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2. Em um certo livro, seu autor, que nada sabia sobre Ockham, conta que ficou contrariado por alguém ter alegado que era ineficaz o princípio baseado naquela navalha, que tem como uma das suas máximas a regra do menor esforço, basicamente, quando resolveu realizar uma varredura da internet — mas ao quê?
3. Ele nem sabia o que era o princípio proposto por Ockham, supostamente, há ao menos 20 anos, quando “varreu” (numa noite no ano de 2000, mais ou menos, pois a obra dele data de 2021) os confins da internet em busca de alguma informação (milagrosa) para usar na defesa prévia da reputação daquela navalha.
4. Como ele fez isso? Google só passou a existir em 1998 e a Wikipédia em 2000. Ou seja, as pesquisas eram complexas e mesmo a melhor resposta era escassa. Curiosamente, batem o ano em que o autor disse ter feito tal busca e a inclusão do primeiro verbete acerca da navalha de Ockham naquela enciclopédia on-line.
5. Apesar de serem informações aparentemente irrelevantes aos breves exames desta série, desde o início o autor do livro em questão atesta ímpeto às paixões versadas em proveito daquilo que não poderia ter por certo (navalha de Ockham), embora admita ser certa tão somente por conveniência ao cientificismo.
6. Afinal de contas, expõe o autor que tal “ideia não era totalmente nova, mas a aplicação implacável desse princípio para desmantelar boa parte da filosofia medieval tornou-se tão notória que, três séculos depois de sua morte, o teólogo francês Libert Froudmont cunhou o termo ‘navalha de Ockham’.”.
7. Então, nesta primeira etapa, ainda que não tenha sido feito nada do que se deve, pode-se notar em um certo autor as premissas do cientificismo na atualidade, que não tem outra coisa a fazer além de contrariar o que é chamado de “filosofia medieval”, embora não revele qual seja — cristã, acha-se.
8. Ora, que por concepções nominalistas o mundo se tornou mais insano, parece ser uma opinião válida, mas não sem verificar se um cientista percebe isso também, uma vez que Ockham forneceu princípios que não são realmente científicos, já que se pode gerar convenções por sua utilização.
9. Pior! Se esse autor admite a navalha de Ockham como “sustentáculo do mundo moderno”, talvez queira repercutir algo constante ao cientificismo. Então, resta saber o que faz o princípio pelo qual alguém “varreu” a internet para defendê-lo de ameaças modernas, que rebaixa por completo sua serventia. Para referenciar esta postagem: ROCHA, Pedro. No Fio da Navalha I. Enquirídio. Maceió, 24 set. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/09/no-fio-da-navalha-i.html. Pedro Rocha é católico, casado desde 2014 com Larissa Rocha – temos dois filhos na terra e um(a) com Papai do Céu. Tem por Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) especial admiração, bem como por Dom Henrique Soares. Devoto por São Tomás de Aquino. Aluno de Padre Paulo Ricardo. Bacharel em Direito e Design, cursa nas áreas de Semiótica, Gestalt, Behaviorismo e Simbologia. Mantém particular interesse sobre gêneses e declínios civilizatórios na antiguidade e reflexos na modernidade. Instagram. Siga o perfil do Enquirídio no Instagram. Threads. Acompanhe o Enquirídio também pelas Threads.
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