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| O Veado Ferido. Frida Kahlo. |
2. Os artifícios são construídos subvertendo o que é verdadeiro e duradouro por armadilhas e efemeridades no intuito de permitir que uns ascendam enquanto outros declinem, como em um sistema de pirâmide, onde a base, mais larga, serve só para isto: sustentar todo o resto — que é o que torna os seres humanos em objetos descartáveis.
3. De outro modo, para destruir a realidade, ou se canaliza atenção para aqueles artifícios, se já existentes, ou se desvia o foco para a dúvida regular, criada para alienar a mente em coisas banais. Para que isto seja efetivo, precisa acontecer em dimensões quase universais — o que é próprio da cultura popular, ainda que por nichos de gostos.
4. Essas duas coisas corroboram o que é substancial à incredulidade em estruturas de conservação, especialmente à autopreservação, fazendo as pessoas deixarem de serem para terem, porém, conforme os ditames de um mundo em constante revolução ideológica, que diz “carpe diem” em louvor às mentes inconsequentes.
5. O ter e o ser não são compatíveis no globalismo. Ou se tem (o que é determinado por uma cultura popular), ou será irrelevante nessa sociedade hedonista. Portanto, dominar as massas é conduzir as pessoas, como se peixes possem, perante as várias iscas, que não são outras coisas senão modos de captação de recursos para proveitos pessoais.
6. Aqueles que alienam milhares por tal método não têm qualquer remorso acerca dos que mutilam suas próprias almas para serem melhores pessoas para eles, como se fosse um amestramento, passando a consumir conceitos absurdos e assumir posturas indevidas, deformando o pensamento à aceitação das deformidades na alma e corpo.
7. Uma vez corrompido o pensamento, agora essas distorções começam a lesar a alma, escanteando-a e colocando o corpo como único e determinante recurso existencial do ponto de vista terreno, findado em si mesmo. Se só matéria importa e o sujeito é notado agora como sendo apenas material, ou ele se valoriza, ou se torna sem valor.
8. Valor, numa sociedade hedonista, significa condizer com desejos que não são próprios, vontades que são ditadas por pessoas que sequer se importam com o que é verdadeiro. Diante desses narcisistas, maquiavélicos e psicopatas, qualquer um é só mais um passível ao descarte. Na pirâmide, quem está no topo não quer estar na base.
9. Na sociedade hedonista, mesmo que alguém se mutile ao máximo para ser nela aceito, ainda pode ser mais um dentre tantos descartáveis. “Mas eu não fiz tudo como era para ser feito?”, pode dizer. Sim, mas quem foi que disse que isso é regra? Lembre-se: um mundo isento de Deus só serve ao caos — afaste-se ao reconhecer um caótico. Para referenciar esta postagem: ROCHA, Pedro. Os Mutilados pelo Caos. Enquirídio. Maceió, 19 dez. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/12/os-mutilados-pelo-caos.html.
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