim-mas-so-de-internet.html.

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