![]() |
2. Propondo Ockham que “não deve ser postulada sem necessidade a pluralidade”, afirma que uma explicação menos complexa seja preferível, pois, em suma, postula que menos quer dizer mais. Contudo, antes de tratar dessa ideia, permita-se retornar ao ponto do autor que ainda segue oculto.
3. Ele diz que “fica cada vez mais claro que o valor da navalha de Ockham não se limita à ciência”, trazendo exemplos de produtos modernos deste princípio, como é o caso da “música minimalista de John Cage”, “linhas arquitetônicas limpas de Le Corbusier” e o iPad, seja lá qual adjetivo tenha usado para este último.
4. Significa que a tal navalha de Ockham não possui, como se pensa, intuito de servir ao que for da ciência. Não! Como se sabe, serve ao cientificismo, que usa conceitos científicos à convenção de resultados que não são cientificamente comprobatórios. Observe a imagem enquanto escuta, talvez, em um iPad: 5. Curioso perceber que uma navalha consiga cortar tanto assim, ao ponto de extirpar até mesmo a beleza, que por sua vez exige muito. Em um breve termo de comparação, preste atenção ao tipo de arquitetura e produção musical próprias da Idade Média, que devem ser consideradas desnecessárias por Ockham: 6. O que é patente na ideia de Ockham, segundo esse autor, corrobora com supostas percepções de Antoine de Saint-Exupéry: “Parece que a perfeição é alcançada não quando não resta mais nada a acrescentar, mas quando não resta nada a ser retirado” — e o aparente motivo do “Pequeno Príncipe” ser tão chocho.
7. Ao que se nota por essa encurtada exposição, o autor é realmente devotado à navalha de Ockham e procura legitimar sua serventia, mas que, justamente por ser alguém da ciência, evidencia quão ideológica é a concepção que tem sobre uma coisa que não necessariamente contribui às pesquisas.
8. Na verdade, contribui à convenção, ou seja, ao método da mínima consolidação informacional, quando uma suposta verdade é comunicada com velocidade axiomática à instantânea assimilação cognitiva, evitando brechas que pudessem sofrer contestações. Além disso, cumpre uma função criptográfica.
9. Para que fique claro: cientificismo e ciência não são uma coisa única! Diferem em tudo, pois aquela orbita ideias improváveis, enquanto esta pode, além de poder provar, ser ela mesma provada. Assim sendo, como fato certo no tempo, parece sim que tal navalha de Ockham ou é má, ou só usam ela mal. Para referenciar esta postagem: ROCHA, Pedro. No Fio da Navalha II. Enquirídio. Maceió, 26 set. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/09/no-fio-da-navalha-ii.html. Pedro Rocha é católico, casado desde 2014 com Larissa Rocha – temos dois filhos na terra e um(a) com Papai do Céu. Tem por Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) especial admiração, bem como por Dom Henrique Soares. Devoto por São Tomás de Aquino. Aluno de Padre Paulo Ricardo. Bacharel em Direito e Design, cursa nas áreas de Semiótica, Gestalt, Behaviorismo e Simbologia. Mantém particular interesse sobre gêneses e declínios civilizatórios na antiguidade e reflexos na modernidade. Instagram. Siga o perfil do Enquirídio no Instagram. Threads. Acompanhe o Enquirídio também pelas Threads.
Postar um comentário