6.3.25

A Origem do Relativismo

Em Asharismo Nominalista, alguns fatos foram remontados para apresentar uma visão menos centralizada das conclusões mais observadas acerca da origem do relativismo, mas sem necessariamente, comparando-as agora aos tijolos das paredes, mostrar o cimento utilizado para uni-los no tempo e espaço.
Wayne Anderson. Deixe os Dragões Adormecidos Mentirem.
1. As relações envolvem o nominalismo e o asharismo, onde, naquele, nega-se toda possibilidade do intelecto compreender a substância, mas tão somente o(s) acidente(s) de um fato, enquanto, neste, causa e efeito não têm relação. Tudo isso finda ou na percepção sensitiva de cada um, ou na imposição da “verdade” de um sobre o outro.

2. Ao negar existir a relação de causa e efeito substancial, como toda árvore naturalmente nasce da semente, independentemente dos acidentes, definidos pelas várias espécies possíveis, explicar este fato assemelha-se mais a “foi a vontade de Alá” do que as razões sobre germinação, brotamento, crescimento, maturação e reprodução.

3. Então, como intitula Richard Weaver em obra: “As Ideias Têm Consequências”. E a consequência disso não podia gerar outra coisa diferente do relativismo. Se as verdades universais, como a “força” da gravidade, não são levadas em consideração, o que é possível concluir de um edifício ou de um foguete? Ah! “Alá não quis isso”.

4. Um edifício ou um foguete são produtos do intelecto, ok? Se Deus cria algo segundo sua imagem e semelhança e dota-os diferenciando-os de animais, conclui-se que Ele quis dessa forma. Não à toa estes são regidos por aqueles. Então a vontade divina permite à criação (intelectualmente constituída, embora encarnada) estruturar e projetar, donde o livre-arbítrio é substância, enquanto a construção e a utilização são acidentes da intelectualidade operante, que, neste ponto, valem-se de lógicas e razões às conclusões que culminaram no Empire State Building ou na Apolo 11. Agora veja como os muçulmanos e protestantes podem pensar através do asharismo nominalista.
Não à toa a moral se torna uma pedra de tropeço dentro do islamismo, que, desejoso por prosperar, observa como única ação possível à vitória do forte sobre o fraco. Quem, desta forma, poderia desejar que sua divindade fosse aquela que não prospera?
5. Edifícios e foguetes podem ser mal construídos ou utilizados. Se há negligencia, imprudência e/ou imperícia na construção ou utilização destes, talvez um desmorone e o outro exploda. Também, se constroem e utilizam de forma bélica, aqueles se parecerão mais como fortalezas, enquanto estes serão mais semelhantes aos mísseis nucleares. Os protestantes geralmente encaram estas realidades afirmando “Deus nunca quis elas”, enquanto, por uma idêntica aplicação dos conhecimentos acerca da “força” da gravidade, voam em jatos, às vezes particulares, de um canto ao outro da Terra. Os muçulmanos podem sempre contar com atos inconsequentes, pois, como não existe relação entre causa e efeito, se sobe ou desce um avião em segurança numa pista de um aeroporto, “foi a vontade de Alá”, mas se ele cai no mar, “foi a vontade de Alá”. Neste ponto, merece apontar que tal percepção islâmica aplica-se na imposição do Corão e Sharia de maneira forçada ao mundo inteiro, donde, se se impõe, “foi a vontade de Alá”, mas, se são repelidos, “foi a vontade de Alá”. Não à toa a moral se torna uma pedra de tropeço dentro do islamismo, que, desejoso por prosperar, observa como única ação possível à vitória do forte sobre o fraco. Quem, desta forma, poderia desejar que sua divindade fosse aquela que não prospera? Se um prospera, conclui que “foi a vontade de Alá”. Parece evidente isso àqueles que rejeitam Jesus Cristo e a doutrina que revela aos homens, mas o que inferir dos que creem no Deus Filho, mas não nas revelações que Ele fez? Disto, põem-se todos em cisma sobre Sua Igreja, porém, aceitando a Sagrada Escritura como única fonte de fé, embora esta seja acidente da substância, que não é outra além de Nosso Senhor, consubstancial ao Deus Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Como isso pode acontecer? Simples: relativismo. Porém, trata-se de um conceito muito sofisticado à época dos asharitas e nominalistas, que não necessariamente dialogaram diretamente, embora não restem dúvidas se indiretamente.
Esta é a mera lógica inercial sendo empregada para determinar um desfecho imediato, uma vez que, sem auxílio da ciência, no sentido de reunir os fatos para tanto, torna-se tudo em falácia, plenamente passível de refutação sumária.
6. Os nominalistas, com seu expoente Guilherme de Ockham (1285-1349) na Baixa Idade Média, conforme assim admitido no âmbito católico, como se as ideias causadoras do relativismo fossem o bastão da corrida de revezamento, onde um corredor precisa passá-lo ao próximo da equipe até que possam conclui-la, historicamente falando, certamente encontram-se no meio da prova, onde, antes, vieram os asharitas para, depois, virem os renascentistas. Mas não seria uma conclusão evidente? Não, uma vez que, naquele período da história, notadamente o Renascimento (1350-1600), percepções diversificadas e aparentemente divergentes em termos de acidentes apontam sempre ao relativismo enquanto substância, conforme se encontra também em Abu Hassan al-Ash’ari (873-935). Então, Ash’ari ensinou Ockham? Esta é a mera lógica inercial sendo empregada para determinar um desfecho imediato, uma vez que, sem auxílio da ciência, no sentido de reunir os fatos para tanto, torna-se tudo em falácia, plenamente passível de refutação sumária, como se vê no caso explorado em Investigação Cartesiana VI, onde René Descartes (1596-1650) finalmente teria transmitido a Baruch Espinoza (1632-1677) a suposta tradição rosacruciana da qual se mostrou adverso. Assim sendo, embora a mente em plena atividade intelectual, porém, muitas vezes sofrendo interferências por paixões efêmeras, relacionadas geralmente aos momentos de comoções, contagiados com outras tantas conjecturas e respostas invasivas, conforme disposições explicadas nos artigos A Mente Revolucionária, Projeção de Si em Coisa Alheia, Manipulação e Controle de Narrativa, Simetria Aparente e Como Programar um Cowboy, dentre outras, acaba concluindo ou realizando um fechamento, como se diz em Gestalt, que aos observadores que — redundantemente observam — por uma perspectiva semiótica, movendo-se prudencialmente para fora da questão no intuito de analisa-la de forma cética, raramente deixam passar algum elemento informacional, responsável por evitar ruídos comunicacionais, dentre alguns a própria lacuna, como se vê entre as ideias de Ash’ari a Ockham ou Descartes a Espinoza.

7. Uma das perguntas a realizar a respeito da relativização é sobre a quem ela serve e o motivo pelo qual tal faz isso. Enquanto conceito daquilo que remove o caráter absoluto de algo, quer dizer isto, somente, porém, como instrumento para relativizar, por si só não faz absolutamente nada, pelo que deve ter uma validade do ponto de vista de quem dela frui, mesmo assim, sendo tal fruição um meio para algo a mais, seja para concluir um objetivo ou alcançar alguma etapa para tanto. Observe que uma semente de girassol tem seu valor por ela mesma, mas que, por alguém com fome, pode significar alimento imediato. Também significa a possibilidade à plantação, porém, geralmente à alguém que disponha de um lugar fértil para isso. Por fim, certamente pode receber outra finalidade totalmente imprevista, como servir de material para colagem em um trabalho escolar em cartolina. Quer dizer, então, que ela foi relativizada? Não. Este é o teor do que se tem por relativo. Voltando à questão da “força” da gravidade, um piloto de um avião de combate, talvez um caça atual, como o Boing F-15EX Eagle II, consiga, através de certas manobras, atingir razões gravitacionais mais altas em comparação àquelas que são possíveis em um aparelho de menor capacidade em termos de velocidade, manobrabilidade e sustentação, como um North American P-51 Mustang, atuante na Segunda Guerra Mundial, mas que já se encontra fora de serviço há décadas. Substancialmente, inexiste qualquer mudança na interação fundamental que causa atração mútua entre tudo aquilo que tem massa, porém, acidentalmente, esta ação gravitacional será mais ou menos percebida a depender da aeronave utilizada, conforme este exemplo derradeiro. Ao certo, as descrições científicas, sejam dadas na matemática, geometria, física, química, gerariam uma capacidade quase inexistente ao relativismo se comparadas às definições filosóficas e teológicas, mas que, por uma ideologia incoerente, atualmente alguns cientistas se preocupam em reanalisar as conclusões genéticas para quem sabe perceber, sabe-se lá como, possibilidades à modificações nas constituições cromossomiais no intuito de tornar o homem em mulher ou vive e versa. Intentam, como se sabe, manipular a verdade no intuito de obterem resultados favoráveis, mas ao quê? Cabe agora notar as consequências dessas ideias.

8. Se as manipulações genéticas conseguirem modificar a formação de um embrião ao ponto de se definir o sexo do bebê antes do tempo da sexagem, realizada em torno de 11 a 13 semanas de gestação, portanto, posterior a qualquer possibilidade de alteração cromossomial, certamente será possível a escolha na geração de filhos homens ou mulheres — e a quem isso interessa? Observe a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas — ONU, que, dentre tantas coisas, posiciona os países membros, inclusive o Brasil, perante de objetivos como “assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais”. Daqui em diante, o que é relativismo será bem mais compreendido. Para os relativistas, abortar é direito ao planejamento familiar, conforme a minuta inicial remetida ao Supremo Tribunal Federal — STF pelo Partido Socialismo e Liberdade — PSOL, culminada na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, referida apenas por ADPF 442, que tramita sob relatoria de um ministro alinhado às ideologias socialistas. Neste ponto, o que é comumente designado como interrupção da gravidez, na prática consistem no extermínio de um ente vivo, sobretudo por métodos terríveis, que nem mesmo as regras de eutanásia em animais permitem ser aplicados, como é o caso da injeção de cloreto de potássio no coração daquele que deverá ser eutanasiado. Neste ponto, como não existe uma definição científica a respeito de quando a vida de fato acontece no processo de fecundação, formação embrionária, nidação e desenvolvimento, melhor que tratem aquele ser humano, vivente no ambiente intrauterino, pelo nome de feto, pois, dessa forma, ficará mais fácil convencer a sociedade de que os assassinatos são tão somente escolhas sobre o que a grávida deve fazer com seu corpo, convencionando o embrião como se fosse um câncer ou órgão desprezível, mesmo a criança já formada dentro do ventre materno. Tudo isso não pode revelar outra intenção além de um total gerenciamento populacional, restando a pergunta: quem deve exercer tal controle? Quem pode garantir que não utilizarão tal prerrogativa como um dia já usou Adolf Hitler ou Joseph Stalin? Até que isso seja plenamente incontestável, já investem na aceitação social de pessoas capazes de alterarem suas composições sexuais, por exemplo, no intuito de subverterem a ordem das coisas, embora isto tudo seja geneticamente impossível, conforme já descrito, sobrando, então, apenas o engodo psicológico para aqueles que são suscetíveis à relativização, donde formar massas manipuláveis é a chave ao poder absoluto dentro de um programa eugenista de globalização. Lembrando da obra “As Ideia Têm Consequências”, se um dia foi pensado que era necessário diminuir a quantidade de gente no planeta, como dizer, agora, que tal desejo não tem seu curso sendo projetado e executado? Se as civilizações se encontram em constante declive cultural, repletas de guerras ideológicas, nas quais são especialmente as famílias as primeiras a sofrerem as consequências, sobretudo pelos filhos e filhas, porém, pais e mães também, estarem em profunda confusão por não saberem o que são, sem conseguirem entender quais propósitos devem perseguir de maneira genuína, acabam adotando as distorções provocadas na realidade, admitindo que acidentes sejam aceitos como substância ao ponto de nada mais restar como substancial, mas tão somente acidental, dependente da sensibilidade individual que, sem uma ordem ao menos lógica, não vai conseguir suportar tal deturpação e o desejo de viver pode até ser minado, como em tantos casos de suicídios ao redor do mundo. As vítimas do programa eugênico, que se faz notório, passam a acreditar que podem ter uma melhor experiência existencial se testarem outras maneiras de serem, quando acham que por si só se descobrem mais inclinadas a adotarem posturas de outro sexo, tratadas por uma identidade de gênero, passando a observarem suas próprias vivencias sob uma perspectiva sexualizada às relações interpessoais, marcadas pela designação de como se notam ao transar, dando surgimento aos “não binários”, “transgêneros”, “agênero”, dentre outras terminologias que não passam de decorrências dentro de um universo que aprisiona o intelecto na promoção do que se torna meramente sensitivo em direção à esterilização da espécie.
Tudo isso conflui ao momento de intensas transformações renascentistas, quando as influências anticristãs, nesse processo de constantes atritos filosóficos e teológicos, deram margem interpretativa da fé católica aos praticantes de um misticismo neopagão, por uma parte, mas por outra, incentivando as revoluções cismáticas que acabaram convergindo ao protestantismo.
9. Se no relativismo há quem possa dizer “eu quero, eu posso, eu faço”, mesmo que visando alterar sua aparência de homem para mulher, ignora completamente o que é substancial, que é a sua composição cromossomial dada pela predominância de cromossomos masculinos (XY), incluindo os hormônios produzidos partindo dessa realidade, passando a acreditar tão somente na aparência exterior que ele entende que não passa de um grande engodo contra si mesmo. Em um programa de eugenia como esse da Agenda 2030, todas as perspectivas que demonstrem a perversão idealizada parecem conspirações contrárias à liberdade. Acontece que, por exemplo, se um indivíduo quiser tratamento psicológico para admitir uma condição homossexual, poderá contar com apoio da classe desses psicólogos em âmbito nacional, mas se for ao contrário, desejando ser heterossexual, relativizam a situação ao ponto de sugerirem que ele ou ela esteja sendo vítima de pressões sociais, políticas, religiosas, denominadas de homofóbicas, protegendo, dessa forma, contra qualquer retrocesso ao que se encontra evidente nos anseios da Organização das Nações Unidas — ONU. Contudo, restaria explicar como ideias de culturas e crenças diferentes se permutam através dos séculos até chegarem na atualidade para provocarem toda essa devastação civilizatória. Dizer que surge em al-Ash’ria ou em Ockham parece de um contrassenso imensurável, sabendo que nenhum deles queria a eugenia na própria sociedade, sobretudo em processo de expansão, muito menos fileiras de batalha ou ambientes de clausuras repletos de pessoas que não sabem o que são. Afinal, seria infrutífero à aceitação, seja da crença do Corão para os muçulmanos ou da fé para os católicos. Então é mister encontrar o cimento dessa parede argumentativa, pois, caso não seja possível tal encontro, todos os tijolos cairão, sejam estes asharitas ou nominalistas. As respostas não são intuitivas, porém, existem. Observe que aquilo que usaram para justificar que “foi a vontade de Alá” nas percepções daquele tempo sobre causa e efeito, ainda resiste dentro do islamismo atualmente. No catolicismo que permeava a cristandade na Idade Média, diversas heresias se somaram até eclodirem nas concepções de que as verdade universais não poderiam ser acessadas pela inteligência humana, como é o fato de Averróis (1126-1198) ter sua deturpação acerca da metafísica de Aristóteles (384-322 a.C.), qual seja, aquelas encontradas em Perenialismo Esotérico: Porta para o Islã?, combatida por São Tomás de Aquino (1225-1274), no ano de 1268, enquanto professor na cátedra de teologia da Ordem Dominicana, vinculada à Universidade de Paris. Engraçado perceber que antagonistas como Avicena (980-1037) e Al-Ghazali (1058-1111), sendo este último propagador do asharismo, terminam sendo mencionados pelo Doutor Angélico em contraposição às interpretações averroístas, que não à toa prosperaram no continente europeu sob tutelas de figuras como Giovani Pico della Mirandola (1463-1494) e Giordano Bruno (1548-1600), curiosamente por uma adesão comum ao Picatrix, um livro de magia e astrologia proveniente de escritor(es) contemporâneo(s) ao período do Califado Abássida (750-1543), que por sua vez diminuiu de extensão — lembrando que seu estabelecimento se dá ao final da expansão islâmica do Califado Omíada (661-750) — na medida em que os cristãos retomavam a Península Ibérica de 718 até 1492. Tudo isso conflui ao momento de intensas transformações renascentistas, quando as influências anticristãs, nesse processo de constantes atritos filosóficos e teológicos, deram margem interpretativa da fé católica aos praticantes de um misticismo neopagão, por uma parte, mas por outra, incentivando as revoluções cismáticas que acabaram convergindo ao protestantismo — e a relativização foi justamente o instrumento para que isso acontecesse.

10. Não foi uma engenharia bem planejada, diga-se de passagem, porém, ela foi efetiva, mas tão bem sucedida que, não à toa, ter uma percepção fidedigna a respeito do estrago que uma ideia pode fazer ao longo do tempo parece impossível, de que um mísero livro poderia, juntamente com aqueles que ajudaram a propaga-lo, causar fissuras na cristandade, que por sua vez sucumbia no medievo partindo do próprio interior, como se nota ao estudar as heresias, especialmente dos paulicianos, bogomilios, valdenses e cátaros, sendo esta última uma espécie de espírito que retorna ao presente sob maneiras variadas de se negar as realidades da Santa Igreja, como é o caso do sedevacantismo ou coisas piores em certas seitas. Claro que Ockham e Cia. Ltda. contribuíram ao relativismo na atualidade, mas não exclusivamente, quando corroboraram — ao menos em um momento propício, neste ponto observado durante os 250 anos de intensas transformações renascentistas — diversas concepções advindas do islamismo e misticismo, onde esta nitidamente também recebeu influência dos variados conceitos originários daquela, no intuído de diluírem o cristianismo. Como o cimento à analogia aqui utilizada é justamente a relativização, ela une tantos tijolos quanto quiser, sejam disto ou daquilo, contanto que sua parede, ao final da construção, impeça que homens e mulheres possam enxergar a verdade. Mas uma obra pode ser tão nociva assim? Se um romance policial moderno como “O Código da Vinci” de Dan Brown até agora, desde quando foi lançada sua primeira edição em 2003, consegue influenciar as sociedades no mundo inteiro a respeito das mentiras que ele propaga acerca da Igreja Católica no decorrer de pouco mais de duas décadas, o que é possível perceber de um Picatrix, dentre outros trabalhos não ficcionais de imenso impacto, durante dois séculos e meio, numa época de muitos agitos e constantes deturpações acerca da fé, provocadas tanto pelos neopagãos — sintetizando desta forma uma série de linhas de pensamentos que não contemplam a divindade de Jesus Cristo — quanto tantos outros cristãos cismáticos que culminaram na revolução protestante ao invés da reforma que diziam realizar. Apesar de não ser um tema para este artigo, quando nomes de personagens historicamente reconhecidos se vinculam a determinados movimentos de caráter obscuro, intencionados ao reposicionamento da mentalidade ocidental em proveito de ideologias autodestrutivas, especialmente se disso a Igreja de Cristo deixar de animar e orientar tantas civilizações quanto puder, certamente as decorrências precisam ser aferidas e ordenadas à verificação das causas e efeitos, como se vê no Iluminismo (1601-1700), advindo imediatamente depois da Renascença, incluindo sua decorrente Revolução Francesa (1789-1799), responsável por impregnar na Terra os únicos três termos que caducaram tão rapidamente quanto se valeram da guilhotina para registrarem na memória da humanidade as aspirações relativistas de “liberdade”, “igualdade” e “fraternidade”, esquecendo ou sequer conhecendo uma máxima de Confúcio (552-489 a.C.), que bem poderia ter evitado tudo isso: “quando as palavras perdem seu significado, as pessoas perdem sua liberdade”. Ou os enciclopedistas, como César Chesneau Du Marsais (1676-1756), empregados pelos iluministas e coprodutores da pioneiríssima “Enciclopédia ou Dicionário Racional das Ciências, Artes e Profissões”, quais sejam, Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond d'Alembert (1717-1783), também ateístas, realizaram tal empreendimento a troco de nada? Acaso não era desejo deles explicar absolutamente tudo partindo das próprias ideações, inclusive o que é a religião? Como os ateus poderiam descrever com honestidade as revelações do Evangelho se delas já desejavam seu extermínio por completo?

11. Em A Enciclopédia Maçônica da Revolução Iluminista algumas respostas já se encontram disponíveis, especialmente a respeito das categorias utilizadas no “Sistema Figurativo do Conhecimento Humano”. Tratando da “filosofia”, inseriram numa chave chamada “ciência de Deus” a “teologia natural” e a “teologia revelada”, donde desta última se vê na sequência a ramificação “religião, daí por abuso, superstições”, enquanto, dentro do mesmo quadro “científico” acerca do “divino”, incluíram a “ciências dos espíritos bons e maus”, seguida da “adivinhação” e “magia negra”. Não à toa colocaram nos temas da lógica as questões relativas a “pneumatologia ou ciência da alma”, subdividida em “racional” e “sensitiva”, uma vez que, aos iluministas, satisfaria ao homem encontrar Deus numa busca meramente racionalista, porém, auxiliada pelo empirismo, originando o problema do imperativo categórico e a positivação materialista do cristianismo, donde, apesar da pirotecnia intelectual de Immanuel Kant (1724-1804) — também iluminista — voltada a explicar tal questão, nada mais quer dizer além daquilo que foi reformulado por Aleister Crowley (1875-1947) no “Liber Al vel Legis”, ou seja, “Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade. Não há outra lei além de Faze o que tu queres”. Que aos rosa-cruzes quer dizer “Deus do meu coração. Deus da minha compreensão” ou “Grande Arquiteto do Universo” aos maçons, apesar de sabe-se lá quais os reais significado dessas colocações. É a relativização por excelência, carregada de um conteúdo historicamente anticristão, que vai sendo usada, de um jeito ou de outro, para cada qual criar cada vez mais, dentro dos limites da própria convicção, alguma imagem pessoal de Jesus Cristo enquanto se afasta da Santa Igreja, crente que fez bom uso daquilo que tem por inteligência, quando na verdade só dá margem às imposições das correntes de pensamento asharita e nominalista já modernizadas, incluindo toda sorte (ou azar) sincrética advinda do neopaganismo renascentista.

12. Então que possa este artigo colaborar à percepção superficial do problema, mesmo ao resumir drasticamente um período de quase dez séculos na demonstração de que não só do nominalismo a relativização se firmou no mundo, embora sua origem, até então não citada, não seja outra além das mentiras firmadas por Satanás.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. A Origem do Relativismo. Enquirídio. Maceió, 06 Mar. 2025. Disponível em https://www.enquiridio.org/2025/03/a-origem-do-relativismo.html.

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