10.12.21

Falsas Impressões e Inevitáveis Desfechos

Somente de ouvirem ou verem alguma coisa da Santa Igreja, quantos não reviram os olhos ou torcem os lábios em sinal de desaprovação? Fazem isso apenas por desconhecerem sua doutrina? Mesmo alguns católicos se esquivam do catecismo, unindo-se ao restante que prefere a opinião alheia ao invés da verdade.
As Ruínas da Igreja Esquecida
Tetsuya Maeda. As Ruínas da Igreja Esquecida.
1. Ninguém será minimamente justo, mesmo intelectualmente, buscando informações sobre alguma coisa através de fontes externas, que não são próprias do objeto de conhecimento pretendido. Noutros termos, significa que entender a Santa Igreja por pessoas que dela não fazem parte é injusto para consigo mesmo, uma vez que, procurando compreendê-la, estaria apenas expandindo o próprio desconhecimento, distanciando-se de explicações verdadeiras.

2. Não é incomum observar interessados na Igreja Católica buscando, através de conteúdos adjacentes, informações que apenas reforçam perspectivas distorcidas. Exemplificando, depois de assistir ao filme Kingdom of Heaven (Cruzada), dirigido por Ridley Scott, geralmente as fontes mais acessíveis são enciclopédias colaborativas (Wikipédia), donde nem sempre as referências são consultáveis, além dos vídeos no YouTube, porém, tendenciosos, tanto na ocultação de problemas gerados por fanáticos católicos, quanto pelas mentiras inventadas pelos inimigos da fé. Quantos livros não existem apenas sobre uma primeira cruzada? Avalie sua extensão na totalidade, quando no mínimo oito deslocamentos militares foram realizados até Jerusalém a partir da Europa. Muitos de nossa gente, católicos da atualidade, sequer dominam o básico da própria história, apesar disso jamais representar demérito algum aos que não dispõe de tempo para isso em casa, mas têm com prontidão a presença dominical nas missas, motivo pelo qual é viva a Santa Igreja, incluindo sua historicidade, repassada oralmente, conforme a tradição. Verdade que não estudar o catolicismo, para quem pode, mesmo minimamente, talvez seja preguiça – e o momento requer um pouco de conhecimento, inclusive nestes tempos de constantes e sucessivas aproximações ecumênicas e interreligiosas. Lembra-se oportunamente que num país com muitos analfabetos, como é o caso do Brasil, parcela dos católicos precisam da facilitação do evangelho, motivo pelo qual pensar numa Igreja Católica meramente literária, além de utópico, distancia-se do propósito em absolutamente todos os aspectos, tornando-a não universal, mas uma espécie de artigo de luxo para poucos, sobretudo num lugar com muitos contrastes socioculturais.

3. Apesar da ressalva acima sobre os católicos que não buscam se inteirar da própria história, algo não pode ser simplesmente escanteado: preferirem a opinião alheia ao invés de buscarem o mínimo conhecimento no Catecismo da Igreja Católica. Compromisso que precisa ser refletido também na caridade, devendo tal conhecimento ser repassado aos incapacitados por analfabetismo ou doenças que impeçam estes de frequentarem as missas dominicais ou receberem o evangelho sem auxílio de aparelhos. Neste ponto, através desta reflexão, aquele que pode ler, precisa realmente conhecer a Santa Igreja, sendo, quem sabe, atitude mesquinha não colocar os resultados da educação permitida em proveito daqueles que nem disso dispõe. Infelizmente, mesmo os letrados estão precisando de ações caridosas para separarem o joio do trigo. Depois do lançamento do filme Os Dois Papas, dirigido por uma pessoa que declaradamente se apresenta como ateu, quantos católicos não ficaram em dúvida sobre Ratzinger e Bergoglio? Quantos, agora, possuem uma imagem distorcida do Papa Bento XVI, como alguém que parece tratar a Santa Igreja com afastamento das ordens de Nosso Senhor? Quantos, após se exporem livremente a essa triste ficção, pensam que Papa Francisco seja realmente um socialista ou comunista? Verdade seja dita: além de pouco ou nada compreenderem sobre socialismo ou comunismo, parece não terem noção sobre a religião fundada por Jesus Cristo, muito menos sobre ambos os pontífices, polêmicos aos olhos dos que acham que são tão distintos ao ponto de serem antagônicos. Justamente por essas e outras questões, nosso emérito Papa Bento XVI, debilitado em saúde física, precisou de um substituto a altura, cabendo ao Papa Francisco a condução da Santa Igreja e o árduo trabalho de tornar os católicos melhores pessoas para próximas gerações. Percebe como essa maneira de conhecer é custosa?

4. Como dito, conhecer a Santa Igreja é muito custoso se através das distorções provocadas e mentiras criadas por fontes nitidamente indecentes, mesmo para alguém que sem crença possa querer estudá-la apenas por curiosidade ou empenho acadêmico em cursos afins. Imagine poder fazer uma viagem ao Japão e conhecer um templo xintoísta, quando alguns requisitos precisam ser cumpridos para entrar em um ambiente sagrado para quase totalidade daquele povo. Agora pense que quem está passando as informações necessárias para essa visita explique tudo de forma equivocada, induzindo ao erro e consequente repreensão pelos monges ali presentes. Seria uma experiência frustrante, mesmo que absolutamente nada daquilo fizesse sentido, porém, para quem viaja, apesar da cultura visitada não ser objetivamente incorporada, incluindo sua religião predominante, compreender é parte do empreendimento, motivo pelo qual seria imprudente receber instruções de alguém sem preparo e extremamente oneroso acreditar em falsos mestres de intenções maldosas. Isso não seria diferente no caso da Igreja Católica.

5. Entenda que entrar em contato com outras culturas e religiões não implica em pecado, sendo diferente de aderir. Contudo, qual seria a serventia para alguém conhecer o budismo ou mesmo o islamismo através de fontes intermediárias ou antagônicas, responsáveis por apresentar visões distorcidas e mentirosas em falso favor ao catolicismo? Ora! Hipocrisia pensar que entender Buda ou Maomé através de bibliografia católica, porém desconectada da realidade, poderia trazer algum benefício intelectual. Seria o mesmo que querer conhecer uma paisagem através de um desenho em preto e branco. Visualmente é possível até entender alguma coisa, distinguir uma árvore de um coqueiro, porém, quais cores, cheiros, sensações são próprios daquele lugar? Portanto, estar-se-ia meramente diante da imagem, mesmo assim, pessimamente representada, distorcida, mentirosa, sendo muito pior quem disso afirmar conhecer tal paisagem, sobretudo em detalhes, como se tivesse experienciado aquela atmosfera presencialmente, repetidamente, conforme o necessário para tanto. Assim sendo, embora existam excelentes autores católicos que abordam o budismo ou islamismo, honestamente, conhecer minimamente uma ou outra religião demandaria ao menos uma bibliografia genuína de cada. Lógico que padres ou mesmo bispos podem alertar aos perigos de certas informações, justamente por desviarem dos ensinamentos de Nosso Senhor, embora muitos as conheçam com profundidade, sendo óbvio o contato direto que com tais tiveram, mesmo que apenas em pesquisa, necessária para corroborar os alertas.

6. Então um católico pode fazer a leitura do Darmapada ou Corão? Certamente, mas não sem ter frequência nas missas dominicais nem sem ler primeiramente o Catecismo da Igreja Católica e a Bíblia Sagrada. Afinal de contas, entender o catolicismo demanda saber um pouco sobre outras religiões, notadamente o judaísmo.
Quando essas características começarem a aparecer no âmbito da própria religião, ninguém fora dela conseguirá nela acreditar.
7. Acontece que acumular dúvidas ou nutrir incertezas a respeito da Santa Igreja são chaves que abrem portas à incredulidade e personalização do catolicismo, embora ambos os desfechos sejam praticamente sinônimos. Quando essas características começarem a aparecer no âmbito da própria religião, ninguém fora dela conseguirá nela acreditar. Infelizmente isto já está acontecendo. As pessoas geralmente têm aversão ao catolicismo por conta das atitudes dos católicos; não por Jesus Cristo. Verdade que uma paróquia não difere nos ritos das outras, mas por que uma parece mais animada e a outra, talvez, fúnebre? Através dessas exterioridades os pagãos ou mesmo cristãos de certa forma batizados vão acumulando dúvidas ou nutrindo incertezas. Pouco ou nada saberão que são missas do mesmo jeito. Apesar das celebrações serem mais ou menos extrinsecamente diferentes, consistem na mesma liturgia – decorrência de um mundo estereotipado.

8. Quando alguém revira os olhos ou torce os lábios ao ouvir qualquer coisa relativa ao catolicismo, muito é apenas por imagens que acumularam ou nutriram de dúvidas e incertezas propagadas por intermediários que absolutamente nada compreendem da Santa Igreja, como é o caso de certos cineastas, escritores, músicos etc. Deverão ser tolerados os pagãos, aqueles que não receberam o sacramento do batismo, apenas por desconhecerem a doutrina de Nosso Senhor, que não possui qualquer indiferença para com eles, mas que por tais muito se colocou. Mesmo aqueles que atacam a Santa Igreja, apenas fazem por temerem a verdade, jamais sendo direito de qualquer um de nossa gente puni-los em nome de Deus, como aconteceu durante as cruzadas. Ou seja, jamais se poderá defender a Igreja Católica? Errado. Defendê-la sempre, mas não por doutrinas apartadas daquelas que somente Deus legou aos homens e mulheres nesse plano terreno.

9. Muitos daqueles que reviram os olhos e torcem os lábios ao ouvirem ou lerem a palavra de Nosso Senhor, talvez assim possam fazer, porém, quando perceberem que todas essas mugangas aconteciam em decorrência de imagens, distorções, mentiras, notarão a completa imaturidade, experimentando uma sensação de enganação digna daqueles que foram levados por más intenções. Lógico que qualquer pessoa, ouvindo ou lendo disparates como sendo termos genuínos, muda a face em sinal de desaprovação. Mesmo um incrédulo saberia que Jesus Cristo jamais pregou a segregação ou mesmo a substituição do amor incondicional a Deus a outra coisa inventada pela humanidade. Apesar do extenso alerta, ainda persistirão aqueles que segregam e amam egocentricamente.
    Para referenciar esta postagem:
ROCHA, Pedro. Falsas Impressões e Inevitáveis Desfechos. Enquirídio. Maceió, 10 dez. 2021. Disponível em https://www.enquiridio.org/2021/12/falsas-impressoes-e-inevitaveis-desfechos.html.

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