Poder-se-ia realizar uma análise dos conceitos ambíguos elaborados para declaração acerca do sentido pastoral das bênçãos no intuito de compreender a intenção autoral do documento quanto aos relacionamentos homoafetivos, porém, desnecessariamente, uma vez que, para isto, basta saber o significado de casal.
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Carl Bloch. Cristo e a Criança. |
1. Em todos os seis vernáculos empregados na divulgação da
Fiducia supplicans até então, “casal” em português, traduzido de “coppia” em italiano, “couple” em francês (também em inglês), “paar” em tedesco (língua germânica), “pareja” em espanhol ou "para" em polaco, quando relativo aos animais e humanos, significa relação, especialmente se amorosa entre estes.
2. Do ponto 31 ao 41 da declaração, onde estão os pormenores problemáticos, assume-se condições restritivas para finalmente, porém, paradoxalmente, liberar a bênção à casais feitos por homens ou mulheres – se mantêm relações sexuais entre si ou se se amam, importa entender que desejam ter uma espécie de vida conjugal análoga ao matrimônio.
Reflete uma abertura para reconhecer a dignidade e a validade das relações amorosas formadas por pessoas do mesmo sexo.
3. Segundo a “Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT+” a respeito da
Fiducia supplicans, liberar a bênção à casais feitos por homens ou mulheres “reflete uma abertura para reconhecer a dignidade e a validade das relações amorosas formadas por pessoas do mesmo sexo”. Neste ponto, parece não prosperar certos entendimentos laicais e clericais no Brasil e mundo.
4. Data venia, aqueles que tentam mostrar que tal bênção se destina às pessoas como “objetos da oração”, que já são amplamente desimpedidas de receberem-na, mesmo em pecado de matéria grave, ao invés do relacionamento homoafetivo, parece não observar a intenção autoral do documento, muito menos o lobby envolvido nesta questão.
É a aceitação do sagrado por condições profanas.
5. Aquela “validação” desejada pela “Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT+” demanda a “construção de uma Igreja que acolha a todas as pessoas, independentemente de quem são e quem amam”. Permita-se avançar na leitura de um parágrafo mais alongado. “Validar”, “legitimar”, “legalizar” configuram palavras sinônimas. Para que esta finalidade seja atingida, sabendo que não caberia tal admissão na Igreja Católica, motivo pelo qual “surgiu tal bênção” declarada na
Fiducia supplicans, mesmo que por ideias ainda em texto, mas tão somente por enquanto, conjecturam construírem uma que não observe o amor segundo os desígnios de Deus, uma vez que tais não importariam para esta religião sem pecados, pois, como não estão dispostos a mudarem suas condutas, acham que podem subverter os divinos mandamentos como se fossem meras convenções partidárias ou estatutos de associações – é a aceitação do sagrado por condições profanas. Mesmo que tenham incluído um fragmento de catequese (disposta abaixo na íntegra) bastante piedosa de Papa Francisco no ponto 27 da declaração, ainda assim as bênçãos são destinadas aos indivíduos, incluindo evidentemente os homossexuais; não aos relacionamentos homoafetivos, que não encontram amparo na doutrina de Jesus Cristo, embora continue Ele sempre amando sua criação e desejando poder salvar a todos, mas não sem condicionar contrapartida na busca incansável pela santidade.
6. As manchetes buscam dividir a Igreja Católica ao colocarem a família contra o homossexual que realmente deseja ter um encontro pessoal com Jesus Cristo e a bênção necessária para enfrentar esta condição – e o lobby, subvertendo a Economia da Salvação por questões que seriam sociais, embora sejam só ideológicas, busca incutir na mente do indivíduo a existência de “alas” no catolicismo que abominam o homossexualismo, como se lepra fosse. Disto surge a intolerância, como se todos os gays quisessem relativizar os divinos mandamentos para “validarem” as relações pecaminosas na “construção de uma igreja que acolha todas as pessoas, independentemente de quem são e quem amam”, pois pelo próprio Catecismo da Igreja Católica, que é uma síntese magisterial também do que é ser um católico, sabem que são filhos e filhas de Deus e irmãos e irmãs em Jesus Cristo, Seu Filho, que não vai desistir de que se façam santos e santas, mas que seu Sacrifício na Cruz é o convite à imitação para a vida eterna. Acaso os heterossexuais não abdicam de prazeres impostos pelo mundo para essa santificação? Quantos não sofrem por conta dos vícios? Acontece que ninguém, diante de um sistema global eugenista, poderia condizer com a verdade sem consequências de retaliações ou privações de liberdade. Aqueles que atiçam o homem e a mulher ao pecado, definitivamente são indiferentes quanto à existência do inferno ou se aquilo que sabem são ideias noticiadas por demônios – tudo não passa de mitos já superados! Eugenia existe e a agenda que determina a diminuição humana na terra depende muito desses grupos de pressão – admitidos tanto por Papa Bento XVI, vítima dessas frentes dentro do próprio Vaticano, quanto por Papa Francisco, conforme coletiva de impressa abaixo disposta.
7. Imagine as crianças questionando se Deus deseja que tenham relacionamentos homoafetivos. “Não”, diz um pai ou uma mãe. “Então, por que é que o padre dá benção àquele casal se isso desagrada a Deus?”, poderia retrucar uma menina ou menino ao observar o pároco da comunidade fazendo certos acenos diante de homens ou mulheres em um tipo de situação, como dito antes, análoga ao matrimônio, quando estão fazendo exatamente aquilo que fazem as pessoas casadas, revestidas do devido Sacramento: chegam de mãos dadas, inclinam-se diante de gestos, oram juntos diante do sacerdote etc. Trata-se de um cenário muito dúbio, passível de interpretações inclinadas à manutenção pecaminosa de pensamentos e palavras, atos e omissões, sobretudo aos pequeninos, afinal: “Neste momento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: ‘Quem é o maior no Reino dos Céus?’. Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: ‘Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será o maior no Reino dos Céus. E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe. Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que creem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar.” (Mt 18, 1-6).
Contudo, sempre é preciso distinguir o pecador, merecedor das orações de bênçãos, do pecado do relacionamento homoafetivo.
8. Aqueles que tiverem uma boa formação catequética e retidão na moral cristã não vão encontrar quaisquer problemas à aplicação da intenção pastoral do Papa Francisco, declarada pelo Dicastério para Doutrina da Fé. Contudo, sempre é preciso distinguir o pecador, merecedor das orações de bênçãos, do pecado no relacionamento homoafetivo.
Nunca marginalizar os homossexuais, porém, jamais romper as margens da doutrina para admitir os pecados junto com os pecadores.
9. Existe um lobby e é contra ele que maior parte da cristandade combate dentro dos limites cristãos. Existem aqueles que excedem, mas que não necessariamente estão em comunhão com o Santo Padre. Verdade seja dita: nunca marginalizar os homossexuais, porém, jamais romper as margens da doutrina para admitir os pecados junto com os pecadores.
Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. A Tênue Linha Entre o Pecado e a Salvação.
Enquirídio. Maceió, 30 dez. 2023. Disponível em https://www.enquiridio.org/2023/12/a-tenue-linha-entre-o-pecado-e-salvacao.html.
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