15.9.22

Sons de um Hino Desafinado

Ingenuidade, talvez, pudesse ser uma palavra melhor utilizada para amenizar a verdade acerca da incapacidade política de se montar um panorama da situação nacional. Somente entendendo o Estado e o governo se tornará tangível às análises que poderão ser apresentadas. Nada antes disso!
Augusto Bracet. Primeiros Sons do Hino da Independência.
1. Se as prerrogativas – ao menos na mente do sujeito – relativas ao Estado se confundem com aquelas que parecem ser próprias do governo, então nunca haverá uma ideia certa sobre ambas e o imaginário, pois não vai passa disso, acerca dos problemas e soluções nacionais será exclusivamente utópico.

2. Em 2017, dentre poucos, porém, notáveis esforços em direção à educação de um povo em dúvida a respeito de Estado e governo, destaca-se um pequeno livrinho de Luiz Philippe de Orleans e Bragança chamado “Por que o Brasil É Um País Atrasado?”, impressionante por facilitar essa distinção justamente no primeiro capítulo.

3. Resumidamente, enquanto o Estado é a estrutura militarmente e legalmente estabelecida ao cumprimento dos interesses da civilização, governo é justamente o responsável por colocar em prática as operações necessárias ao atingimento dessas finalidades, satisfazendo a população que, sem ela, não haveria nenhum motivo de existir, tanto um como o outro.

4. Um Estado que não possua um Exército não poderia ser desta forma classificado, igualmente se inexistem leis que regulamentem sua percepção, tanto interna quanto externa. Sem ter defesa ou ao menos um poder mínimo de se defender e havendo uma legislação ineficiente, nenhum governo cumprirá suas prerrogativas e tenderá à corrupção.

5. Exército (amplo espectro, incluindo forças policiais) é o organismo estatal responsável por garantir a sobrevivência do corpo contra agentes internos e externos. Aquilo que não cumpre as prerrogativas do Estado precisa ser imediatamente combatido, devendo o governo determinar, aplicando a legislação nacional, resoluções eficazes.

6. Quando o governo, querendo se isentar de aplicar a legislação nacional, promove a corrupção, donde os efeitos sempre recaem na subversão da civilização e consequente desmantelo do Estado, restaria ao Exército (amplo espectro, lembra-se) cumprir a lei e manter a ordem diante de um corpo em nítida iminência de metástase.

7. Poderia um governo se tornar o próprio Estado? Evidentemente que sim. Assim é o desejo de qualquer revolucionário com ideologias totalitárias, donde, dentre as alternativas para isso, resume-se: a) declaração externa de guerra; b) tomada interna de poder; c) subversão dos valores civilizatórios (conflito na Ucrânia, regime na Nicarágua e petismo no Brasil).
Se os valores civilizatórios pressupõem a própria civilização e esta é o objeto do Estado, bastaria, então, alterar aquele primeiro no intuito de mudar este último [...].
8. Se os valores civilizatórios pressupõem a própria civilização e esta é o objeto do Estado, bastaria, então, alterar aquele primeiro no intuito de mudar este último, restando ao governo promover políticas de subversão (mudando a legislação, mesmo por via judicial) enquanto fomentam sua necessidade diante da mudança de paradigmas que mesmo eles iniciaram.

9. Diluindo a capacidade legislativa e promovendo o ativismo judicial para alteração ou criação de leis em decisões (monocráticas, inclusive), tanto evitam uma constituinte quanto emulam um semipresidencialismo, passando o governo a imperar em detrimento de um Estado que não consegue mais identificar sua função nacional.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Sons de um Hino Desafinado. Enquirídio. Maceió, 15 set. 2022. Disponível em https://www.enquiridio.org/2022/09/sons-de-um-hino-desafinado.html.

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