O Verdadeiro Sagrado no Feminino

As mulheres, desde sempre, tiveram destaque nos desígnios de Deus, pois qual, depois de Nossa Senhora, poderia receber dos homens qualquer menção relativa ao pecado, como fazem alguns, talvez possuídos ou possessos? Verdade seja dita: pela figura feminina, Jesus Cristo se fez em nascimento e ressurreição.

Annibale Carracci. As Três Marias no Túmulo.

1. Triste aquele que não supera as noções judaicas relativas à mulher no Livro de Gênesis, que por ela entrou no mundo o pecado, quando na verdade a coparticipação do homem era necessária, pois fora também, junto com ela, banido do Éden – realmente um problema que perdura atualmente na ortodoxia semítica.

2. Observe que Eva foi persuadida, justamente por sua inocência – e a ponderação não adentra na questão do Livro do Gênesis, pois está lá como verdade absoluta, mesmo que não necessariamente sempre em termos literais. Portanto, inexistia malícia no Éden – esse é o ponto necessário à sequência.

3. Quando foram expulsos, Deus colocou querubins armados para guardar o caminho da árvore da vida, pois, como disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal” (Gn 3, 22). Esse “nós” dava ideia de mais de um “deus”, embora em Jesus Cristo se confirme a referência à Santíssima Trindade.

4. Adão e Eva não poderiam comer da árvore da vida, pois, comendo, viveriam eternamente. Disto até Nossa Senhora, Deus, apesar de intervir em proveito do povo eleito, ainda não tinha concedido caminho à vida eterna – o que é feito em Jesus Cristo. Assim é que o Verbo encarnou no ventre da virgem, que era inocente.

5. Nossa Senhora, apesar do receio, aceitou com devoção a ordem de Deus na concepção do Menino Jesus. Também São José devia aceitar os desígnios celestiais – e o fez com enorme prontidão. E o que fez a serpente no início, refez o anjo Gabriel, porém para salvação do povo eleito, como havia sido profetizado (Mt 1, 21; Is 7, 14).

6. Então a inocência ou pureza de coração estava presente em Nossa Senhora e São José. Mesma condição que foi verificada na prontidão na ressurreição de Jesus Cristo, quando as mulheres (incluindo Maria Madalena) foram ao sepulcro, onde Nosso Senhor havia sido posto, receberam a presença de um anjo, quem deu ordem de anunciar aos apóstolos.

7. Jesus Cristo, ressuscitado, apareceu-lhes logo na sequência, mas não antes – e aqui é nítida a inocência verificada, pois elas eram devotas e crentes com aquela pureza de coração. Algo que São Tomé não teve, mas que Nosso Senhor, novamente, serviu-lhe com provas que desejava, concluindo: “Creste, porque me viste. Felizes os que creem sem ter visto!” (Jo 20, 29).

As mulheres, como se nota, sempre foram crentes – mais do que os homens, pelos fatos.

8. As mulheres, como se nota, sempre foram crentes – mais do que os homens, pelos fatos. Jesus Cristo, no episódio do sepulcro, poderia ter aparecido antes do anjo. Contudo, satisfez-Se de perceber no feminino o ressurgimento da crença nelas. Nosso Senhor renasce dos mortos assim como toda fé em Deus. Segue uma boa homilia do Papa Francisco neste sentido:

• Vigília Pascal na Noite Santa (Papa Francisco).

9. Verdade que aquela serpente age sem descansar atualmente, pois, ludibriadas pelas ideologias feministas, esquecem que foi por tal devoção que elas, inicialmente vistas como causa original do pecado no mundo, devem ser elevadas por primeiramente, devotamente, fielmente, anunciarem a ressurreição de Jesus Cristo: “Felizes os que creem sem ter visto!” (Jo 20, 29). Agora, todos os católicos, esse novo povo de Deus, finalmente recebem não apenas o perdão divino, mas uma chance de provarem da árvore da vida: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6). Esse é o verdadeiro Sagrado no Feminino, opção celeste pelos mistérios que ocorrem por intermédio das mulheres.

    Para referenciar esta postagem:

ROCHA, Pedro. O Verdadeiro Sagrado no Feminino. Enquirídio. Maceió, 25 ago. 2023. Disponível em https://www.enquiridio.org/2023/08/o-verdadeiro-sagrado-no-feminino.html.