16.4.25

Existe uma História Secreta do Mundo?

Existe a história que o seu professor conta na sala de aula e a que ele, talvez, não faça nem ideia existir. Enquanto numa pintam um quadro bonito, noutra, como foto real, exibe o que é. Enquanto esta desbota em gavetas e armários privados, aquela é sempre restaurada à constante exibição pública.
Adolph Tidemand. A Mãe Ensinando.
1. Assim é que a história é tratada. Enquanto os professores do “oitavo ano” se obrigam a reiterar a queda da Bastilha como ato nobre ou que as guilhotinas, raramente abordadas a julgar por planos de aulas atuais, serviam para decepar as cabeças da “nobreza tirânica”, os alunos se fixam em quadros pintados ali mesmo na sala de aula.

2. Alunos que acabam o colégio levando verdades absolutas ao mundo, até que começam a desvairar, descobrindo que Bastilha não era apenas um castelo, mas sim uma prisão, donde sua queda significa a soltura de criminosos e a destruição desta construção, incluindo as arruaças com matanças pelas ruas de Paris.

3. Neste mesmo ponto, notam que pelas guilhotinas não somente as cabeças da “nobreza tirânica” rolaram, mas das inocentes Carmelitas de Compiège também, num ato contraditório aos ideais dos iluministas, ao menos no quadro pintado em sala de aula, uma vez que através do uso da razão iriam consertar os problemas causados pela fé.

4. Não à toa que a superficial percepção da inquisição já apazigua esses alunos, pois se eles mataram aquelas religiosas, foi por causa da Igreja Católica ter anteriormente condenado as bruxas na fogueira, mas que, desapercebidamente na maior parte dos casos, consentem o iluminismo como mais outra forma de vingança.

5. Se um professor dissesse “esta é a ideia de vingança contra a Igreja Católica”, notadamente os alunos se colocariam em desconfiança: essa é a tese sobre o iluminismo? Onde isso pode ser algo nobre? Então iriam perceber que boa parte dos que ensinam história desse modo, ao certo só repercutem imoralidades.

6. Olha que saia justa: Antoine Lavoisier (1743-1794), precursor da química, autor da frase “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” e enaltecido pelos professores do “oitavo ano” ou depois (ou antes), também foi guilhotinado pelos iluministas que perseguiam a “nobreza tirânica”. Mas ele era?

7. Ao certo, tanto Lavoisier, como as irmãs de Compiège, eram católicos. Sem dúvida não faziam parte daquela “nobreza tirânica”, mas, mesmo assim, foram mortos. Se a fé é o problema dado pela inquisição como patente sintoma, como isso tudo se explica através do uso da razão no iluminismo, ainda mais pelo lema “liberté, égalité, fraternité”?

8. É que a história, como se deve notar, realmente é dividida, mas não como antes e depois de Cristo (ou Era Comum, para quem acha esse termo mais adequado, embora indique mesma medição temporal baseada na revelação em Jesus Cristo), mas tão somente naquela que pode ser contada ao público e a verdadeira, embora privada.

9. Privada no sentido de que se alguém percebe (provando) alguma verdade histórica ocultada ou alterada, termina numa situação complexa, uma vez que, diante do quadro que sempre é pintado na sala de aula, torna-se quase impossível transmitir sua percepção por causa das reiterações constantes de um status quo — infelizmente.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Existe uma História Secreta do Mundo? Enquirídio. Maceió, 16 abr. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/04/existe-uma-historia-secreta-do-mundo.html.

Postar um comentário

Botão do WhatsApp compatível apenas em dispositivos móveis

Digite sua pesquisa abaixo